MEC suspende bolsas de doutorado pleno no exterior

          

Capes quer priorizar modalidade 'sanduíche', feita em parte no próprio país.
Estados Unidos são a exceção

O Ministério da Educação (MEC) suspendeu a concessão de novas bolsas de doutorado pleno no exterior, à exceção dos Estados Unidos. A decisão foi tomada pela Capes, que planeja reestruturar o programa de bolsas. A Capes quer dar ênfase a outra modalidade de pós-graduação no exterior, o chamado doutorado sanduíche, em que apenas parte do curso é feita em universidades estrangeiras. 

Atualmente, a Capes tem 632 bolsistas de doutorado pleno no exterior. Nomeado esta semana para reestruturar o programa de bolsas, o diretor de Relações Internacionais da Capes, Sandoval Carneiro Júnior, disse ontem que o financiamento para doutorados plenos no exterior será mantido. Ele adiantou que o edital de seleção dos candidatos deverá ser lançado no segundo semestre. 

— O programa não será extinto, ele apenas está passando por uma reanálise. Não há qualquer idéia de cancelá-lo — disse Sandoval. 

Segundo ele, a seleção para bolsistas nos Estados Unidos não foi interrompida porque a Capes mantém um convênio com a fundação Fulbright, que banca parte das despesas dos estudantes brasileiros. 

O edital para bolsistas plenos deveria ter sido lançado até outubro de 2007, o que não ocorreu. 

Quem busca informações na internet (http://www.capes.gov.br) só encontra a opção de auxílio para estudar nos Estados Unidos. "As inscrições para bolsas de doutorado pleno nos demais países estão suspensas em 2008. O programa será reestruturado e aperfeiçoado, de acordo com as diretrizes da recém-criada Diretoria de Relações Internacionais da Capes", diz o texto. 

Capes quer conter evasão de doutores 

Um doutorado no exterior dura quatro anos. Na modalidade plena, o curso inteiro é feito na universidade estrangeira, incluindo a defesa da tese. 

Nesse período, o estudante recebe bolsa mensal no valor médio de 1.100 euros — a quantia varia conforme o país. No doutorado do tipo sanduíche, o bolsista começa e termina o curso no Brasil. A duração é a mesma — quatro anos. No meio do curso, o estudante passa entre 12 e 18 meses no exterior. Daí o nome "sanduíche". O valor de referência da bolsa é o mesmo (1.100 euros). 

— São programas diferentes. Mas o sanduíche é muito mais barato e eficiente. Os alunos não perdem o contato com o Brasil. Eles vão inseridos numa linha de pesquisa e o título de doutor é emitido aqui. Na modalidade plena, há uma tendência de que os estudantes não voltem. Isso dá origem a processos para que a Capes seja ressarcida — disse Sandoval. 

Ele enfatizou que os doutores formados na modalidade sanduíche têm demonstrado maior produtividade na publicação de artigos científicos. 

— O desempenho é melhor. 

Sandoval, que é professor titular de engenharia elétrica na Coppe/UFRJ, lembrou que foi nomeado na última segunda-feira, quando as novas bolsas estavam suspensas. Ele disse que o presidente da Capes, Jorge Guimarães, teria mais condições de explicar os planos de mudança. Guimarães não foi localizado até as 20h45m.

 

Fonte: O Globo, 15/3/2008.

 


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