Universidade Nova: currículo flexível para reduzir evasão no ensino superior

 

Reduzir a evasão no ensino superior, com currículos flexíveis que permitam ao aluno escolher disciplinas de diferentes áreas, de acordo com vocação e interesses pessoais. Essa é a proposta do projeto de reforma acadêmica chamado de Universidade Nova, defendida pelo diretor do Departamento de Desenvolvimento da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Manuel Palácios, e por vários reitores de universidades federais. Segundo Palácios, uma das principais causas da evasão, que é grande nas instituições federais, é a grade curricular muito engessada.

A evasão no ensino superior é muito acima do que poderia ser considerado razoável. Nossos cálculos para as instituições federais é de cerca de 35%. Anualmente, se formam entre 60% e 65% dos alunos que ingressaram nas universidades. Essa taxa tem várias explicações. Uma das principais é que a grade curricular é muito rígida, o que não permite ao jovem fazer correções de rumo, mudar escolhas. Ele acaba desistindo no meio do caminho – afirma Palácios.

De acordo com o projeto, que já está sendo discutido nas universidades federais do Pará, Bahia, Brasília, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o estudante passaria a ingressar em uma universidade, nos moldes do ensino europeu, e não mais em um determinado curso de uma instituição, como é feito atualmente no Brasil. O regime do ensino superior passaria a ter três ciclos. No primeiro, com duração de 3 anos, o aluno escolheria uma área de conhecimento e sairia com o diploma de bacharel. No segundo, faria sua formação profissional específica (que pode variar entre um e 3 anos), e no terceiro, uma pós-graduação.

De acordo com o reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Monteiro de Almeida Filho, os maiores defeitos do atual sistema – a precocidade na escolha profissional e método equivocado de seleção, com o vestibular - serão corrigidos:

Nesse projeto, o estudante tem chance de mudar de rumo antes de escolher uma formação específica dentro de uma área de conhecimento. E a tendência é acabar com o vestibular do jeito que é hoje. Ainda não se sabe como será feito esse processo, mas uma idéia é usar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) – explica. 

Segundo Palácios, essa formação mas abrangente poderá facilitar a colocação de profissionais no mercado de trabalho.

Há poucos empregos claramente associados com a formação tradicional das universidades. Mas existe uma demanda imensa por profissionais qualificados. O profissional precisa se formar com competência para trabalhar em diferentes áreas.

Para o reitor da Universidade de Brasília, Timothy Martin Mulholland, o valor do projeto está em transformar a universidade em "universo do conhecimento" e não em formação profissionalizante:

A universidade brasileira foi criada em um sistema profissionalizante, formando profissionais. Ao longo do tempo, virou uma fusão de várias faculdades profissionalizantes. A universidade nova pretende resgatar o caráter interdisciplinar e estimular o debate. Nesse projeto o aluno também tem mais responsabilidade e autonomia – afirma.

O diretor do MEC, Manuel Palácios, afirma, no entanto, que a discussão ainda precisa ganhar fôlego:

Se quisermos uma educação superior que seja capaz de atender a um número maior de jovens, o que é o nosso desejo, precisamos de uma estrutura acadêmica que favoreça o estudante a construir uma trajetória pessoal de formação.

 

Fonte: Ag. Brasil, 14/2/2007.


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