A ADUR-RJ apóia o manifesto Slow Science
 

Idealizado por cientistas alemães, o Slow Science (Ciência Lenta) defende a desaceleração do processo de produção científica, baseando sua crítica na relação entre tempo e qualidade de pesquisa. A assinatura do texto original é da Slow Science Academy (www.slow-science.org), sediada em Berlim, e a tradução para o português é de José Eisenberg com revisão de Antonio Engelke.

A ADUR-RJ apóia o manifesto Slow Science e se alinha ao movimento na crítica à corrida científica unicamente quantitativa, que representa o distanciamento de pesquisas que realmente proporcionem mudanças para fora do universo acadêmico, ou seja, para o bem comum da sociedade de maneira geral, além de ser fator crucial na precarização do trabalho docente.

Para apoiar o movimento, basta divulgá-lo em sua instituição. Você também pode assinar a petição de apoio ao Movimento Slow Science, no link <http://slowscience.fr/?page_id=68>.

 


SLOW SCIENCE

 

Somos cientistas. Não blogamos nem tuitamos. Não temos pressa. 

Sem mal entendidos. Somos a favor da ciência acelerada do início do século XXI. Somos a favor do fluxo interminável de revistas com pareceristas anônimos e seu fator de impacto; gostamos de blogs de ciência e mídia, e entendemos as necessidades que relações públicas impõem. Somos a favor da crescente especialização e diversificação em todas as disciplinas. Queremos pesquisas que tragam saúde e prosperidade no futuro. Estamos todos neste barco juntos. 

Acreditamos, entretanto, que isto não basta. A ciência precisa de tempo para pensar. A ciência precisa de tempo para ler, e tempo para fracassar. A ciência nem sempre sabe onde ela se encontra neste exato momento. A ciência desenvolve-se de forma instável, através de movimentos bruscos e saltos imprevisíveis à frente.  Ao mesmo tempo, contudo, ela muitas vezes emerge lentamente, e para isso é preciso que haja estímulo e reconhecimento. 

Durante séculos, slow science foi praticamente a única ciência concebível; para nós, ela merece ser recuperada e protegida. A sociedade deve dar aos cientistas o tempo de que eles necessitam, e os cientistas precisam ter calma. 

Sim, nós precisamos de tempo para pensar. Sim, nós precisamos de tempo para digerir. Sim, nós precisamos de tempo para nos desentender, sobretudo quando fomentamos o diálogo perdido entre as humanidades e as ciências naturais. Não, nem sempre conseguimos explicar a vocês o que é a nossa ciência, para o que ela servirá, simplesmente porque nós não sabemos ainda. A ciência precisa de tempo. 

– Tenham paciência conosco, enquanto pensamos. 

(tradução de José Eisenberg; revisão Antonio Engelke)

 

 


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