Brasil: Cérebros em fuga 

  

País perde entre 140 mil e 160 mil pessoas com curso superior por ano

A despeito do esforço feito na última década para aumentar o grau de escolaridade, o país ainda se caracteriza pela geração de empregos de baixa remuneração, o que tem expulsado do mercado interno os profissionais mais qualificados.

Esta é a conclusão do estudo “Desemprego estrutural no Brasil e anomalia da fuga de cérebros”, do economista Marcio Pochmann, do Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho (Cesit) da Unicamp.

Fuga de cérebros é o termo usado pela academia para se referir ao fenômeno da mão-de-obra que emigra em busca de trabalho no exterior.

Pochmann estima entre 140 mil e 160 mil o número de brasileiros com curso superior, completo ou incompleto, que emigraram a cada ano nesta primeira metade da década para trabalhar ou estudar.

No fim do ano passado, o Banco Mundial (Bird) divulgou levantamento mostrando que os países mais pobres têm perdido para nações mais ricas porções significativas de sua mão-de-obra qualificada.

De 25% a 50% dos cidadãos com diploma de nível superior de nações como Gana, Moçambique e Quênia vivem em algum país da OCDE, instituição que congrega os países desenvolvidos europeus, os EUA, o Japão e alguns emergentes. No caso de Haiti e Jamaica, a proporção de universitários que emigraram passa de 80%.

Ao lado de Índia, China e Indonésia, o Brasil ainda apresenta um número relativamente baixo — de 5%. Mas não existem indicações sobre o perfil desses brasileiros, de quantos são doutores atuando no exterior.
 

Fonte: O Globo, 20/8/2006


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