A Antártida derrete

  

São vários os pesquisadores que acreditam que, uma vez deflagrado, esse processo dificilmente poderá ser revertido
 

A notícia de que a Antártida está perdendo grande quantidade de sua camada de gelo é mais um indício preocupante de que o efeito estufa, o aquecimento anormal da atmosfera terrestre, atua em escala global.

Até agora, muitos cientistas acreditavam que parte das geleiras do continente austral aumentaria em virtude da esperada elevação da umidade naquela região, o que causaria maior precipitação de neve.

Só que novos dados divulgados na semana passada na revista "Science" lançam dúvidas sobre essa tese.

Monitorando pelos satélites gêmeos Grace variações no campo gravitacional do planeta, pesquisadores da Universidade do Colorado concluíram que a Antártida está despejando anualmente 146 km3 de água nos oceanos.

É volume suficiente para suprir uma cidade do porte de Los Angeles por 36 anos e o bastante para elevar o nível global dos oceanos em cerca de 0,4 milímetro por ano.

Embora a Casa Branca e algumas nações exportadoras de petróleo continuem a negá-lo, há evidências críveis de que a queima de combustíveis fósseis provoca rápidas mudanças climáticas.

O impacto dessas alterações ainda carece de avaliações mais apuradas, mas é certo que tende a ser negativo para a maioria dos países e dos ecossistemas.

São vários os pesquisadores que acreditam que, uma vez deflagrado, esse processo dificilmente poderá ser revertido.

Se isso é verdade, iniciativas como o Protocolo de Kyoto – do qual os EUA se recusam a participar – seriam no máximo tentativa acanhada de não piorar a situação.

Mesmo que esse pior cenário se materialize, é importante tentar compreender melhor o efeito estufa.

Saber com antecedência de alguns anos o que deve ocorrer a cada ecossistema é passo básico para ao menos tentar diminuir as conseqüências mais nefastas do fenômeno sobre a humanidade e a natureza.
 

Fonte: Folha de SP, Editorial, 6/3/06.


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