Moradores de Pinheirinho deixam igreja e CSP-Conlutas lança campanha de apoio
 

Os desabrigados de Pinheirinho, que foram expulsos de suas casas no último domingo (22) e estavam em uma igreja e São José dos Campos, deixaram nessa quarta-feira (25) a igreja em que estavam alojados e foram para um abrigo oferecido pela prefeitura. De acordo com matéria do site UOL, a prefeitura não enviou ônibus para fazer o transporte dos desalojados, entre eles idosos e crianças, que, para chegar ao novo local, tiveram de caminhar por cerca de uma hora carregando seus animais de estimação e sacolas. A distância entre a igreja é o abrigo é de 4 km e durante o horário da travessia fazia um calor de 35º graus no local.

Desde a desocupação da área do Pinheirinho que os desabrigados preferiram ficar em igrejas, pois desconfiavam dos abrigos oferecidos pela prefeitura de São José dos Campos. Desalojados com violência, temiam qualquer ação municipal. Nessa terça-feira (24), no entanto, eles decidiram ir para o abrigo, pois a prefeitura não estava dando nenhuma assistência. Os mantimentos estavam sendo doados por entidades que apoiam os moradores.

De acordo com o site da CSP-Conlutas, cerca de 1 mil moradores do Pinheirinho se refugiaram na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Colonial. Os homens dormiam no lado de fora, ao relento, já que o padre liberou a parte interna só para as mulheres e crianças. Não havia colchonetes, material de higiene, remédios, roupas e alimentos suficientes.

“Os demais centros para onde a prefeitura enviou uma pequena parte de moradores também são precários e as pessoas seguem sem informação e orientação da prefeitura. Em abrigos improvisados, como na Quadra Poliesportiva da região, não tem água para beber e nem tampouco nos banheiros existentes”, denuncia a CSP-Conlutas

Campanha

Como forma de ajudar, a Central lançou a Campanha de Solidariedade Urgente ao Povo do Pinheirinho. As doações podem ser feitas por meio da conta bancária da CSP-Conlutas ( Banco do Brasil, Agência 4223-4, Conta Corrente 8908-7), que também está arrecadando alimentos, roupas, remédios e material de higiene.

“A Central, através de algumas entidades filiadas, já arrecadou emergencialmente até o momento cerca de R$ 50 mil, o que é muito pouco diante das necessidades dessas famílias. Por isso é importante que todas as entidades e sindicatos filiados contribuam com a campanha financeira”, enfatiza a CSP-Conlutas em nota divulgada no site da entidade.

“Se do Governo estadual e municipal do PSDB prevaleceram a violência, a irresponsabilidade e a omissão, vamos demonstrar que de nossa parte não faltarão ações de solidariedade. Este povo, que neste momento caiu, poderá se levantar com a nossa ajuda!”, conclui a nota.

Durante esta semana, foram realizados atos públicos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Londrina e Fortaleza, entre outras cidades, contra a desocupação dos moradores do Pinheirinho. No 31º Congresso do ANDES-SN, realizado de 15 a 20 de janeiro, também foi aprovada uma moção de apoio às famílias do local.

Luta continua

O texto também denuncia que os moradores do Pinheiro estão vendo suas casas serem demolidas com seus pertences dentro, “num ato de total vandalismo e irresponsabilidade por parte da prefeitura”. A Central diz, ainda, que ela e as demais entidades a favor dos moradores “não vão abrir mão de exigir dos governos que garantam condições dignas para as famílias desalojadas do Pinheirinho”, que estão em situação alarmante, alojados em locais sem infra-estrutura.

Mesmo vendo suas casas destruídas, os moradores do Pinheiro vão continuar insistindo para ter seu chão de volta.Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (25), o advogado dos moradores, Antonio Donizeta Ferreira, disse que o movimento continuará brigando para obter de volta a área do Pinheirinho e que a desapropriação pode ser feita por qualquer um dos três entes federativos. “O governo federal, estadual e municipal podem fazer, é só declarar que a área é de interesse social. É uma questão de vontade política”, afirmou Ferreira.

Desaparecidos

Segundo os moradores, sete pessoas estão desaparecidas desde a desocupação, na noite de domingo. Em assembleia na noite de terça-feira (24), os desabrigados criaram uma comissão para procurar essas pessoas.

Um dos presentes, o servidor público Antonio Carlos dos Santos, 63, afirma não ter notícias da irmã e de três sobrinhos desde a desocupação. Ele deixou o município de Caçapava e foi até São José dos Campos atrás dos familiares, mas diz que não os encontrou nos abrigos onde estão as famílias. “Estou desesperado. Já faltei no trabalho dois dias para procurá-los, mas não os acho."

Área

Com 1,3 milhão de metros quadrados, a área que abrigava a comunidade pertencia à massa falida da Selecta, do investidor Naji Nahas. O terreno havia sido ocupado há oito anos pelas famílias e foi desocupado por decisão do Tribunal de Justiça do Estado.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), havia cerca de 6.000 moradores no Pinheirinho.

 

Com informações da Agência Brasil, da CSP-Conlutas e do site UOL

 

 

Fonte: ANDES-SN, 26/1/12.

 


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