Universidade particular do RJ distribui bônus
para 20% dos professores

 

 

 

          

Remuneração variável é novidade entre as instituições privadas


Uma das maiores instituições de ensino superior do país, a carioca Estácio distribuiu na sexta-feira (16/4) bônus por resultado para 1,6 mil professores, de um total de 8 mil docentes. Apesar de ser uma prática já bastante disseminada entre executivos, a remuneração variável é novidade nas faculdades e é mais um reflexo da profissionalização por qual vem passando o setor de ensino superior.

O pagamento do benefício é uma tentativa de incentivar o professor a melhorar qualidade do ensino – item que ficou em segundo plano principalmente nas faculdades consolidadoras, mas que já é considerado um dos principais quesitos para uma instituição se manter no mercado.

"A remuneração variável por resultado é uma iniciativa positiva para o professor se engajar mais. Ele vai se preocupar em dar uma boa aula para evitar a evasão. Se o faturamento cair, o bônus também é menor", disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, sindicato das faculdades particulares de São Paulo.

Ele defende que o pagamento de bônus seja medido por meio de quesitos como evasão, desempenho dos alunos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e adoção de práticas capazes de atrair estudantes, como parcerias com empresas e inclusão de temas atuais na grade curricular.

Com mais de 200 mil alunos e nota 3 no Enade, a Estácio deu bônus para 20% de seus docentes. "Os professores que receberam o benefício tiveram pelo menos 80% de aderência da métrica [dos quesitos avaliados]", explicou Miguel de Paula, diretor-executivo de gente e gestão da Estácio, cujo principal acionista é a GP Investimentos.

A Estácio leva em consideração três quesitos: índice de satisfação do aluno, avaliação do coordenador do curso e do gerente-acadêmico da unidade em que o professor dá aula. Porém, a métrica referente ao índice de satisfação por parte do aluno, que tem peso de 50%, é visto com algumas ressalvas pelo Semesp. "Um professor simpático, mas que dá uma aula fraca, corre o risco de ter avaliação melhor do aluno se comparado ao professor que dá aula de uma disciplina obrigatória chata", disse Capelato.

Os professores receberam bônus de R$ 1 mil a R$ 5 mil. "Alguns professores conseguiram um salário mensal a mais", afirmou o diretor da Estácio. Ele não revela o montante concedido. Um professor de faculdade particular de São Paulo com mestrado recebe em média R$ 40 por hora/aula e um doutor, R$ 46, segundo pesquisa da consultoria Towers Watson feita a pedido do Semesp.

A Estácio também deu remuneração variável para 160 coordenadores. Outras instituições como Anhanguera, Insper e Ibmec concedem bônus, mas apenas para coordenadores.

Governo paulista já paga adicional por meta atingida

A Secretaria de Educação do governo do Estado de São Paulo iniciou no ano passado o pagamento de bônus por resultado. No dia 25 de março, o governo pagou R$ 655 milhões em bonificação para um grupo de 209,8 mil professores, supervisores, diretores e demais profissionais da área do magistério referente à performance de 2009.

A bonificação é calculada conforme o desempenho das escolas no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Entre os itens que compõem o Idesp, está o desempenho dos alunos das 5 mil escolas públicas do Estado. Segundo a Secretaria de Educação, a qualidade no ensino das escolas no ano passado melhorou 9,4% em relação a 2008, quando foi iniciado o programa de avaliação por resultado.

O valor do bônus é proporcional ao resultado atingido pela escola. Se as metas forem 100% alcançadas, as equipes escolares ganham 2,4 salários mensais a mais. Se a escola atingir 50% do objetivo estabelecido, o profissional ganha 1,2 salário a mais e, assim, sucessivamente.

Outro fator que influencia nas metas é o número de faltas dos professores. Eles precisam ter atuado pelo menos 244 dias do ano para não ter desconto na bonificação. O valor do bônus para um grupo de 4 mil profissionais do magistério chegou a R$ 8 mil.

 

 

Fonte: Valor Econômico, Beth Koike, 20/4/2010.

 


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