Reunião sobre protocolo de Kioto em Nairobi discutirá adoção de metas pelo Brasil

 

Começa nesta segunda-feira (6) a reunião das partes do Protocolo de Kioto, que acontece até o dia 17 em Nairobi, no Quênia. Na pauta, estão a continuidade do acordo depois de 2012 e a adoção voluntária de metas para a redução da emissão de gases que contribuem para o aquecimento global por países em desenvolvimento como o Brasil, Índia e China, hoje desobrigados de cumprir metas.

Apesar de as emissões de gases da indústria serem comparativamente menores no Brasil do que em países desenvolvidos, o país já é o quarto emissor por causa da queimadas nas florestas.

Segundo o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, no ritmo de desmatamento de 2005, a contribuição para as concentrações de gases de efeito estufa feitas conjuntamente só por Brasil e Indonésia anulariam quase 80% da redução de emissões conquistada pelo Protocolo de Kioto.

A reunião, que ocorrerá paralelamente à conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, também discutirá a aproximação do fim da primeira fase do Protocolo de Kioto, estabelecido em 1997. A partir de 1º de janeiro de 2013 todos os compromissos e metas deixam de valer e a continuidade dos esforços dependeria de um novo acordo.  

O Brasil leva em conjunto com Índia, China e África do Sul um documento com dez propostas para serem debatidas. A chamada "Proposta de São Paulo" - produzida por 40 especialistas de 25 instituições políticas e de pesquisa - foi financiada pela União Européia e pode ser encontrada no site da Universidade de São Paulo (USP) ou da Unicamp.       

O que a gente espera da reunião em Nairobi é uma demonstração de empenho de todos os países do mundo. Dos países desenvolvidos esperamos empenho para ampliar consideravelmente a contribuição deles. De países como o Brasil, que hoje é um grande emissor, um país em desenvolvimento, esperamos que contribuam mais e que assumam sua responsabilidade de uma forma mais ampla - diz Carlos Rittl, da Organização Não-Governamental Greenpeace.

Além da discussão de discutir medidas que entrarão em vigor daqui a sete anos, serão debatidos critérios mais rígidos de gerenciamento do protocolo e a adoção voluntária de limites para a venda de créditos de carbono prevista no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

A concentração de gás carbônico na atmosfera registrou nível recorde em 2005, quando a quantidade do gás na atmosfera foi de 379,1 partes por milhão. O número representa um aumento de 0,53% em relação ao ano anterior, quando a concentração era de 377,1 partes por milhão. Os dados estão no boletim da Organização Metereológica Mundial, das Nações Unidas, publicado na sexta-feira.

Ratificaram o documento 165 países, sendo que 35 deles têm metas de redução da emissão de gases. Entre os países desenvolvidos, apenas Estados Unidos e Austrália não assinaram o documento.

 

Fonte: O Globo, Rio, 6/11/2006.


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