Negócios da Editora Abril na educação privada
 

Donos da Veja prosperam no mercado de livros didáticos e compram redes de ensino
 

 

A agressividade ideológica da Revista Veja, o panfleto ultraconservador e principal publicação da Editora Abril, é movida pela defesa dos privilégios e da barbárie do capitalismo no plano geral, mas não só. Agora se sabe que a truculência editorial com que a revista trata de temas específicos, especialmente quando o assunto é educação, é inspirada pelos interesses imediatos dos negócios dos seus donos. A Abril Educação, o braço de negócios da Editora Abril para o segmento de produção e comercialização de livros didáticos, acaba de comprar a Maxiprint Gráfica e Editora Ltda.

A Maxiprint, segundo o blog do jornalista Luis Nassif, “atua no segmento de criação, desenvolvimento e comercialização de sistemas de ensino voltados à educação infantil, ensino fundamental e médio, cursos pré-vestibulares e educação de jovens e adultos”. Ainda de acordo com a mesma fonte, o valor do negócio foi de R$ 43 milhões e a Abril garbosamente declara que, com a aquisição, passará a atender mais 85 mil alunos através das 343 escolas usuárias do Sistema Maxi de Ensino em todo o território nacional. E a empresa diz mais: o negócio fortalece a sua atuação no mercado de sistema de ensino com um produto didático complementar aos que já oferece hoje através dos sistemas Anglo e SER.

No início deste ano, a Abril Educação já havia ido às compras e adquiriu o Curso pH e o Colégio pH, aqui no Rio de Janeiro. São 6.600 estudantes nessas duas instituições. Quase ao mesmo tempo, a Abril Educação comprou 53% das ações do Grupo ETB (Escolas Técnicas do Brasil), em São Paulo. Em julho de 2010, o Grupo Abril anunciou a compra do Anglo, uma rede de educação especializada em cursos preparatórios para o vestibular. À época, a Abril Educação já havia se tornado a segunda maior empresa do setor no país e a previsão de faturamento para 2010 era de cerca de R$ 500 milhões. A Família Civita e o Grupo Abrilpar, liderados pelo empresário e editor Roberto Civita, e o fundo BR Educação, liderado pelo empresário Paulo Guedes, controlam a Abril Educação. Detêm ainda as Editoras Ática e Scipione e controlam o Sistema de Ensino SER e o Curso e Sistema de Ensino Anglo.

Em abril deste ano, o Jornal da Adufrj reproduziu artigo assinado pelos professores Gaudêncio Frigotto, Zacarias Gama, Eveline Algebaile, Vânia Cardoso da Mota e Hélder Molina. O texto era um repúdio a artigo de Gustavo Ioschpe, um desses “especialistas” recrutados pelos veículos das grandes corporações da mídia brasileira. O texto indigente assumia no título a sua natureza – “Hora de peitar os sindicatos”.

Num trecho do artigo dos professores está dito: “O que trafega nessa grande mídia, no mais das vezes, são artigos de prepostos da privataria, cheios de clichês adornados de cientificismo para desqualificar, criminalizar e jogar a sociedade contra os movimentos sociais defensores dos direitos que lhes são usurpados, especialmente contra os sindicatos que, num contexto de relações de superexploração e intensificação do trabalho, lutam para resguardar minimamente os interesses dos trabalhadores.”

 

Fonte: ADUFRJ

 


Coletânea de artigos


Home