Em memória do Massacre de Eldorado de Carajás, MST realiza ato nas escadas da Alerj
 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Serra (MST) realizou um ato em defesa da Reforma agrária e contra os agrotóxicos, no dia 14 de abril, nas escadas da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro). O ato fez parte do mês de lutas pela Reforma Agrária em lembrança aos 15 anos do Massacre Eldorado dos Carajás, completados no dia 17 de abril. O MST recebeu do deputado Paulo Ramos (PDT), a Medalha Tiradentes em homenagem aos 25 anos de lutas e resistências do movimento.

Vitto Giannotti, escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), relacionou o massacre com a ditadura militar. Segundo ele, a mesma impunidade dos torturadores do regime aconteceu com os assassinos de Carajás: “Todos esses assassinos são absolvidos. Essa impunidade tem que acabar. Diversos países condenam seus torturadores e assassinos, e aqui no Brasil existe essa enorme impunidade, onde coronéis e criminosos não só não pagam por seus crimes, como muitas vezes são promovidos por eles. Isso precisa acabar”, afirmou.

Emanuel Cancela, do Sindicato dos Petroleiros do Rio, afirmou que é preciso abrir os olhos para a postura da mídia que, em grande parte, criminaliza os movimentos sociais: “A mídia que temos penaliza diariamente o MST. Além de muitas vezes não pagarem as concessões, prestam esse desserviço em apoio ao agronegócio. Vamos quebrar esse bloqueio. O MST é composto por famílias brasileiras que precisam de nosso apoio”.

Os manifestantes fizeram uma mística em lembrança ao massacre e ergueram diversas cruzes em representação aos mortos. Após uma série de falas e palavras de ordem como “Pátria livre, venceremos”, caminharam em direção ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), onde fariam uma ocupação como protesto pela lentidão no processo de reforma agrária no país.

Concentração: um problema do campo e da cidade

O Brasil é segundo país com maior concentração de terra no mundo, sendo 44% das terras agrícolas. Uma das grandes preocupações do movimento e o corte de 26% no orçamento da Reforma Agrária, que inviabiliza as desapropriações e o desenvolvimento dos assentamentos rurais.

A concentração de terra também se associa à expansão do agronegócio, que gera em grande escala o desemprego da população e aumenta o crescimento da violência urbana. Um sem número de famílias veem-se obrigadas a ocupar as periferias da cidade, onde as condições de moradia e assistência são extremamente precárias. Por isso o movimento defende a reforma agrária como fundamental para enfrentar esses problemas, gerar empregos, além de reduzir o êxodo de centenas de famílias do campo para a cidade.

Os agrotóxicos

O segundo eixo central da manifestação é a luta contra o uso de agrotóxicos pela indústria do agronegócio. Segundo a “Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida”, lançada em março deste ano, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, desde 2009. São mais de 1 bilhão de litros de venenos jogados nas lavouras, e cerca de 5 kg consumidos por cada cidadão ao ano. Dados da campanha apontam as consequências da contaminação da produção dos alimentos, dos rios e lagos, ao ambiente e ao homem. Uma série de doenças é causada, dentre elas: câncer, problemas hormonais, problemas neurológicos, má formação do feto, depressão, doenças de pele, problemas de rim, diarréia, vômitos, desmaio, dor de cabeça, problemas reprodutivos, contaminação do leite materno.

O modelo de agricultura exercido por grandes empresários nas grandes propriedades de terra (latifúndios) que utilizam a monocultura voltada para a exportação é o grande responsável por isso. O Brasil recentemente liberou o uso de sementes transgênicas, o que permite que as multinacionais manipulem as sementes de forma com que sejam resistentes aos agrotóxicos que essas mesmas empresas produzem o que obriga os agricultores a utilizarem maiores quantidades de veneno.

Os grandes ganhadores nesse cenário são as empresas, como a Syngenta, Bayer, Monsanto, Basf, Dow, Novartis, Dupont e Nufarm.

Veja fotos do ato: https://picasaweb.google.com/adufrj

FONTE: ADUFRJ

 


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