O Brasil se prepara para a gripe aviária 

  

A SBPC promoveu entrevista coletiva à imprensa com especialistas
sobre o grau de ameaça que paira sobre o país diante da
expansão mundial desta enfermidade

O Brasil se prepara para a possível entrada do vírus da gripe aviária no país por meio da prevenção, detecção e diagnóstico rápido em aves.

Os controles de importação de material genético estão mais rigorosos, a importação de aves ornamentais e de companhia está proibida.

Foram intensificados os controles nos portos e aeroportos para evitar a entrada de produtos avícolas não autorizados.

Todos os dejetos de aviões e navios são incinerados. Periodicamente, laboratórios credenciados fazem exames sorológicos nas aves comerciais.

Além disso, qualquer caso suspeito da doença em aves silvestres ou em frangos deve ser notificado e encaminhado para laboratórios capazes de identificar a causa do problema.

Tudo isso, conforme explicou Ariel Mendes, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, para que eventuais casos de gripe aviária – se ocorrerem – causem o mínimo de impacto econômico no país.

Por enquanto, essa é a principal preocupação dos especialistas, garantiu o professor que participou, nesta quarta-feira, da entrevista coletiva na sede da SBPC, em SP, para esclarecer a população sobre a doença.

Ariel Mendes frisou que a gripe aviária é doença de aves, causada pelo vírus H5N1, que não existe nas Américas.

Outras variantes desse vírus, que não têm a mesma patogenicidade, existem de forma endêmica em aves do México, Guatemala e outros países, mas não no Brasil que é considerado um dos maiores exportadores de aves do mundo.

Mendes, que também é vice-presidente técnico-científico da União Brasileira de Avicultura (UBA), explica que, além disso, as associações estaduais de avicultura e a própria UBA mantêm um sistema permanente de consultas, notificações e trocas de informações sobre esse assunto.

"Analisamos uma média de dois a três casos suspeitos por semana, mas até agora não tivemos nenhum confirmado", tranquilizou.

"As suspeitas foram sempre motivadas pela preocupação gerada pelos casos na Ásia e serviram mais para testar a estrutura de defesa do país."

Da mesma forma, o país analisa qualquer possibilidade de gripe aviária em humanos.

Segundo explicou José Cerbino Neto, médico infectologista e coordenador do centro de internação do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, da Fiocruz, também presente na entrevista coletiva, o Brasil está alerta para enfrentar casos esporádicos de pessoas que vieram de outros continentes onde o vírus está presente.

Até agora só houve um caso suspeito em janeiro de uma pessoa que esteve na China e voltou com sintomas de gripe. Foram realizados exames e constatou-se que essa pessoa não era portadora do H5N1, mas tinha uma gripe comum.

Cerbino Neto explicou que os casos humanos existentes na Ásia foram devido ao contato direto das pessoas com fezes e sangue de aves contaminadas.

O H5N1 não é transmitido de pessoa para pessoa e nem pelo consumo de carne de aves e ovos: o processo de fritura ou cozimento do alimento elimina o vírus.

O que os especialistas mais temem, porém, é que, de uma hora para outra, o vírus sofra alguma mutação e comece a ser transmitido entre humanos, como ocorreu nas grandes epidemias do passado.

Segundo Edison Luiz Durigon, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, as vacinas hoje existentes, desenvolvidas para proteger as pessoas durante epidemias sazonais de gripe comum, não seriam eficazes para a gripe aviária.

O Instituto Butantan está estudando a fabricação de uma vacina, como outros países, que poderá estar pronta em 2007. Enquanto isso, diz Cerbino Neto, a estratégia é ficar alerta para o possível aparecimento de casos.

Fonte: JC-email, Martha San Juan,  9/3/06.

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Brasil terá seis laboratórios para testar vírus H5N1    

Hoje apenas um centro no país faz o diagnóstico rápido da gripe aviária

Em até dois meses, o Brasil terá seis laboratórios com tecnologia para diagnosticar o vírus da gripe aviária, H5N1, em apenas três horas a partir do recebimento da amostra.

Os Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagros) escolhidos ficam em Belém (PA), Concórdia (SC), Recife (PE), Pedro Leopoldo (MG) e Porto Alegre (RS), além de Campinas (SP), hoje o único já equipado.

Os outros cinco receberão equipamentos de diagnóstico molecular por PCR, ou reação em cadeia da polimerase, que analisa o DNA do vírus com sensibilidade de 98%.

A providência faz parte do plano de contingência do Ministério da Agricultura e visa, em princípio, ao caso de aves, e não humanos, serem contaminadas no Brasil.

O investimento é de R$ 37 milhões, disse ontem Ariel Mendes, professor da Unesp e vice-presidente da União Brasileira de Avicultura.

Ele participou ontem de uma reunião na sede da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), quando a possibilidade de a gripe aviária atingir o Brasil foi discutida por especialistas.

Durante o encontro, o virologista Edison Luiz Durigon, da USP, disse que o Brasil deve se preparar para a doença, mas espera que ela apareça com uma forma menos perigosa da que corre atualmente na Ásia e Europa.

Ele também explicou que a estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, em caso de transmissão entre humanos, o que desencadearia a pandemia, o vírus seja contido por alguns meses, até que o mundo esteja preparado para enfrentá-lo com vacinas.

Pessoas e regiões contaminadas seriam colocadas em quarentena.

Ontem, a OMS concluiu uma reunião de três dias com os maiores especialistas do mundo sobre esse plano de contenção, que está agora próximo de ser concluído.

"A pandemia será um grande problema, mas se trabalharmos juntos podemos ter alguma chance", afirmou Margaret Chan, responsável da OMS pela estratégia contra a gripe.

O plano final ficará pronto até meados do mês e será distribuído aos governos.

Fonte: O Estado de S. Paulo, Cristina Amorim, Colaborou Jamil Chade, 9/3/06

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Cientistas minimizam potencial letal do H5N1    

Caso a gripe aviária se torne a próxima pandemia humana, é pouco provável que mate em proporção semelhante à da Gripe Espanhola de 1918, disseram ontem especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) em Genebra e cientistas reunidos na SBPC, em SP.

Se o vírus H5N1, que matou pelo menos 96 pessoas desde 2003, sofrer uma mutação e se tornar transmissível de humano para humano, sua expansão mundial pode ser contida por uma rápida reação das autoridades, declarou a OMS no encerramento de três dias de reuniões sobre o tema.

"Uma pandemia humana da influenza será um grande problema, mas trabalhando em conjunto podemos reagir com efetividade", disse Margaret Chan na declaração final, que conclui: "Embora a contenção de uma pandemia em sua origem nunca tenha sido tentada, acumulam-se evidências sugerindo que isso seja possível".

A OMS citou a contenção da síndrome respiratória aguda grave, em 2003, e a atual vigilância das autoridades sobre os focos de gripe aviária.

Os brasileiros explicaram que o plano de contingência da OMS para uma pandemia está em implantação no Brasil e minimizaram alardes recentes na mídia brasileira sobre o perigo que o H5N1 representa.

"Devemos estar preocupados, mas não em pânico", disse Edison Luiz Durigon, especialista em vírus.

Durigon disse que a Gripe Espanhola também veio de um vírus aviário que sofreu mutação, mas que hoje há drogas - como as compradas pelo Brasil - que podem conter o vírus até ser desenvolvida uma vacina. 

Ariel Mendes, da Universidade Estadual Paulista, lembrou que as autoridades brasileiras investiram na tecnologia de fabricação de tal vacina, para quando surgir uma cepa transmissível entre humanos.

Fonte: Folha de S. Paulo, Ernane Guimarães Neto, 9/3/06

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Gripe aviária a caminho das Américas    

ONU alerta que vírus H5N1 pode chegar ao continente
latino-americano  em seis meses
 

O vírus H5N1 causador da letal gripe aviária que já se espalhou por 40 países pode alcançar a América do Sul dentro de um período de seis a 12 meses, segundo o coordenador para gripe de aves e humana da Organização das Nações Unidas (ONU), David Nabarro.

Ontem, a Bélgica anunciou que um homem está internado com suspeita de ter contraído a doença. Se o caso for confirmado, será o primeiro em seres humanos na Europa.

— Haverá uma pandemia mundial e devemos estar prevenidos — afirmou o coordenador. — No momento em que ocorrer a primeira transmissão entre humanos, o tempo para nos preparar terá se esgotado.

Atualmente, a doença é transmitida entre animais e de aves doentes para humanos. Os especialistas temem, no entanto, uma mutação do vírus, que o tornaria transmissível entre pessoas, deflagrando a temível pandemia.

Para Nabarro, é praticamente certo que isso acontecerá dada a rápida propagação da gripe, que já chegou na Europa Ocidental, no Oriente Médio e na África.

Segundo ele, é apenas uma questão de tempo o vírus cruzar o Atlântico e chegar às Américas.

— Isso pode ocorrer num prazo de seis a 12 meses — afirmou Nabarro, referindo-se especificamente às Américas Central e do Sul.

Os especialistas consideram que as conseqüências da propagação do vírus H5N1 na América Latina seriam muito grandes, especialmente para o setor avícola, já que a região é grande exportadora de frangos e as aves são uma fonte fundamental de proteínas.

O coordenador da ONU recomendou aos países da região que tomem todas as medidas possíveis de prevenção e deixem em alerta seus serviços veterinários.

Brasil vem testando casos suspeitos rotineiramente

O Brasil já faz isso, segundo informaram ontem especialistas que trabalham em parceria com o governo.

O Ministério da Agricultura investiga todos os casos de aves doentes, além de monitorar as aves silvestres que chegam ao país.

— Analisamos uma média de dois a três casos suspeitos por semana em São Paulo — disse Ariel Mendes, professor de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de São Paulo.

Os casos suspeitos, segundo Mendes, ocorrem normalmente em criações familiares. Até hoje, não foi identificado nenhum caso suspeito em criadouros comerciais de maior porte. 

— São galinhas que morrem de causas não identificadas — explicou. — Nesses casos, as autoridades são avisadas e uma equipe vai ao local para analisar o que ocorreu. Até agora, não foi constatado nenhum caso de gripe aviária.

Além disso, os controles de importação de material genético estão mais rigorosos e a importação de aves ornamentais e de companhia está proibida.

Foram intensificados os controles nos portos e aeroportos para evitar a entrada de produtos avícolas não autorizados e os dejetos de aviões e navios são incinerados.

Fonte: O Globo, Colaborou Marco Rogério de Castro, do Diário de SP,  9/3/06


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