Ameaça de nova greve movimenta as federais

 
 

Nestas terça e quarta-feiras, dias 26 e 27, técnicos fazem paralisação.
Professores e técnicos das instituições federais de ensino superior já estão discutindo
a possibilidade de greve nos dois segmentos

Ambas as categorias exigem que o governo cumpra o que foi acordado durante as negociações realizadas ainda em 2007. Nestas terça e quarta-feiras, dias 26 e 27, a Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) organizará uma mobilização nacional. Durante esses dois dias, a categoria irá paralisar suas atividades.

"O governo não garantiu que o acordo feito com os técnicos será cumprido. Durante a greve do ano passado, foi acordado que teríamos aumento a partir de maio. A paralisação dos técnicos será mais uma forma de pressão. Estamos conversando com os docentes para tentarmos fazer paralisações e manifestações nos estados. É preciso cobrar dos deputados", defende o coordenador da Fasubra, João Paulo Ribeiro. Ele afirma que a possibilidade de greve é real. "Já foi aprovado que, caso não tenhamos retorno até o final de março, iremos deflagrar uma greve. No dia 14 de março, também vamos participar, junto com outras entidades, da marcha em defesa da educação, em Brasília", conta.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintufrj) irá decidir na manhã desta terça-feira, dia 26, se adere ou não à paralisação de dois dias. Contudo, segundo a coordenadora do sindicato, Ana Maria Ribeiro, é possível que não exista quórum para essa aprovação. "A universidade ainda está muito esvaziada por causa das férias escolares. Vamos levar a proposta - feita pela Fasubra durante sua plenária - para a discussão. Porém, acho difícil que a ele seja aceita", prevê a sindicalista.

Sobre a possibilidade de uma possível greve, a dirigente também faz ressalvas. "Nós, da UFRJ, não aprovamos o acordo que a Fasubra assinou com o governo. Acreditamos que essa proposta beneficiou apenas uma parcela da categoria em detrimento das demais. É claro que, apesar da crítica, achamos que o governo tem que cumprir o que foi prometido. Contudo, acho difícil entrarmos em greve para defendermos esse acordo", explica.

A coordenadora do Sintufrj afirma que a Fasubra precisa saber negociar agora. "Nem se o governo quisesse ele conseguiria cumprir as datas que foram acordadas, ou seja, o primeiro reajuste em maio. O Orçamento para 2008 ainda nem foi aprovado no Congresso Nacional e, só depois disso que o reajuste poderá acontecer. No mínimo,tramitando em regime de urgência, esse processo deve demorar uns dois meses", esclarece Ana.

A situação dos docentes não é muito diferente da dos técnicos. "O nosso reajuste não está garantido e, por isso, a greve não está descartada. Passamos todo o ano de 2007 negociando e o governo definiu, não só para os professores, mas também para os servidores, um acordo. Com a crise do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), nada está garantido", lamenta o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo.

De acordo com o dirigente, durante a primeira quinzena de março, serão realizadas assembléias no país inteiro. "Iremos debater sobre a nossa situação. O Orçamento que será aprovado no Congresso Nacional não tem especificação sobre essas negociações. Estamos chamando toda a categoria para mobilização. Não vamos aceitar repactuação, pois uma nova data significa mais perdas", garante. Na última quarta-feira, dia 20, o Ministério do Planejamento adiou uma reunião que teria com o Andes para tratar sobre os professores de primeiro e segundo graus.

Recebemos uma ligação pedindo para que o encontro fosse adiado, já que o governo não teria conseguido terminar sua proposta de tabela salarial. A nova data está marcada para essa terça-feira, dia 26", conta Rizzo.

O terceiro vice-presidente do Andes, Almir Serra Martins, também já se manifestou sobre o tema. "Estamos sob a ameaça de que o reajuste proposto para os professores do ensino superior, relativo a 2007, não seja cumprido. Precisamos dar início ao processo de construção da greve", afirma. "A construção de uma greve forte é a única forma, no momento, para evitar que ocorra em 2008 o mesmo que ocorreu em 2006 e 2007, isto é, reajuste zero", justifica Almir.

 

Fonte: Folha Dirigida, 27/2/2008.

 


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