Ativista denuncia que mídia distorce realidade da luta na Síria
 

Nas últimas semanas, Sara Al Suri, ativista da Resistência Síria, percorreu o Brasil em debates organizados por entidade sociais e movimentos sociais para falar sobre a realidade em seu país e discutir a importância da internacionalização da luta de classes.  A militante veio ao país a convite da CSP-Conlutas.

Entre vários eventos que participou, a ativista esteve em Curitiba para participar do debate sobre a Primavera Árabe e a Revolução na Síria promovido pelo ANDES-SN Regional Sul, movimentos e entidades filiadas e organizações sindicais, no dia 5 deste mês.

Sara apontou que as informações trabalhadas pela mídia Pró-Bashar al-Assad, no Brasil e no mundo, são muitas vezes distorcidas e descoladas da realidade e que buscam negar a Revolução que vem ocorrendo na Síria. Frequentemente as informações são apresentadas sobre dois espectros: como uma guerra religiosa entre diferentes setores da sociedade e que o que o ocorre hoje na Síria é resultado da presença de mercenários americanos no país.

Segundo Sara, a mídia busca também separar a Revolução Síria da chamada Primavera Árabe e das outras manifestações que vêm ocorrendo pelo mundo, como a mobilização dos estudantes em Québec e as greves gerais na Europa, como se estes fossem fatos isolados que não fizessem parte de um movimento internacional. "A estratégia da mídia burguesa é tentar negar o caráter internacional da revolução por temor ao internacionalismo", aponta.

A ativista apresenta que em alguns locais da Síria existem as chamadas zonas livres, que são espaços de autogestão e auto-organização, que estão permitindo uma nova experiência ao povo sírio.  "Estes espaços servem não só para por em xeque a ideia defendida pelo regime de que o povo sírio só pode ser governado de forma violenta e pela coesão, Mas também põe em xeque a ideia dos orientalistas europeus, que colocam a necessidade de outras instituições irem para educar o mundo árabe, o que pode ser chamado também da Síndrome do Homem Branco. É por isso que eu considero estes espaços livres importantes e muito simbólicos", afirma.

A militante denuncia que, sobre um discurso socialista falso, Hugo Chávez dá total apoio ao governo de Bashar al-Assad na luta armada na Síria. De acordo com Sara, Chávez apresenta três justificativas para legitimar o apoio ao regime: Bashar al-Assad é um anti-imperialista; que o regime defendido por Assad é socialista e que este é o último pilar de resistência palestina. "Chávez não só apóia o regime Assad, como mandou diesel para os mesmo aviões que bombardearam vilarejos na Síria, portanto ele dá apoio material e essencial para a contra-revolução na Síria".

A importância do debate

Para Sara a importância de se trazer este debate para o Brasil e para os trabalhadores brasileiros está em dois aspectos: a primeira por poder retornar a Síria com a quebra de convicções de esquerda estabelecidas. "Levamos de volta para casa a ideia de que a esquerda não é apenas estadista castrochavista. O que nos ajuda e nos fortalece muito enquanto militantes de esquerda que querem avançar a revolução e colocar para eles de que existe outra esquerda, porque hoje na massa há muita oposição as ideias da esquerda porque a esquerda que chega é a que defende o massacre do povo."

 

Segundo, pela troca de experiências que esse debate proporciona. "Isso constrói importantes experiências para que nós possamos levar para a Síria a construção de movimentos como ocorrem no aqui no Brasil. Poder entender o que é uma atividade de frente, um partido revolucionário, um partido reformista da classe trabalhadora. Entender todas as dinâmicas é algo que nos enriquece para que possamos construir um movimento baseado nessas experiências."

Para 1ª vice-presidente do ANDES-SN Regional Sul, Maria Suely Soares, trazer este debate para o Brasil e para Curitiba é importante para que a população possa entender o que esta realmente acontecendo na Síria. "A gente precisava conhecer mais a luta do povo sírio e dos outros povos do Oriente Médio que vivem em função de uma opressão que é muito grande, que representa os braços do capitalismo também."

A ativista

Aos 24 anos, Sara Al Suri é exilada política no Líbano. Há sete meses, por força de um mandado de prisão, ela deixou a Síria, país onde nasceu e cresceu. Sem poder continuar a participar da resistência contra al-Assad em seu próprio país nem voltar para casa na capital Damasco, Sara atua na revolução pela internet e em debates pelo mundo.

 

*Com edição do ANDES-SN

 

 

Fonte: Apufpr - Seção Sindical, 12/12/12.

 

 


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