VESTIBULAR
Vai mudar tudo, menos o mérito

 

 
 

 

A substituição do vestibular por uma prova unificada começa a valer já neste ano
em centenas de universidades. O novo exame é menos massacrante
para os alunos, mas continua a selecionar os melhores

 

Lailson Santos
Os bons passam em todas
Em 2002, nenhum estudante brasileiro foi tão bem-sucedido no vestibular quanto o engenheiro Lucas Mendes, 25 anos. Ele tirou o primeiro lugar em três dos mais concorridos concursos do país: USP, Unicamp e FGV. Preferiu a USP. Às vésperas da formatura, já tinha emprego garantido num banco de investimentos. "Minha meta é ter um negócio próprio".

 

Mais de 5 milhões de jovens se preparam neste ano para o vestibular, etapa crucial na vida de um estudante brasileiro. Em 2010, cerca de 1,5 milhão conseguirão ingressar numa universidade – mais gente do que nunca. A novidade é que parte desse grupo não fará o tradicional vestibular, mas será avaliada por meio de outro sistema, anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) na semana passada. Trata-se da maior mudança já feita no concurso desde 1911, quando ele surgiu no Brasil. Uma verdadeira revolução. Diga-se desde logo: se as intenções forem cumpridas, o novo sistema não prejudicará o mérito. Os melhores alunos continuarão a ser os escolhidos. Mas passarão por um teste mais enxuto e menos voltado para a memorização. Esse exame tem parentesco com o atual Enem, aplicado há uma década pelo MEC a quem conclui o ensino médio – e por isso já é chamado de "novo Enem". Outra mudança radical é que a prova será unificada. Isso significa que, com uma única nota, os alunos poderão tentar o ingresso em mais de uma faculdade. Cabe a cada universidade, seja ela pública ou particular, decidir se vai adotar o modelo ou manter o vestibular. Mas a tendência é de mudança. Um levantamento feito por VEJA com 51 dos 55 reitores das federais mostra que 48 pretendem adotar o novo modelo. Destes, 25 querem que a adoção se dê ainda em 2009. Entre as faculdades particulares, pelo menos 500 também vão aderir já. Isso é 25% do total.

 

Ana Araujo
Anúncio oficial
O ministro Fernando Haddad, em reunião com reitores das universidades federais, na semana passada: 48 querem adotar o novo Enem

 

A angústia de quem está às vésperas de disputar uma vaga no ensino superior é justamente saber que rumo dar aos estudos. Como muitas universidades de renome não vão abandonar o vestibular em 2009, a exemplo de Unicamp e USP, será preciso manter o plano de aprendizado atual – mas também exercitar um modelo diverso de raciocínio. A implantação do novo sistema de avaliação do MEC implica uma mudança de filosofia substancial – e, sob muitos aspectos, boa. A prova deixará de exigir dos alunos quantidades colossais de informação para priorizar o raciocínio e a capacidade de solucionar problemas em quatro áreas do conhecimento. As linhas mestras já estão dadas, como explica Reynaldo Fernandes, presidente do Inep, órgão do ministério responsável pelo exame: "A prova ficará no meio do caminho entre o excesso de informações cobradas no vestibular e o pouco conteúdo do antigo Enem. Testará mais a capacidade de solucionar problemas da vida real do que o conhecimento acumulado". Dá para entender melhor o espírito do novo Enem a partir das questões publicadas com exclusividade por VEJA nesta reportagem (veja o quadro). Feitas pelo MEC, elas são um modelo de como as matérias do ensino médio passarão a ser avaliadas.

 

Alexandre Schneider
67 horas de prova
O novo sistema unificado de vestibular quer poupar os alunos de maratonas como a enfrentada por Priscila Kondo, 19 anos. Em 2008, ela encarou dezessete provas em cinco universidades. Não passou na medicina da USP, sua primeira opção. Vai tentar de novo

 

Tradicionalmente, o que torna o momento do vestibular ainda mais difícil para os estudantes é a maratona de provas que eles são obrigados a enfrentar. Mesmo que muitas instituições preservem seus concursos, a situação ficará, sem dúvida, melhor com o novo exame unificado. É algo que tem impacto direto na vida de estudantes como Priscila Kondo, 19 anos, que em 2008 fez nada menos que dezessete provas em cinco universidades. Juntas, elas consumiram 67 horas, número que Priscila não esquece. "Eu estava em frangalhos. Foi desgastante", diz ela, que, embora tenha sido aprovada em dois dos concursos, preferiu estudar mais e tentar, outra vez, entrar na faculdade de medicina da USP. Além de minimizar esse sufoco, o sistema unificado pode trazer outro benefício para os estudantes. Quem quiser terá a chance de pleitear vagas em mais estados, sem que precise cruzar o país para fazer uma prova. Com um sistema pulverizado, como é hoje o do vestibular, os estudantes brasileiros praticamente não cogitam estudar numa faculdade longe do estado em que moram. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos essa é a opção de 20% dos jovens. No Brasil, ela não passa de 0,04%. 

Esse ganho de mobilidade dos estudantes também interessa às universidades. Hoje, pouquíssimas instituições, como Unicamp e ITA, têm vestibulares espalhados por várias cidades do país. O investimento delas atende a um propósito claro: poder escolher em meio a um universo maior de estudantes, o que aumenta as chances de essas instituições conseguirem atrair um número maior de ótimos alunos. Com o sistema unificado, é bem possível que os melhores estudantes de todas as partes do país passem a procurar as universidades de maior excelência. Essas, certamente, vão se beneficiar disso – e vice-versa. "O ensino é sempre melhor onde estão os bons alunos", diz a antropóloga Eunice Durham. Ela e outros especialistas compartilham o temor de que as faculdades menos prestigiadas, encravadas em áreas mais pobres, fiquem, por sua vez, apenas com os piores estudantes. Há probabilidade de isso acontecer, mas o efeito, a longo prazo, não será necessariamente ruim. "É um incentivo para que as universidades mais fracas melhorem", diz o especialista Gustavo Ioschpe. Pode ser bom para o ensino.

 

Roberto Setton
Tudo na base da fórmula
Músicas e rimas são algumas das técnicas usadas pelos professores do cursinho Anglo, onde trabalha há dezessete anos o físico Marcelo Rodrigues. O objetivo é fazer os alunos fixar dezenas de fórmulas que caem no vestibular. "Com o novo Enem, essa decoreba pode estar com os dias contados", diz Marcelo

 

O vestibular não é exatamente um exame ruim. Os grandes concursos das melhores universidades do país se prestam bem à sua finalidade básica, de colocar na sala de aula os alunos mais aptos. Os cinco campeões em vestibulares de diferentes épocas que ilustram esta reportagem eram também os melhores estudantes na escola. Ao longo dos anos, as provas foram aprimoradas e algumas delas, como a da Unicamp, são exemplos de avaliação benfeita. Mas, para responder à maioria dos exames, requer-se ainda boa dose de decoreba, o que não é bom. Outro problema essencial é a quantidade de conteúdo cobrado, o que exige dos alunos o domínio de um número infindável de detalhes sobre as mais diferentes áreas. Poucos processos seletivos no mundo demandam dos jovens conhecimento sobre tanta matéria. Só na área de ciências, o vestibular cobra um currículo de setenta itens. Para se preparar para uma prova de química do vestibular, por exemplo, é preciso saber sobre vinte subáreas, lista que inclui atomística, propriedades coligativas, cinética, termoquímica e isomeria. Diz o professor Elcio Bertolla, que dá aula dessa disciplina no Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo: "É um verdadeiro massacre. Só quem vai seguir a carreira de químico precisa saber tanto".

 

Alexandre Schneider
O massacre da química
O professor Elcio Bertolla, que ensina a disciplina no colégio Porto Seguro, em São Paulo, precisa dar conta de um currículo que inclui vinte itens, como isomeria, funções orgânicas e radioatividade. Tudo cai no vestibular. "Essa quantidade de matéria só faz sentido para quem quer seguir a carreira de químico"

 

O excesso de matérias exigidas no vestibular tem um efeito desastroso sobre as escolas brasileiras. Para tentarem contemplar tudo o que cai no exame, elas produzem currículos gigantescos, baseadas na ideia de quanto maior, melhor. Em poucas escolas de ensino médio do mundo se ensina tanta física, química, biologia, matemática. Noutros países, a grade de matérias é bem mais diversificada e flexível. Pode soar como uma vantagem brasileira, mas é exatamente o oposto. Primeiro, por uma impossibilidade prática. "A pretensão de ensinar tudo em tão pouco tempo resulta num ensino superficial, em que não se aprende é nada", diz o consultor Roberto Lobo, ex-reitor da USP. As provas internacionais que comparam o Brasil a outros países reforçam essa ideia. Os brasileiros estão sempre atrás. O segundo problema em incluir tantos assuntos no currículo é mais conceitual. O saber enciclopédico perdeu um pouco do sentido numa sociedade moderna em que informações são facilmente acessadas na internet e se transformam a uma velocidade avassaladora, conforme a ciência avança. "Mais importante que estocar conhecimento é, sem dúvida, saber ordenar tantas informações disponíveis e chegar a uma conclusão", afirma o alemão Andreas Schleicher, que comanda o Pisa, prova internacional que compara o desempenho dos estudantes em sala de aula e que também serviu de inspiração para o novo Enem.

Gilberto Tadday
Doutor antes dos 30
O pernambucano Avishek Adhikari, 26 anos, passou em primeiro lugar para o curso de química da USP. Conseguiu depois uma vaga no concorrido doutorado em neurociências da Universidade Columbia, em Nova York, onde estuda hoje

 

A mudança no vestibular pode, portanto, contribuir para a necessária melhora do ensino médio – e ajudar a livrar as escolas brasileiras da velha cultura da decoreba. É uma prática nos colégios desde o Brasil colônia. Na década de 50, o prêmio Nobel de Física Richard Feynman (1918-1988) observou o mesmo durante uma visita ao Brasil para investigar o nível de conhecimento dos alunos às vésperas do vestibular. Feynman ficou assombrado com a quantidade de fórmulas que eles tinham decorado, mas também com a total incompreensão do seu significado. Relatou o fato num livro em que concluiu: entre estudantes do mundo inteiro, os brasileiros eram os que mais estudavam física no ensino médio – e os que menos aprendiam a matéria. Cenário que permanece atual. Já pensou se o prêmio Nobel soubesse que nos cursinhos pré-vestibulares a fórmula do movimento retilíneo uniforme (S=So+VT) é apresentada aos alunos como "sorvete", para ajudar a fixá-la? Com o novo Enem, a abordagem deverá ser outra. "Agora todos vão ter de se preocupar com a contextualização dos fatos", admite Marcelo Rodrigues, professor de física do Anglo. Esse e outros cursinhos no país vão oferecer aulas específicas para o novo exame ainda neste ano, uma mudança cara. O treinamento dos professores é custoso – representa cerca de 10% dos custos fixos do negócio – e ainda será preciso produzir novo material didático. "Há uma equipe de 250 professores a postos para fazer a mudança", diz o diretor do Positivo, Renato Ribas Vaz.

 
 

Lailson Santos
Campeão da medicina
Professor universitário e diretor do Hospital das Clínicas, o patologista Venâncio Alves, 53 anos, ficou no topo em três vestibulares de medicina no ano de 1972: Universidade de São Paulo, Santa Casa e ABC. O concurso na época dele tinha uma fase só, com testes de múltipla escolha de cinco disciplinas

 

O simples anúncio do MEC também provocou efeito imediato nas universidades. Temerosos de perder a receita proveniente das inscrições para o vestibular, os reitores das instituições federais se adiantaram em pedir ao ministro Fernando Haddad reposição do dinheiro – e conseguiram. Resolvida essa e outras preocupações de natureza mais técnica, alguns dos reitores avisaram que gostariam de aderir. A quantia obtida com as taxas de inscrição, que num concurso como a Fuvest gira em torno de 2,5 milhões de reais, é pequena perto do orçamento das universidades. O dinheiro do vestibular, no entanto, é livre de carimbos, coisa rara nessas instituições. No encontro dos reitores com o ministro em Brasília, na semana passada, parte deles também reclamava do prazo apertado para implementar a mudança. Algumas universidades já estavam até com seus editais prontos. Por isso, só vão usar o novo Enem no ano que vem. "Precisamos ter cautela. Na academia, os assuntos são mais discutidos e o ritmo é mais lento", diz Olinda Assmar, reitora da Universidade Federal do Acre. Acelerar o processo é justamente o que quer o MEC. Para conseguir deixar a prova pronta a tempo, uma equipe de quarenta pessoas tem passado as madrugadas no ministério só fazendo isso.

 

Alexandre Schneider
Esforço recompensado
A dedicação de doze horas de estudo por dia rendeu a Eduardo Famini o primeiro lugar no vestibular do Instituto Militar de Engenharia: "Li o edital do concurso e fiz dezenas e dezenas de simulados". Aos 25 anos, ele tem um bom emprego numa consultoria

 

O sistema unificado de admissão às universidades é algo que o Brasil começa a fazer com atraso em relação ao resto do mundo. Já é assim no Chile, no Japão, na China e em grande parte da Europa. Nos Estados Unidos, remonta a 1900 a formação de um colegiado das principais instituições de ensino superior para criar um exame único de admissão. Ao longo de décadas, o grupo aprimorou as diretrizes da avaliação e, em 1926, o SAT – sistema com o qual o modelo proposto no Brasil guarda semelhanças – foi aplicado pela primeira vez. Nesse tempo, a seleção no Brasil ainda era feita por uma banca examinadora que aplicava prova oral. Situação possível num momento em que poucos brasileiros concluíam o ensino médio e era baixíssima a procura nas universidades. A consolidação de um sistema nacional de admissão atende às novas necessidades do ensino superior no país, que cresce a cada ano. Apenas nos últimos vinte anos, o número de estudantes que passaram a tentar ingressar no ensino superior triplicou. Depois de um século, esta será a primeira vez que grande parte dos candidatos não fará mais o velho vestibular.

 

Alexandre Schneider
Dona do próprio negócio
Em 1998, a administradora Aline Lex passou em primeiro lugar no vestibular da Fundação Getulio Vargas. Completou a formação no concorrido mestrado de economia da PUC-Rio. Durante cinco anos trabalhou em grandes bancos, na área de investimentos. Em janeiro, abriu uma loja. "Era o meu sonho"

 
 
Marcelo Rudini   Prontos para mudar
Renato Vaz, do cursinho Positivo: aulas voltadas para a nova prova

 


16 respostas sobre o novo exame

 

Como funcionará o novo sistema de seleção proposto pelo Ministério da Educação (MEC) – e que começa a ser adotado por algumas universidades federais e particulares ainda neste ano.

 

1. O que cairá no novo Enem?
Serão 200 questões de múltipla escolha divididas em quatro áreas do conhecimento (ciências naturais e humanas, linguagens e matemática), além de uma redação. O exame abrangerá menos assuntos do que o vestibular, mas falta o MEC dizer o que vai ficar de fora. 

2. O que deve estudar alguém que vai tentar o ingresso, nos próximos meses, numa universidade que aderir ao modelo?
Na ausência de uma definição mais específica sobre o que será exigido na nova prova e quais as instituições que vão adotá-la, o ideal é preparar-se tanto para o vestibular quanto para o atual Enem (cujos simulados podem ser encontrados no site do MEC). A velha versão do exame testa apenas habilidades mais gerais, como a capacidade de interpretar textos e de solucionar problemas da vida real, e muito pouco conteúdo específico. Do antigo Enem, a nova prova manterá a contextualização das questões – mas elas passarão a ser 100% calcadas nas disciplinas do ensino médio. 

3. Os cursinhos vão preparar os alunos para o novo Enem ainda neste ano?
Sim. Quatro das maiores redes do país afirmaram a VEJA que vão fazer adaptações nas aulas e no material didático de modo a treinar os alunos para o novo exame. 

4. O Enem passará a ser o único critério para a seleção nas universidades que o adotarem?
A decisão caberá a cada instituição. O MEC propõe dois modelos. No primeiro, as universidades podem usar o resultado da prova como preferirem, inclusive fazendo uma segunda fase própria. A outra opção é aderir ao Sistema de Seleção Unificado. Neste caso, é necessário que o Enem seja a única etapa do processo seletivo. As vagas ficam disponíveis em um sistema eletrônico de inscrição, válido para todo o país. 

5. É possível usar o mesmo Enem para se candidatar a uma vaga em diferentes universidades?
Sim. Este é exatamente o propósito da prova nacional. No entanto, nos casos em que a universidade aderir ao Sistema Unificado haverá um limite de até cinco opções por candidato, que devem ser colocadas em ordem de preferência. As vagas de um curso serão oferecidas antes àqueles estudantes que o tiverem escolhido como primeira opção. 

6. Como saber se a nota obtida no exame será suficiente para o ingresso num curso?
Esta é uma das principais mudanças do sistema proposto pelo MEC: o aluno receberá sua nota antes de se inscrever nos concursos das faculdades e poderá, ainda, consultar as médias dos demais candidatos à vaga que ele deseja. Isso será feito por meio do sistema on-line de inscrições, onde tais informações estarão abertas a consulta. Assim, o candidato passa a ter uma visão muito realista de suas chances no processo seletivo.

7. Pessoas que se formaram na escola há mais tempo podem fazer o novo Enem?
Sim. Qualquer pessoa com diploma de conclusão do ensino médio pode se inscrever – não importa a idade. 

8. Quando será divulgada a lista das universidades federais que vão adotar o novo sistema em 2009?
O prazo-limite é até o fim de abril, uma vez que, caso optem pelo vestibular tradicional, as instituições precisam ter tempo hábil para formular as provas e organizar o concurso. VEJA ouviu 51 dos 55 reitores de universidades federais. Destes, 25 são favoráveis à mudança neste ano, mas falta submeter a questão aos respectivos conselhos. 

9. Faculdades estaduais e particulares também podem aderir?
Sim. Na semana passada, o ministro Fernando Haddad se encontrou com dirigentes de instituições estaduais e particulares justamente para tentar atraí-las. Mais de 500 particulares já avisaram que vão aderir. A USP e a Unicamp, que têm os dois maiores vestibulares do país, vão ficar de fora, pelo menos em 2009. 

10. Uma nota ruim no Enem pesará contra o estudante?
Não. É do aluno a decisão de apresentar o resultado às universidades – ou simplesmente ignorá-lo e fazer uma nova prova. Não há limite de vezes para tentar o Enem. 

11. Qual será a periodicidade do Enem?
Neste ano, haverá só um, nos dias 3 e 4 de outubro. Em 2010, o MEC pretende aplicar pelo menos dois. A meta é chegar a sete por ano, como o SAT, modelo americano no qual se inspira o novo Enem. 

12. Se o aluno quiser tentar a transferência de curso ou de faculdade terá de fazer o Enem?
Não necessariamente. Hoje, cada universidade tem um sistema próprio para selecionar os alunos que pedem transferência. Algumas avaliam o boletim da faculdade, outras aplicam um teste. Se quiserem, poderão também considerar a nota no novo Enem. Nesse caso, quem não tiver realizado o exame precisará fazê-lo. 

13. Por quanto tempo a nota da prova será válida?
O MEC ainda não bateu o martelo, mas a tendência é que feche o prazo em três anos. Nesse período, o aluno pode apresentar a mesma nota às universidades. Como o Enem é um exame padronizado, ao contrário do vestibular, estatisticamente é possível, sim, comparar as médias de alunos que realizaram provas em anos diferentes. 

14. Quem vai elaborar e corrigir as provas?
O Inep, órgão ligado ao MEC que já cuida de outras avaliações oficiais, como o próprio Enem. Uma comissão de especialistas ajudará a estabelecer o conteú-do do exame. Uma empresa especializada em aplicação de provas, que será definida por licitação, ficará encarregada da logística do concurso. 

15. Se o candidato fizer o Enem durante o ensino médio, ele poderá guardar a nota para quando se formar?
Não. A nota só será válida para aqueles estudantes que já completaram o ensino médio. 

16. Haverá alguma mudança nas universidades que já adotam cotas?
Não muda nada. Cotistas e não cotistas terão de fazer a mesma prova.
 

 

Fonte: Rev. Veja, Camila Pereira, Monica Weinberg e Renata Betti, ed. 2108, 15/4/09.

 


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