País está longe das metas da ONU

 

De 7 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, só 2 estão no
caminho ideal; até redução da pobreza é defasada
 

O papel de líder mundial no combate à pobreza foi bem defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o país vai ter de se esforçar mais se quiser fazer jus ao título e servir de exemplo. Uma análise do caminho que o Brasil já percorreu para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), um conjunto de metas traçadas pelas Nações Unidas para 2015, mostrou que a situação brasileira está longe da ideal.

Dos sete objetivos, apenas dois - universalização do ensino básico e reversão da tendência de crescimento da aids, da malária e da tuberculose - estão definitivamente na direção de serem cumpridos. ‘O que vejo é muito otimismo no Brasil, o que seria justificado se olhássemos apenas as médias nacionais. Mas esse é um Brasil artificial’, afirmou o representante da ONU no país, Carlos Lopes.

O estudo foi feito por cinco Universidades federais brasileiras a pedido do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). A análise dos problemas que o Brasil deve enfrentar para atingir suas metas mostra que eles não são poucos. Até mesmo a pobreza, um dos temas mais recorrentes do atual governo, não deve seguir um caminho fácil.

Os dados usados são de 1991 e de 2000, os anos dos últimos censos feitos no país.

Em cinco anos, admitem os pesquisadores, alguma coisa pode ter mudado. Mas, se mantido o ritmo da década de 90, o Brasil não vai conseguir reduzir pela metade o número de pessoas pobres nem a quantidade das que vivem em situação de indigência. A maior probabilidade é que a redução fique apenas em torno de 37,6%.

As diferenças regionais mais uma vez retardam o avanço do país. Enquanto as regiões Sul e Sudeste - com exceção de SP - e Rondônia, Mato Grosso e Goiás têm ritmo para alcançar a meta, Amazonas, Amapá, Distrito Federal e SP, ao contrário, tiveram aumento de pobreza nesse período.

Estado mais rico do país, SP preocupa. ‘Proporcionalmente, a pobreza paulista não é alta. Mas como é o maior Estado do Brasil, o número de pessoas pobres impressiona, especialmente na região metropolitana’, diz Eduardo Pontual, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que analisou o primeiro dos ODMs, a pobreza. Sem SP, o Brasil poderia diminuir em cinco pontos percentuais o nível de pobreza até 2015.

Outras metas que preocupam são a mortalidade de menores de 5 anos e a mortalidade materna. Sinônimos de pobreza e qualidade de vida ruim, ambas impressionam por ainda serem causadas, em grande parte, por doenças evitáveis e terem sido reduzidas em ritmo lento nos últimos anos. ‘Cerca de 40% das crianças ainda morrem por doenças diarréicas e há mulheres morrendo por problemas de pressão arterial’, disse a pesquisadora Elizabeth Reymão, da Universidade Federal do Pará.

Outros objetivos avaliados são o desenvolvimento sustentável e promoção da igualdade entre sexos e autonomia das mulheres.

 

Fonte: O Estado de S. Paulo, Lisandra Paraguassú  01/04/2005.


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