Ameaça à saúde  
 

O Brasil, que evidentemente não passaria incólume pela epidemia, parece estar bastante atrasado em relação às medidas necessárias.
 

É um virtual consenso entre virologistas que está prestes a eclodir uma nova pandemia de influenza, em alguns aspectos semelhante à gripe espanhola de 1918-19, que matou pelo menos 20 milhões de pessoas.

Os especialistas não precisam quando a nova doença irromperá, mas já sabem até de onde virá: das galinhas, como a maioria das variantes do vírus influenza, o da gripe.

Desde que eclodiu, em dezembro de 2003, até agora, a gripe aviária pelo vírus do tipo H5N1 já provocou a morte de várias dezenas de milhões de aves em nove países asiáticos. Pouco mais de uma centena de humanos foi infectada, e 60 morreram.

O H5N1 acaba de chegar à Turquia e provavelmente também à Romênia. Ao que tudo indica, foi levado por aves migratórias.

Os países ricos já estão tomando medidas para prevenir-se. Algumas nações já deram início à produção de vacinas que, imagina-se, oferecerão alguma proteção contra a moléstia. Vão também fazendo estoques de uma droga antiviral eficaz contra o H5N1.

O Brasil, que evidentemente não passaria incólume pela epidemia, parece estar bastante atrasado em relação às medidas necessárias.

Falta para que o H5N1 se torne importante ameaça uma simples mutação que torne a transmissão homem a homem eficiente. Isso pode ocorrer a qualquer momento.

As chances crescem com a entrada do inverno setentrional, quando o H5N1 pode contaminar alguém que esteja também infectado pela gripe comum, dando aos dois vírus a possibilidade de trocar material genético.

Mesmo uma epidemia nos moldes da gripe espanhola poderia não ser tão fatal hoje.

A medicina evoluiu bastante desde então. Para que as perdas humanas sejam minimizadas, contudo, é necessário que se tomem as providências cabíveis, que começam pela intensificação da vigilância epidemiológica e medidas de contenção.

O ideal é que a prevenção se dê em nível global, mas não são pequenas as chances de ela falhar. É para essa eventualidade que os países ricos já estão se preparando.
 

Fonte: Folha de S. Paulo, Editorial, 15/10/2005


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