[Burrice ou prevaricação?]

Lula fecha acordo e Petrobras investirá até US$ 1 bi
na Bolívia

 

A Petrobras vai voltar a investir na Bolívia depois que, desde maio do ano passado, o país nacionalizou suas reservas de petróleo e gás natural. A retomada dos investimentos, que vão variar de US$ 750 milhões até US$ 1 bilhão, fez parte da declaração conjunta e nove acordos assinados entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Bolívia, Evo Morales, no Palácio do governo em La Paz, nesta segunda-feira.

Além de voltar a investir ficou acertado também que serão realizados estudos com o objetivo de criação de uma empresa com a associação da Petrobras com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) para desenvolver projetos de exploração de gás na Bolívia.

Nas futuras produções a Petrobras poderá vender a maior parte do gás para o mercado externo, sendo obrigada, se necessário, a vender apenas 18% à Bolívia. Esse foi um dos pontos de maior divergência porque os preços no mercado interno boliviano são subsidiados.

Ficou acertado também entre a YPFB e a Brasken o desenvolvimento de estudos em conjunto para a construção um pólo petroquímico, mas não foi definido o local ou valor de investimentos. Háverá ainda a construção de uma ponte ligando os dois países.

Sem unidade de sepação

Outro assunto em discussão entre os dois presidentes é o aumento dos valores de uma parcela do gás natural atualmente importado pela Petrobras. É que do total de gás importado, cerca de 10% são os chamados gases de melhor qualidade, com maior valor de mercado como o etano, usado na petroquímica, e o propano e butano para o GLP.

Como a Bolívia não tem uma unidade de separação desses gases, fornece os dois junto com o metano. Por isso, um dos pontos em discussão é o ressarcimento da Petrobras em créditos futuros.

Lula também participa de solenidade de início da venda de 300 tratores fabricados pela Agralle no Brasil, exportados para produtores bolivianos. Essa exportação contou com financiamento do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), com investimentos totais de US$ 35 milhões e prazo de carência para pagamento de cinco anos com juros de 2% ao ano.

Duas empresas de energia binacionais devem ser criadas

De acordo com o jornal "La Razón", também está prevista a criação de duas empresas de energia binacionais.  Os detalhes ainda estariam em fase final de discussão por técnicos dos dois governos e das estatais Petrobras e Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolivia (YPFB). Esses acordos devem ser anunciados nesta segunda-feira.

Uma das empresas seria de exploração, em áreas reservadas da YPFB e escolhidas pela Petrobras: Carohuaicho, Astillero e Cedro Moreno (nas províncias de Tarija, Santa Cruz e Chuquisaca). A outra seria uma sociedade entre YPFB e Braskem, para industrialização de gás natural.

Autoridades disseram que os planos de investimento de Lula na Bolívia também incluem um linha de crédito de US$ 600 milhões para a construção de estradas, pontes e empréstimos a fazendeiros para a compra de tratores.

Brasil desejaria reduzir influência da Venezuela

Segundo diplomatas, o objetivo da atual visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Bolívia, seria, além de garantir o fornecimento de gás natural da Bolívia, barrar a influência da Venezuela no país.

Diplomatas em Brasília afirmam que Lula vai dizer a Morales: "O seu parceiro é o Brasil, não a Venezuela." Lula e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, são rivais na liderança da América do Sul há anos, e Chávez ganhou espaço com o crescimento do bloco anti-americano na região que inclui Morales.

Morales, Lula e a presidente chilena, Michelle Bachelet, assinaram um acordo neste domingo para a construção de um estrada ligando os três países, da costa brasileira no Atlântico via Bolívia até os portos do Chile no Pacífico, com a intenção de intensificar o comércio, segundo a agência de notícias ABI.

 

Fonte: O Globo, Romana Ordoñez, 18/12/2007.

 


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