Estudantes de medicina da Usfcar encerram greve e pedem fechamento do curso
 

Após 82 dias de greve, os estudantes do 1º ao 4º ano de medicina da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) decidiram encerrar a paralisação iniciada em março de 2013. Os alunos denunciam a falta de preceptores – médicos da rede que acompanham e orientam a prática profissional dos alunos -, além da ausência de laboratórios, salas de aula e hospital escola. O movimento avalia que a universidade não possui condições mínimas para a realização de um curso de medicina de qualidade, e pedem ainda o fechamento do curso. A decisão foi tomada em assembleia realizada na última terça-feira (4).

Em ofício publicado no dia 5, os estudantes afirmam que a situação em que se encontram é reflexo de uma política de sucateamento e precarização da saúde pública e da educação. “No futuro o Brasil sofrerá as consequências dessas medidas na qualidade do atendimento de saúde que a população receberá”, diz o texto. “Estamos hoje sem hospital escola, sem prédios e laboratórios, que estão atrasados há anos, numa política que não pode se dar ao luxo de planejar e garantir uma estrutura antes de abrir um curso. Numa política educacional de criar cursos sem investimentos. O que o Brasil não pode se dar ao luxo é de formar médicos de forma tão irresponsável, pois isso não está acontecendo apenas em São Carlos, mas no país todo. Saúde não é luxo”, denunciam os estudantes, por meio do ofício (confira na íntegra).

Apesar do fim da greve, não há previsão para o retorno às aulas, visto que os médicos preceptores ainda não foram contratados. O edital para seleção dos médicos foi publicado em 24 de maio e tem validade de 30 dias, mas ainda pode ser prorrogado. Segundo a Reitoria, as aulas permanecerão suspensas até que as vagas sejam preenchidas.  

Segundo os estudantes, mesmo após a aprovação de lei municipal que abriu o edital de contratação dos preceptores a situação não mudou, pois os médicos da cidade não se interessaram em atuar no curso da Ufscar, visto que receberão R$ 21,48 por hora, o que dá aproximadamente R$ 19 com os descontos. De acordo com os alunos, mesmo com este valor, muitos médicos já trabalharam por anos sem receber pela atuação. Apesar das poucas vitórias, os estudantes consideram a criação da lei um avanço.

Devido à situação precária instalada na universidade, e pela falta de condições adequadas para o ensino na medicina, os estudantes pedem que o curso seja fechado para evitar que outras pessoas ingressem na faculdade que não possui estrutura compatível. “Não queremos ser coniventes com a negligência na formação dos futuros médicos do Brasil. Por isso os alunos exigem que as providências para garantir uma formação daqueles que já estão matriculados sejam tomadas, por realocação em outras universidades públicas, dessa vez com qualidade”, acrescentam.

“Declaramos o fim da greve e agora esperamos a posição dos gestores do curso. Saímos dessa greve sem nem mesmo perspectivas de volta às aulas práticas, não sabemos mais o que fazer, não sabemos pra quem mais apelar, não queremos mais ter que fazer papel de gestor do curso, da Reitoria, do Ministério, não temos as soluções de nossos problemas”, desabafam os estudantes no blog da Greve Estudantil Medicina da Ufscar, em publicação na última sexta-feira (7).

Movimento

Em greve desde 15 de março, os alunos paralisaram todas as atividades no curso de medicina, visto que 77% da carga horária estão relacionadas a práticas profissionais que passavam por impasse entre a Prefeitura e a reitoria.

 

 

* Com informações do Uol Educação e Blog Greve Estudantil Medicina Ufscar

 

Fonte: ANDES-SN, 10/6/13.

 


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