Rosinha corta orçamento da Uerj


Decreto de governadora agrava situação da universidade,
que só de luz deve R$ 9 milhões

Em protesto contra mais um corte no já apertado orçamento, professores, alunos e funcionários da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) deram ontem um abraço simbólico no Pavilhão João Lyra Filho, no Maracanã. A partir de maio, um decreto da governadora Rosinha Matheus obrigará o reitor a cortar 25% das despesas de custeio (gastos fixos e manutenção) da universidade.

Em fevereiro, parte de uma rampa despencou no 12º andar, os bebedouros estão com água suja, falta papel higiênico e sabonete nos banheiros, as infiltrações estão visíveis por toda parte. Mesmo assim, o governo do Estado quer que a universidade reduza seus gastos fixos e de manutenção de R$ 2,9 milhões para R$ 2,2 milhões.

O reitor Nival Nunes de Almeida diz que a tarefa é impossível. "Não posso cortar contratos de professores, nem bolsistas, nem deixar de pagar contas de luz ou água". "É pior do que a escolha de Sofia", resumiu.

As despesas de custeio da Uerj já sofreram uma redução de quase 10% há três anos. Em abril de 2003, a verba foi de R$ 3,2 milhões. Em abril deste ano será de R$ 2,9 milhões.

Luz

Cerca de R$ 700 mil terão que ser cortados no próximo mês, se o decreto não for suspenso. A luz pode ser cortada antes disso. Termina dia 18 o prazo para que a universidade pague a dívida de R$ 9 milhões que tem com a concessionária.

O deputado estadual Paulo Pinheiro deu entrada ontem em representação no Ministério Público Estadual pedindo a abertura de uma ação civil pública para proibir a vigência, na Uerj, desse decreto, que abrange todas as secretarias estaduais.

Ele também fará um requerimento à governadora apelando para a suspensão da medida. "Tudo indica que ela não pode continuar no ritmo de gastança dos quatro primeiros meses do ano, para não ser punida pela Lei de Responsabilidade Fiscal", disse o deputado.

Só no papel

Professora do Instituto de Filosofia e Ciência Humanas da Uerj, a vereadora Aspásia Camargo compara a universidade fluminense com sua equivalente paulista: "Participei na década de 80 da elaboração de um plano estratégico de recuperação e extensão que também foi feito na USP. A diferença é que lá o projeto virou realidade", disse.

Greve

Professores e funcionários da universidade estão em greve desde o início da semana passada. Além de melhorias na infra-estrutura e nas condições de trabalho, eles reivindicam reajuste salarial. "Há cinco anos não temos aumento", disse a diretora da Faculdade de Serviço Social, Elaine Rossetti Behring.

Os alunos reprovam a greve. "Quem faz greve é chamado de vagabundo, e não como alguém que luta pelos seus direitos", acusa o estudante de matemática Renato César Lima Silva, de 18 anos. "A gente tinha que parar o trânsito, chamar a atenção para o nosso problema", concorda com ele a aluna de serviço social Márcia Sacramento, 21.

Outra notícia desalentadora para a educação: os professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em Campos, entraram em greve ontem.
 

Fonte: Tribuna da Imprensa, 12/04/2006.


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