França vai fazer do Brasil uma potência militar,
diz 'El País'

 

A "França vai transformar o Brasil em uma potência militar", diz o título de uma
reportagem publicada nesta quarta-feira pelo diário espanhol El País, sobre
o encontro do presidente Luís Inácio Lula da Silva com o presidente francês
Nicolas Sarkozy em São Jorge do Oiapoque, na Guiana Francesa.

 


Jornais destacaram contraste entre
Lula e Sarkozy

 

Segundo o jornal, o acordo de transferência militar discutido na terça-feira entre os dois presidentes “aumentará a posição do gigante sul-americano como potência militar regional”. 

“Lula tem claro uma coisa, com a transferência tecnológica proporcionada pela França, o Brasil poderá fabricar um submarino e aviões e helicópteros de combate.” 

O El País ainda comenta a promessa de Sarkozy de apoiar a entrada do Brasil no G-8 e no Conselho de Segurança da ONU, destacando a cooperação bilateral. 

O encontro também foi destaque na mídia francesa. Os jornais ressaltaram o semblante fechado de Sarkozy, cuja popularidade está em queda na França. 

O Liberátion comenta o contraste entre o presidente francês, de terno escuro, gravata negra e óculos escuros sobre o nariz, com a imagem de Lula, de camisa de linho branco, colarinho aberto e com chegada triunfante. “Na Guiana, Lula atravessa o rio, e Sarkozy, ‘dificuldades’”, diz o jornal, em alusão ao fato de o presidente brasileiro ter chegado ao encontro de barco. 

O diário ainda comenta que o Brasil será o primeiro país da América do Sul a possuir uma frota de submarinos nucleares, graças à ajuda da França. “A cooperação francesa neste projeto militar será ‘recompensada’ pelos grandes contratos para a indústria francesa: venda de helicópteros pela Eurocopter, submarinos Marlin pela DCNS, etc. Ao risco de provocar uma nova proliferação nuclear…”. 

Segundo o diário, a capacidade de ação dos submarinos é impressionante e ele pode decidir um conflito sozinho. 

O encontro também foi destaque na imprensa argentina. Segundo o jornal La Nación, “o acordo garantiria o papel do Brasil como líder regional”. 

O Página 12 comenta que o encontro se deu “no último resquício do imperialismo europeu na América do Sul, a Guiana Francesa”. 

“Não foi uma reunião tradicional. O encontro dos mandatários não se realizou nem no Palácio do Eliseu, em Paris, nem no Planalto, em Brasília. Em troca, elegeram a inóspita selva amazônica e a pouco conhecida Guiana Francesa, a última colônia que existe no subcontinente.” 

O jornal nota que Lula chegou com uma comissão muito maior que a de Sarkozy que “não contou com a pessoa mais esperada pela imprensa, a nova e midiática esposa do presidente, Carla Bruni”. 

O Página 12 ainda comenta que Sarkozy não parecia confortável. “De terno e gravata escuros, o presidente francês não pôde dissimular sua moléstia pelo calor e os mosquitos. Seu par brasileiro, por outro lado, se mostrou mais relaxado, com uma camisa branca e calças claras. Seu humor não só se refletiu em seu constante sorriso, mas também em suas piadas”.

 

Fonte: BBCBrasil, 13/2/2008.

 


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