Sindicato questiona a omissão do prefeito de Seropédica e do reitor da UFRRJ na ação contra o ‘lixão’
 

A Associação de Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - ADUR-RJ S. Sind. está envolvida na luta contra a construção de um aterro sanitário em Seropédica desde dezembro de 2009. Já promoveu debates com especialistas da UFRRJ, como os docentes Mauro Guimarães, Maria Hilde Góes, Edvá Britto, e com a especialista da Embrapa, Dra. Rosângela Straliotto, para fundamentar a discussão sobre o tema. Todos, em diferentes momentos, ressaltaram a gravidade do empreendimento para a cidade e para a Rural.

Para que a comunidade universitária e os moradores de Seropédica se engajassem com intensidade na luta contra o Centro de Tratamento de Resíduos - CTR, a ADUR-RJ participou da fundação do Fórum de Mobilização contra o aterro sanitário, que, já realizou audiências públicas, manifestações, e produziu vários cartazes, panfletos, jornais, faixas e outros materiais de divulgação para denunciar os riscos do aterro para o município e regiões vizinhas.

A ADUR-RJ levou o debate ao ANDES - Sindicato Nacional, que apoiou a luta aprovando moção de repúdio ao INEA e ao governador do Estado do Rio de Janeiro, pela omissão diante das MUITAS denúncias que envolvem a construção do aterro em área de proteção ambiental. Dentre elas, os riscos que o empreendimento pode causar ao aqüífero Piranema – reservatório natural de água potável que poderia abastecer à Baixada Fluminense, bem como à Bacia do rio Guandu. Além do risco de crime ambiental, o aterro sanitário impedirá o desenvolvimento de uma cidade com vocação agrícola e trará inconvenientes para os seus moradores ao permitir que cerca de nove mil toneladas diárias de lixo sejam despejadas no município. 

Cadê o reitor da UFRRJ? ADUR-RJ entra na justiça contra o aterro sanitário

A seção sindical tem questionado a omissão do reitor da UFRRJ, Prof. Ricardo Motta Miranda, que, até o presente momento não ingressou com ação judicial contra o CTR, conforme deliberação (de junho de 2010, novamente reforçada em dezembro do ano passado) do Conselho Universitário - CONSU da instituição. A ADUR-RJ entrou em um conjunto de ações judiciais já existentes, cujos proponentes são movimentos da sociedade civil organizada, que questionam a construção do aterro. Esta seção sindical entende que, se a UFRRJ cumprir a deliberação do CONSU, o debate será ampliado, encontrando ressonância no âmbito federal. Por que a UFRRJ não cumpre a decisão do CONSU?

A ADUR-RJ também tem estranhado bastante o silêncio do prefeito de Seropédica, Alcir Fernando Martinazzo, sobre o tema. O que ele pensa sobre o CTR? O que tem feito de fato para frear o empreendimento na região? Por que permite que representantes do município do Rio de Janeiro emitam considerações sobre a obra que está sendo realizada em Seropédica? O que fazem o reitor da UFRRJ e o prefeito, concretamente, contra o CTR na cidade? N-A-D-A!!!

Por que uma autoridade participa das manifestações junto com a comunidade, mas não usa sua liderança política para interromper a instalação do aterro? Além da justiça, ainda há outros meios para resguardar o patrimônio universitário e municipal, mas lamentavelmente, esse peso político ainda não foi utilizado.

Durante a manifestação da comunidade na ALERJ, no dia 31/3, e em reunião com representantes da sociedade civil, no dia 04/4, alguns deputados afirmaram que, se os vereadores e o prefeito de Seropédica são contra o aterro sanitário no município, eles têm como resolver o impasse e impedir a instalação do CTR na cidade. Por que não o fazem? 

Críticas contra o CTR têm respaldo técnico e científico

Engajado na luta contra a instalação do CTR em Seropédica, Cícero Pimenteira pesquisador da Coppe/UFRJ e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro a transferência da disposição final de resíduos de Gramacho para o município de Seropédica é um equívoco, um erro no planejamento estratégico do estado no médio e longo prazo. “O local proposto está situado sobre o aquífero Piranema e próximo ao rio Guandu, que é responsável pelo abastecimento de água do Rio de Janeiro. O risco de contaminação é muito alto”, adverte o pesquisador. Segundo Cícero, a escolha de Seropédica também é um erro em termos de planejamento estratégico de longo prazo, se consideradas as condições físicas da região”, disse o docente em entrevista para o site Planeta Coppe (http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=1289)

O aterro de Gramacho já atingiu o seu limite. “É necessário um substituto imediato, mas, estrategicamente, é um equívoco em termos de planejamento e de risco ambiental”, critica. (…) Hoje, não entendemos como foi possível instalar o aterro de Gramacho em cima de um manguezal, mas discute-se a implantação de um aterro sobre um aquífero que poderá suprir o abastecimento de água para o estado. As consequências podem ser desastrosas”, alerta o docente, que é doutor em Planejamento Energético pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 


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