Inaugurada a primeira fábrica de moscas do Brasil 

  

A Biofábrica Moscamed Brasil, instalada em Juazeiro, no Vale do Rio São Francisco,
Bahia, produzirá 200 milhões de insetos machos estéreis por semana

O ato de inauguração, na sexta-feira, contou com a presença dos ministros da C&T, Sergio Rezende, e da Agricultura e Pecuária, Luis Carlos Guedes.

A espécie, Ceratitis capitata – conhecida como Mosca-do-Mediterrâneo –, é uma das principais pragas da fruticultura.

Pretende-se com essas moscas estéreis que, ao cruzarem com as fêmeas em ambientes naturais, gerem ovos não fecundados, resultando no maior controle da população da praga e reduzindo as barreiras fitossanitárias das frutas brasileiras no mercado internacional.

“Esse é um momento de realização. Como pesquisador, minha maior alegria é poder ver um empreendimento como resultado do conhecimento científico e tecnológico desenvolvido no Brasil”, disse o ministro Sergio Rezende.

Durante a cerimônia, Rezende assinou um convênio aportando mais R$ 1,2 milhão para a biofábrica.

Este é o terceiro repasse de recursos do MCT para o projeto, totalizando R$ 5,2 milhões provenientes do Fundo Setorial Verde Amarelo, administrado pela Finep.

O ministro da Agricultura assinou, durante a solenidade, decreto criando o conceito de área de proteção fitossanitária do país. A primeira área compreenderá toda a região do Vale do Rio São Francisco.

Menos moscas, mais frutas

Com recursos dos Fundos Setoriais e de outras instituições, biofábrica na Bahia inicia produção de machos estéreis de mosca-da-fruta e promete melhorar a produtividade da fruticultura nacional

O Brasil irá conseguir uma redução significativa nas barreiras fitossanitárias no mercado internacional de frutas nos próximos anos, pois uma unidade nacional de produção de insetos está criando machos da mosca-da-fruta (Ceratitis capitata) esterilizados por irradiação.

Utilizados no controle de pragas, esses insetos são lançados em pólos de fruticulturas e, ao se acasalarem, transferem espermatozóides estéreis, incapazes de fecundar.

Os insetos esterilizados competem com os machos selvagens e, como as fêmeas só copulam com um único macho, ao longo do tempo a reprodução é interrompida.

Nocivas à produção de uma grande variedade de culturas, como a da manga, da uva e da goiaba, entre outras, a mosca-da-fruta passou a ter agora um tenaz combatente na luta pelo seu controle:

a Biofábrica Moscamed Brasil, primeira no país, instalada em Juazeiro (BA), no Vale do Rio São Francisco.

Com o pleno funcionamento da biofábrica, o controle biológico da mosca-da-fruta nas plantações nacionais deve reduzir em, pelo menos, 70% a população dos insetos, o que contribui para aumentar a competitividade das frutas brasileiras nos mercados nacional e internacional.

Estima-se que a praga causa prejuízos anuais à fruticultura nacional, que variam entre US$ 50 milhões e US$ 80 milhões.

O biólogo da USP, Aldo Malavasi, coordenador do projeto, explica que a idéia é, ao controlar a praga, garantir ao Brasil maior competitividade no mercado internacional de exportação de frutas, pois hoje o país ostenta apenas a 19º posição.

Ele explica que a técnica do inseto estéril para a mosca-da-fruta já é usada em vários países.

“Este método, que visa à diminuição populacional da mosca sem o uso de defensivo agrícola, é seguro e pode garantir a qualidade da fruta brasileira para o consumo interno e para exportação”.

A expectativa da Moscamed Brasil é produzir 200 milhões de machos estéreis de mosca por semana, em sua primeira fase de implantação.

“Tudo vai depender da demanda, mas a expectativa é duplicar esse volume em um ano. A meta é atender a todos os pólos de fruticultura do país”, calcula o biólogo.

Ele acredita que a produção de moscas estéreis será absorvida pelos fruticultores brasileiros, sobretudo os da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, e que, posteriormente, será exportada para os países da América do Sul, além da Espanha e Israel.

“Há uma expectativa de aumento da demanda mundial nos próximos dez anos e queremos ocupar esse nicho de mercado”, diz Malavasi.

As moscas são exportadas por via aérea ainda em fase de pupa (casulo). Hoje, a maior biofábrica do gênero está localizada na Guatemala, onde são produzidos uma média de dois bilhões de machos estéreis por semana.

A iniciativa já beneficiou fruticultores como o baiano Frederico Teixeira, da fazenda-empresa Frutinor, que exporta para o mercado norte-americano e europeu.

Ele cultiva uva e manga e relata que um dos grandes benefícios resultante da biofábrica será a diminuição da população da mosca-da-fruta em áreas de espécies de frutas hospedeiras, onde a praga se prolifera.

“Com um ataque menor da mosca-da-fruta, nós vamos conseguir aperfeiçoar o cultivo, qualitativa e quantitativamente, e produzir frutas mais saudáveis para chegar ao nosso consumidor”, acredita Frederico.

Ele ainda acrescenta: “Os benefícios futuros do controle da mosca-da-fruta são incalculáveis para os mercados interno e externo. Vamos poder exportar com mais confiabilidade”.

 

Fonte: Ass. de Imprensa do MCT, 28/08/2006.


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