Mais de 300 diretores de hospitais de Madri pedem demissão
 

Iniciativa é uma tentativa de evitar privatização de hospitais na região

Mais de 300 profissionais de saúde da comunidade autônoma de Madri, na Espanha, pediram, nesta terça-feira (08/01), a demissão dos cargos de direção dos hospitais da região, cumprindo a promessa feita no último mês de dezembro, quando assinaram os pedidos mas não os entregaram ao Conselho de Sáude regional. Os trabalhadores protestam contra reformas e privatizações do setor pelo governo regional.

Ao todo, 322 integrantes de corpos diretivos de 137 hospitais, mais da metade dos 260 sob responsabilidade do governo, apresentaram o pedido ao Conselho de Saúde madrilenho. Somam-se a eles outros 46 diretores suplentes, totalizando 368 postos vagos. Além das demissões, o conselho também recebeu outras 3 mil assinaturas de profissionais que renunciam a participar de comissões organizadoras, ou seja, não assumirão novos cargos diretivos mesmo após as demissões.

Em pelo menos 90 hospitais, toda a direção apresentou demissão, o que compreende um diretor médico, um representante de enfermaria e outro de administração, enquanto que em 60 deles nenhum dirigente apresentou carta de renúncia.

Paulino Cubero, porta-voz da Plataforma de Equipes Diretivas dos Centros de Saúde,  grupo que organizou a mobilização do setor, afirma que, caso todo esses profissionais deixem os cargos e com as recusas dos que ficarão, o setor de saúde regional em Madri entrará em colapso. O Conselho Regional simplesmente não poderia, na visão de Cubero, substituir todos esses funcionários.

Segundo ele, as demissões e assinaturas são uma medida de pressão para tentar reverter o processo e forçar um diálogo com o governo regional para que soluções alternativas apresentadas anteriormente sejam debatidas.

A organização não descarta entrar na Justiça para tentar impedir o processo, por entender que a privatização vai de encontro com o princípio de universalização de saúde e livre escolha de atendimento.

As renúncias serão efetivadas a partir do momento que o comece a ser executado o plano de privatização de 27 centros de atenção primária.

Cubero admite que a medida é radical e foi planejada durante meses, por ser a única maneira possível ante a abertura de um diálogo por parte do Conselho Regional de Saúde, comandado por Javier Fernández-Lasquetty, e para a falta de visão do órgão governamental para implementar um projeto autônomo para a saúde regional.

"Não nos deram outra alternativa e não temos nada a perder. No momento que disserem que o hospital onde trabalho será privatizado, meu papel como diretor desaparece. Não podemos ficar parados até que essa decisão seja tomada”, disse Cubero.

Na carta, os demissionários afirmam que, “como trabalhadores da saúde pública (...) nossa lealdade ao Serviço Madrilenho de Saúde nos obriga a não colaborar para o seu desmantelamento como executores passivos de medidas que prejudicam profissionais e pacientes".

Os diretivos dos centros médicos criticam também a decisão do governo, nas mãos do conservador Ignacio González, do PP (Partido Popular), de "entregar os recursos públicos às mãos privadas com a ilusão de obter menores custos, ignorando a acreditada capacidade dos seus próprios profissionais”.

O conselheiro regional de Saúde, Javier Fernández-Lasquetty, afirma que “lamenta muito a decisão”, mas que, caso os postos fiquem vagos, serão substituídos imediatamente.

 

 

Fonte: Opera Mundi.

 


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