Terapia virtual do riso
 


Dos clássicos da internet à divertida campanha presidencial de 1989,
vídeos do YouTube desafiam humor e memória nacional

 


Clássico "Tapa na Pantera"

 

Criado numa garagem de Menlo Park (EUA) em fevereiro de 2005 e vendido em novembro de 2006 pela bagatela de US$ 1,65 bilhão ao Google, o site mais popular de compartilhamento de vídeos do mundo desafia, a cada dia, o humor e a memória dos internautas.

Nesse “museu de grandes novidades”, há galerias para todos os gostos e idades. Entre videoclipes, reportagens, brincadeiras, flagrantes e exibições diversas que variam do surpreendente ao duvidoso, o YouTube também tem tirado do baú preciosidades da TV e, ao mesmo tempo, consagrado os seus próprios “clássicos”.

Sem perder de vista a cobertura diária do Legislativo, o Congresso em Foco selecionou alguns vídeos divertidos que têm feito sucesso na grande rede. O catálogo é variado. Reúne desde flagras de conhecidas figuras em momento de descontração, curiosos erros de gravação, trapalhadas esportivas, até os “hits” do próprio YouTube. Para completar, uma divertida incursão pela campanha eleitoral de 1989.
 

Eleições diretas

Às vésperas de entrar na década de 1990, o eleitor brasileiro voltou às urnas, depois de 29 anos, para escolher o presidente da República pelo voto direto. Com 22 candidatos na disputa e os ventos trazidos pelo fim da ditadura, descontração não faltou aos debates.

No último, realizado antes do primeiro turno, no SBT, os presidenciáveis usaram e abusaram do humor. “O candidato Maluf é competente, por que ele compete, compete, compete e nunca ganha”, brincou Lula, ainda com a barba e os cabelos completamente pretos.

Ao disputar uma vaga com petista para definir quem iria para o segundo turno contra Fernando Collor, o pedetista Leonel Brizola não poupou seu adversário. Ao rebater as críticas feitas por Lula ao trabalhismo de Getúlio Vargas, Brizola disse: “Isso me distancia a léguas deste cidadão e me faz desconfiar muito dele e do PT”.

Tratado com ironia pelo tucano Mário Covas, Maluf deu uma resposta curta e grossa: “Virou cínico, é?”.

 Veja os melhores momentos do debate conduzido pelo jornalista Boris Casoy.
 

Sílvio Santos fora do ar 

Além dos 22 candidatos que tiveram o seu nome impresso nas cédulas de papel, uma das figuras mais conhecidas do país, o apresentador Silvio Santos, também chegou a pedir votos para chegar ao Palácio do Planalto. “Você sabe o que é reforma social, o que é justiça social? Eu também não sabia, mas reforma e justiça sociais é o que pretendo fazer”, diz ele, nos poucos dias em que conseguiu, com base em liminar da Justiça, manter sua candidatura e aparecer no horário eleitoral. Acesse.

Silvio teve de aproveitar o pouco tempo de que dispunha para explicar ao leitor que era candidato embora seu nome não aparecesse na cédula. Votar no 26 (número de Armando Corrêa, PMB), reforçava, era votar em Silvio Santos. Complexo? Confira.

Com o slogan “pobre vota em pobre”, o candidato Marronzinho também conquistou naquele ano seus minutos de fama. Intitulando-se o “primeiro político a declarar guerra contra a seca”, ele defendia o uso da Petrobras para procurar poços de água no Nordeste e no Vale do Jequitinhonha. Vale a pena ver de novo.

No horário eleitoral, a Rede Povo, da chapa encabeçada pelo PT, foi um dos destaques. Em uma de suas edições, o alvo é justamente o então presidente José Sarney – por ironia do destino, atualmente, um dos principais aliados de Lula no Congresso. Após mostrar imagens de Collor, Maluf e Afif Domingos, o locutor petista ironiza: “Tadinhos, por mais que não queiram são tão parecidos com o pai (Sarney)”. Acompanhe.
 

Maluf, o professor

Maluf é figura carimbada no YouTube. Em um vídeo apresentado pelo jornalista Marcelo Tas, nos anos 1990, o atual deputado federal e ex-prefeito de São Paulo “ensina” como o político pode dar “uma maquiada na realidade”. Imperdível!

E não é só nesse quesito que Maluf se destaca na rede. Ele também aparece soltando a voz num programa apresentado por Marília Gabriela em 1986. A canção? Amigo, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

A desafinação de Maluf só não foi mais constrangedora que a brincadeira despretensiosa feita pelo então candidato Lula, em 2002. Ao saudar um companheiro de partido da cidade gaúcha de Pelotas, o petista não se conteve. Veja o que ele disse. Como nem todos acharam graça na piada, Lula teve de se desculpar publicamente. Nada, porém, que abalasse sua vitoriosa campanha naquele ano.

Pai de músicos, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é um dos “fenômenos” do YouTube. A sua interpretação de “O homem na estrada”, do grupo de rap Racionais MC’s esteve, por semanas, entre os mais acessados do site.

O senador paulista mostrou seus dotes artísticos ao criticar a proposta de emenda à Constituição que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). À medida que a letra da música evoluía, Suplicy a enriquecia com gestos e onomatopéias para gargalhadas dos seus colegas.
 

Sucessos na rede

Primeiro grande hit brasileiro do YouTube, o curta "Tapa na Pantera", dirigido por Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes, estourou na internet em 2006. Nele, a personagem interpretada por Maria Alice Vergueiro conta, de maneira divertida, sua “experiência” de mais de 30 anos como usuária de maconha. A interpretação de Maria Alice é riso garantido. Acesse.  

De origem menos esclarecida, outros vídeos brasileiros também caíram no gosto do internauta. “As árveres somos nozes” é um deles.  A “Pamonha de Cajazeiras” é outro.

Os tricolores cariocas podem até não achar graça. Mas os torcedores adversários impulsionaram os acessos dos vídeos que trazem um imaginário “jogo do século” entre Fluminense e Barcelona. Destaques para a narração escachada e para a chuva de gols do time espanhol.

Os amantes do futebol, aliás, não podem reclamar das opções oferecidas pelo YouTube. Além dos gols de seu time, o torcedor pode se divertir com uma série de vídeos que trazem o lado cômico do futebol. Clique aqui para ver os gols incríveis perdidos por profissionais da bola , e acesse aqui para se divertir com outras trapalhadas dentro de campo.
 

Falha nossa

A seleção feita pelo Congresso em Foco também mostra a quantas anda a memória dos telespectadores. Da TV para o monitor, pérolas do bom humor e, em alguns casos, da falta dele. Ainda no início da carreira, na extinta Manchete, um vídeo revela que nem sempre a “rainha dos baixinhos” teve tanta paciência assim com seus súditos. Veja. 

De falta de humor não se pode acusar a apresentadora Lilian Witte Fibe. Ao ler uma notícia sobre a prisão de uma traficante de 81 anos, a jornalista se perdeu numa contagiante crise de risos. Confira. Risada na hora errada também é a essência desse vídeo belga, legendado em português. Também vem do exterior o vídeo em que um “apresentador do tempo” entra em pânico ao se deparar com uma inusitada invasora.

O inesperado também deixou em apuros o experiente jornalista brasileiro Ney Gonçalves Dias. Tudo porque no meio do caminho tinha uma mesa. Que ninguém se preocupe: apesar do incidente, o apresentador passa bem.

Quem também caiu mas não se machucou foi Silvio Santos. O tombo na piscina durante um quadro de um de seus programas levou a platéia do apresentador ao delírio. Não é para menos. Silvio também teve de mostrar jogo de cintura para contornar a brincadeira feita por uma garota em uma de suas atrações infantis. “Qual a diferença entre o poste, o bambu e a mulher”, pergunta a criança. A resposta está aqui.

Mudando de canal, mas sem tirar o humor de sintonia, outro vídeo flagra dois dos mais conhecidos apresentadores do Jornal Nacional, da Globo, como ninguém nunca viu. Os trejeitos do estilista e deputado Clodovil Hernandes, na interpretação de Willian Bonner, abrem o sorriso do outrora sisudo Cid Moreira. É ver para crer. Bom dia!
 

Fonte: Congresso em foco, Edson Sardinha, 25/1/2008.

 


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