.Universidade sucateada (1)
 

A redução de verbas da União ocorrida na última década expõe a decadência e determina o fechamento de unidades de estabelecimentos federais que sempre foram sinônimo de excelência profissional  

As 53 universidades federais brasileiras encerraram o semestre sem dinheiro sequer para pagar a luz. Setores inteiros de algumas faculdades estão desativados por falta de verba. A União acumulou este ano uma dívida de mais de R$ 84,5 milhões com os estabelecimentos federais de Ensino Superior. Além da eletricidade, as universidades atrasaram o pagamento de contas telefônicas, de água e dos salários de servidores terceirizados.

A falta de dinheiro para saldar débitos é apenas o mais novo drama no universo de problemas experimentado pelas universidades federais, que vivenciaram um processo de sucateamento na última década. Entre 1994 e 2001, o volume de verbas enviadas pela União às universidades federais caiu de 0,91% do PIB (Produto Interno Bruto) para 0,64%.

Mais de 8 mil professores experientes e gabaritados deixaram as federais neste período, cooptados por faculdades privadas que pagam até o triplo pelos seus conhecimentos. Apenas 3 mil foram concursados para substituí-los, segundo a Associação Nacional de Dirigentes de Instituições de Ensino Superior (Andifes).

A face mais visível da decadência das federais pode ser constatada em alguns prédios caindo aos pedaços existentes nas melhores faculdades do sul do país. 

Além do risco de ter aulas em edifícios precários, os alunos convivem com equipamentos ultrapassados ou sucateados. A saída é canibalizar peças, para manter os similares funcionando. Apesar da crise, as federais continuam sendo nichos de competência. Nove das 11 faculdades gaúchas melhor classificadas no Provão do MEC são federais. Dos 878 cursos das instituições federais avaliados no país, 52% se localizam nos conceitos A ou B. Esta reportagem, que continua segunda e terça-feira, mostra os sinais de decadência em universidades que sempre foram sinônimo de excelência - e o que o governo Lula tem de fazer para melhorar esta situação.

 

Fonte:  Zero Hora, 16/12/2002 - Porto Alegre RS - Humberto Trezzi

 

Home