Condecorados com medalha Santos Dumont querem devolver premiação
 

Homenagem foi entregue três dias depois do acidente com o Airbus da TAM.
Mérito é entregue àqueles que prestaram serviços relevantes à Aeronáutica.

 

Pilotos e outras pessoas ligadas à aviação não gostaram de ver diretores da Anac receberem a condecoração Santos Dumont, três dias depois do pior acidente aéreo da história do Brasil. Alguns deles querem, inclusive, devolver as medalhas.

Na semana passada o presidente da ANAC, Milton Zuanazzi, a vice-presidente da agência, Denise Abreu e dois diretores receberam a premiação em Brasília.

“Não quis ver, não olhei na TV e, achei que foi uma agressão muito grande aos 200 mortos”, disse o ex-comandante Milton Comerlato, condecorado com a medalha “Mérito Santos Dumont”.

Vinte anos atrás, o ex-piloto, que na época trabalhava na maior companhia aérea do país, ganhava a mesma distinção, por nunca ter se envolvido num acidente. “Eu recebi por mérito, não por política”, disse Comerlato.

Apesar da resignação, Milton pretende deixar a medalha de herança para os quatro filhos aviadores.

A medalha do “Mérito Santos Dumont” foi criada em 1956 pelo então presidente Juscelino Kubischeck para premiar militares, cidadãos brasileiros e estrangeiros que tenham prestado serviços relevantes à Aeronáutica. O presidente da Associação Nacional em Defesa dos Diretores dos Passageiros do Transporte Aéreo foi um dos primeiros a anunciar que a medalha será devolvida.

Desde 1988, Claudio Candiotta exibe o diploma no escritório. Ele está nos Estados Unidos e, por telefone, disse ao ‘Jornal da Globo’ que, na volta ao Brasil, vai se reunir com outros colegas para também devolver a premiação que receberam.

“Eu considerei uma falta de respeito à memória das vítimas, às famílias das vítimas e à própria história de Santos Dumont”, disse Candiotta. “Eu considero que perdeu o sentido, desvirtuaram o espírito dessa medalha”, acrescentou.

O piloto Nelson Correa mandou nesta quinta-feira (26) um ofício ao comandante da Aeronáutica se desfazendo da distinção, que ele considerava um reconhecimento pelas 25 mil horas de vôo pilotando Boiengs no Brasil e na Europa.

“Eu tenho certeza de que os brasileiros não apóiam essa condecoração. Vendo o que está se vendo aí, com esse desastre aéreo em todas as áreas, não só do avião da TAM, mas dos aeroportos, do controle do tráfego aéreo, é uma forma de protestar”, declarou Correa.

Fonte: G1, 27/7/07.

 


Entidades lançam campanha "cansei" contra caos aéreo e corrupção

Várias entidades de representação da sociedade civil se organizaram para lançar nesta sexta-feira uma campanha em defesa do direito cívico dos brasileiros. Com o nome "cansei", o movimento quer sensibilizar a sociedade brasileira a protestar contra o caos aéreo e a corrupção.

"O propósito dessa articulação é demonstrar a indignação diante de várias questões. É uma sinergia de esforços de profissionais das mais diferentes áreas, todos voluntários, que retratam a indignação dos brasileiros", disse Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo.

O movimento lança a campanha oficialmente hoje com peças publicitárias que serão veiculadas na TV, rádio e mídia impressa. Os filmes mostrarão pessoas descrevendo situações e fatos que contribuem para a sensação de caos.

A campanha também vai pedir para os brasileiros pararem por um minuto no dia 17 de agosto, quando o acidente com o avião da TAM completará um mês. "Com o silêncio, a sociedade poderá expressar sua solidariedade e indignação de forma pacífica, equilibrada e organizada", disse D'Urso.

No mesmo dia 17 de agosto, as lideranças do movimento vão se reunir no prédio da TAM Express, na zona sul de São Paulo, para participar de um ato ecumênico.

 

Fonte: Folha On-line, 27/7/07.

 

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