Relatório da Unesco mostra deficiências do Brasil na educação
 

 

 

O Brasil perdeu quatro posições e caiu do 76º para 80º lugar, entre 129 países, no ranking de monitoramento das metas globais que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulga nesta terça-feira. O relatório analisa dados de 2006 referentes a matrículas no ensino primário, analfabetismo de jovens e adultos, repetência e evasão e paridade entre gêneros no acesso à escola. Além de países que tradicionalmente aparecem à frente do Brasil nesse tipo de comparação – Cuba, Argentina e México -, o índice brasileiro é inferior ao de Bolívia (75º lugar), Equador (74º), Venezuela (69º) e Paraguai (68º).

No topo da lista, está o Cazaquistão, com índice 0,995, na escala até 1, seguido por Japão, Alemanha e Noruega. Os últimos colocados são todos africanos. Na lanterna, com 0,408, aparece o Chade.

O relatório destaca que o Brasil é a única nação da América Latina com mais de 500 mil crianças em idade escolar sem estudar. Em 2006, segundo o texto, eram 600 mil. Isso deixou o Brasil no grupo de 17 nações nessa situação. Entre elas, Iraque (500 mil), Burkina Faso (1,2 milhão), Índia (7,2 milhões) e Nigéria (8,1 milhões), que está na pior situação. O Brasil tem a segunda maior taxa de repetência latino-americana, com 18,7% na escola primária. Apenas o Suriname tinha indicador pior, com 20,3%. A média na América Latina era de 6,4%, sendo de 2,9% nos países do Caribe.

Unesco prevê cumprimento da meta em 2015

A Unesco prevê, porém, que o Brasil conseguirá cumprir a meta de universalização do ensino primário, reduzindo para 200 mil o número de crianças fora da escola em 2015. O mesmo que Iraque e Senegal.

A entidade alerta que, no atual ritmo, o mundo não atingirá os objetivos de oferta e melhoria do ensino para 2015: pelo menos 29 milhões de crianças continuarão fora da escola primária (eram 75 milhões em 2006) e 700 milhões de jovens e adultos permanecerão analfabetos (era 776 milhões). A Unesco quer que os países ricos doem US$ 7 bilhões por ano às nações pobres para acelerar o ritmo.

"Se persistirem as atuais tendências, o objetivo de universalizar o ensino primário não será alcançado até 2015", escreveu o diretor-geral da Unesco, Koichira Matsuura, na abertura do Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos (EPT) 2009. "Os países em desenvolvimento não investem suficientemente na educação básica e os doadores não cumprem seus compromissos."

O tema do relatório deste ano é "Superando a desigualdade: por que a governança é importante". O texto destaca que as desigualdades educacionais no planeta ameaçam as metas de 2015, que foram fixadas em 2000, sob a chancela da Unesco.

O ranking é elaborado com base no Índice de Desenvolvimento de Educação para Todos (EDI, na sigla em inglês). Mesmo mantendo o mesmo índice da edição anterior (0,901), referente a 2005, o Brasil caiu porque foi ultrapassado por três países e perdeu outras cinco posições por causa da substituição de nações listadas no ranking.

De 2005 para 2006, o Brasil foi ultrapassado por Turquia, com quem estava empatado, Colômbia e Emirados Árabes Unidos. Mas superou o Líbano e as ilhas de São Vicente e Granadinas, avançando duas posições. A queda seria de uma posição, mas a composição do ranking mudou: nove países foram substituídos, sendo que só dois estavam à frente do Brasil – Chile e Granada. Entre os que entraram, porém, cinco chegaram em melhor posição: Japão, Alemanha, Nova Zelândia, Catar e Belize.

 

Fonte: O Globo, Demétrio Weber, 25/11/2008.

 


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