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    ADUR  Informa

                 ANO  23

                          Nº 40

          29  DE  MAIO

                           2002

Seção Sindical do ANDES-SN Filiada à CUT


               ADUR Informa -  É uma publicação da Associação dos Docentes da UFRuralRJ. 
              
Conselho Editorial:  Abner Chiquieri,  Áurea Echevarria,  Luciana Nóbrega,  
                                            Nídia Majerowicz  e  Ricardo Berbara.

              
Edição e editoração:  Regina Rocha (Reg. 16269/MTb). 
            Fotos:  Lenin Pires.
            
              As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho Editorial.

VOLTA  ÀS  AULAS

NOVAS  JORNADAS  DE  LUTAS

A ADUR, seção sindical do ANDES-Sindicato Nacional, se dirige aos estudantes para saudá-los e dar as boas-vindas, no ano letivo de 2002. Ao fazê-lo, no entanto, queremos estabelecer uma perspectiva crítica e propor a continuidade da batalha de resistência que caracteriza a universidade pública no Brasil há, pelo menos, duas décadas.

Nunca é demais lembrar, seja para os novos estudantes, seja para os demais, que manter a universidade pública e de qualidade não é resultado de magia. Até aqui tem sido reflexo da mobilização permanente da comunidade; em especial nos momentos em que o ensino, pesquisa e a extensão cristalizam a produção acadêmica qualificada destas instituições e, principalmente, nas jornadas de lutas como, por exemplo, a necessária greve de 2001.

O ADUR Informa, órgão de divulgação da Associação de Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, seção sindical do ANDES-Sindicato Nacional, dedica a sua edição nº 40 para um necessário diálogo com o segmento estudantil: quais os desafios que temos pela frente para continuarmos firmes em nossa estratégia para preservar a universidade pública e gratuita?

Segundo dados do próprio MEC, sistematizados pelo Andes-SN, de 1995 a 2001 os gastos do governo com o ensino superior despencaram dos 9,2% das receitas correntes líquidas para 3,7%. Nesse mesmo período, os serviços da dívida pública (juros e encargos) subiram de 24,9% para 42,6%. O arrocho salarial imposto pelo governo completou o quadro de estrangulamento econômico-financeiro orientado contra todo o serviço público, em particular as IFE (Instituições Federais de Ensino). Não é de surpreender que a resposta, em 2001, fosse de tamanha força e repercutisse por toda a sociedade.

Ao longo dos últimos anos o ANDES-SN e demais entidades de trabalhadores das universidades vinham denunciando esta dramática situação. Em junho de 2001, por ocasião da SBPC, representantes das reitorias das IFE divulgaram uma nota contundente, endossando as denúncias às políticas de estrangulamento das IFE e anunciaram que as universidades não teriam condições de desenvolver suas atividades com um mínimo de normalidade no segundo semestre.

O que se seguiu foi a maior greve das universidades; 108 dias de intensa mobilização, contra um governo federal insensível e irresponsável, que abusou de mentiras e golpes baixíssimos para tentar derrotar os movimentos. Tudo em vão. Ao final, a unidade entre professores, estudantes e técnico-administrativos prevaleceu sobre a prepotência do ministro Paulo Renato e suas técnicas de enfrentamento contra o direito democrático de greve em defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade. 

As lutas prosseguem em 2002

Conquistamos uma importante vitória frente a um governo que dispensa apresentações em matéria de entreguismo. Sua política, que perseguiu incansavelmente a privatização da universidade, levou à destruição de setores de trabalho, aumentando substancialmente o desemprego; à privatização inconseqüente de serviços fundamentais, criando crises como a de energia e, principalmente, minguando as iniciativas do Estado em atividades tão essenciais como educação, saúde e segurança pública. O resultado aí está: o Brasil é um país onde se vive um aumento dramático da violência e incertezas decorrentes de um perigoso deficit de energia e de uma dívida externa que já superou 50% do nosso PIB anual.

É preciso que se diga: a orientação política que levou a este estado de coisas continua em vigor. Vencemos, em 2001,  um round de uma longa e penosa luta de preservação da qualidade e do caráter público e gratuito do ensino federal. Esta e outras lutas, porém, devem ter continuidade em 2002.

Cabe a cada segmento da comunidade universitária organizar-se e unificar-se com os demais neste contínuo movimento em defesa da construção de um projeto de desenvolvimento que coloque o ser humano, seus sonhos e necessidades como objetivo. Um projeto que resguarde a qualidade da produção universitária para referenciá-la no público, contrariando o governo que a quer vinculada aos interesses de alguns setores privados. Uma concepção de universidade que veicule a mais irrestrita democracia nas relações institucionais.

A ADUR, por outro lado, não poderia deixar de parabenizar os estudantes pela eleição da nova diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de seus representantes para os colegiados superiores da universidade (Conselho Universitário, Conselho de Curadores e Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão).

Cabe lembrar que estamos num ano de eleições nacionais, para o executivo e legislativo nos âmbitos federal e estaduais, não podemos fugir à responsabilidade de debater e documentar nossas opiniões sobre o País, sobre a educação, sobre os caminhos a seguir, sobre o projeto de desenvolvimento para o País e o papel da Universidade.

Tendo como referência a unidade conquistada em 2001, conclamamos a todos para as mobilizações e lutas que seguem em 2002, por um País e mundo melhores.


Página 2 

Chapa 1 vence eleições do ANDES-SN

Mais de 20 mil professores compareceram às urnas nos últimos dias 22 e 23 de maio, e elegeram a Chapa 1 ANDES-AD (AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA) para a direção do Sindicato Nacional durante o biênio 2002/2004.  Foram 11.733 votos (58,32%) para a Chapa 1, contra 7.447 (37,01%) da concorrente. A posse da nova diretoria acontecerá no 44º CONAD, entre os dias 21 e 23 de junho, em Florianópolis. A seguir, entrevista com o presidente eleito, Luiz Carlos Gonçalves Lucas (Foto), professor da Universidade Federal de Pelotas, ao sítio do ANDES-SN na internet.

Como foi a campanha eleitoral?

Uma campanha condizente com um sindicato democrático. As divergências políticas foram explicitadas, mas jamais a discussão deslizou para o terreno das contendas pessoais. De minha parte, reconheço a lisura do comportamento da professora Aparecida e estou certo de que nossos debates contribuíram para o voto consciente dos docentes. A Chapa 1 gostaria de manifestar sua satisfação com a intensa mobilização de professores que permitiu que o processo eleitoral se desenvolvesse de forma extremamente representativa.    


O Presidente eleito, Luiz Carlos Gonçalves Lucas

Muitos professores assumiram a tarefa de viabilizar a eleição compondo as comissões eleitorais, as mesas de votação e conclamando os seus colegas para manifestar a sua preferência eleitoral. O percentual de docentes que compareceu às urnas, em uma eleição com voto facultativo, foi bastante elevado, atestando a importância por eles atribuída a seu sindicato nacional.

Quais as expectativas em relação ao trabalho do sindicato em 2002?

Temos uma agenda em curso que continuará sendo trabalhada sem rupturas nem com o estilo, nem com a orientação política da diretoria atual. Os concursos acordados no final da greve das IFES de 2001 terão de ser realizados apesar das tentativas do MEC de descumprir o compromisso assumido. Esperamos, nos próximos dias, a regularização da GID, reparando assim uma injustiça que perdura desde 1998, quando os docentes da carreira de 1o e 2o graus foram discriminados.

Outro ponto importante que certamente envolverá os professores neste ano é a luta pela carreira única aprovada pelo movimento docente. Os partidos de oposição estão empenhados na destinação de recursos para viabilizá-la em 2003. A mobilização será fundamental. Teremos de enfrentar uma série de medidas governamentais autoritárias e contra o ensino público. O projeto de autonomia de inspiração neoliberal, já rejeitado pelo movimento docente, deixado, por alguns momentos, hibernando na geladeira do FMI e Banco Mundial, agora começa a voltar à tona, sob novas roupagens. O projeto de inovação tecnológica do MCT incorpora diversos aspectos do antigo projeto de lei de autonomia do MEC, podendo aprofundar a privatização interna das instituições públicas de ensino. No campo dos direitos trabalhistas e sindicais teremos de enfrentar o pacote anti-greve e a flexibilização da CLT. Nesse sentido, o trabalho com as demais entidades dos servidores públicos federais e com a CUT será decisivo. Isso tudo sem falar de temas que compõem, de forma permanente, a nossa agenda política, como a luta pela recomposição salarial, a defesa dos direitos de aposentadoria e a reivindicação de financiamento adequado para a educação, particularmente, neste momento, para os hospitais universitários, em estado de colapso.

 

Chapa 1 vence na Rural

Na Rural, apesar do recesso escolar, 162 docentes participaram do pleito, quase 1/4 dos sindicalizados que somam 682 professores.

A chapa 1 recebeu 151 votos; a chapa 2 obteve 10 votos. Foi apurado 1 voto em branco e nenhum nulo.

Acreditamos que a busca pela participação de um contingente tão expressivo, em pleno período de férias, demonstra a confiança da categoria na construção de vias democráticas, assim como no trabalho que vem sendo desenvolvido pelo nosso sindicato.


Paulo Renato faz negócio com a 
educação pública


O ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, participou em Washington, nos dias 23 e 24 de maio, do fórum sobre Comércio de Serviços Educacionais, onde foi discutida a demanda por Educação pós-secundária. O evento foi promovido pelo Banco Mundial (Bird) e pela Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Participando do painel ‘Como a demanda global por Educação pós-secundária pode ser atendida?’, sua exposição centrou-se nas modificações feitas pelo governo FHC na legislação educacional a partir de 1995. Segundo ele, estas mudanças possibilitaram avançar nos processos de credenciamento de instituições de Educação em todos os níveis de ensino. “Nosso país está pronto para definir regras adequadas para que um eventual intercâmbio internacional na área de serviços de Educação possa trazer benefícios para a Educação brasileira”, disse o ministro.

Um dos objetivos do painel era mostrar como os sistemas públicos do chamado terceiro mundo estão deixando de impor obstáculos às instituições que oferecem serviços educacionais não estatais, dando conseqüência a um dos matizes da estratégia traçada pelos capitalistas desde o propalado Consenso de Washington: a transformação da educação pública nos países da América Latina em um atraente negócio.


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