Franceses fazem greve contra reforma que retarda aposentadoria
 

Manifestações para protestar contra o projeto de reforma das aposentadorias apresentado pelo governo foram organizadas em todo o país por quatro sindicatos e diversas associações

De acordo com agências internacionais de notícias, a França enfrentou, nesta terça-feira (10), um dia de greve geral contra uma nova reforma nas aposentadorias, a primeira do governo socialista de François Hollande. A mobilização, convocada por quatro centrais sindicais e associações de aposentados, é apoiada pela maioria dos franceses. As manifestações ocorreram em Paris e outras 180 cidades.

O projeto de reforma socialista aumenta o tempo de contribuição para obtenção do benefício e também os descontos na folha de pagamento para patrões e empregados. Pelos cálculos do governo, o déficit no caixa da Previdência em 2020 atingirá 20 bilhões de euros. A França enfrenta uma situação econômica difícil, com 10,4% da população ativa desempregada, o que agrava ainda mais a situação.

Ainda segundo as agências, entre 61% e 63% dos franceses consideram a greve justa. O principal ponto de insatisfação com a reforma é o aumento gradual do tempo de contribuição. O plano francês deve ampliar gradualmente o número de anos em que os funcionários têm que pagar contribuições para reivindicar uma pensão integral. O período de contribuição passará de 41,5 anos, para 43 anos em 2035.

De acordo com as agências de notícias, a medida é criticada principalmente pelos franceses que têm hoje de 18 a 34 anos, e alegam que a entrada no mercado de trabalho é cada vez mais difícil e tardia, seja pelos longos estudos para quem visa um bom emprego quanto pelos estágios irregulares e mal pagos no início da carreira. Com a reforma, um universitário que ingressar na vida profissional com 24 anos precisará trabalhar até 67 anos para receber a pensão completa.

A idade mínima legal da aposentadoria continua sendo de 62 anos, de acordo com outra reforma aprovada no governo Sarkozy, mas, na prática, aumentando o número de trimestres de contribuição, automaticamente os franceses terão de trabalhar até mais tarde. Neste ponto, segundo as reportagens, há um problema grave: na Europa, a França é um dos países campeões de desempregados com mais de 50 anos. As empresas forçam a saída dos sêniores, seja porque eles atingiram um salário elevado ou porque eles se desatualizaram por falta de investimento em requalificação. Outra crítica ao projeto é que o governo manteve os privilégios de certas categorias: ferroviários, eletricitários e motoristas de ônibus, por exemplo, continuam tendo o direito de se aposentar com 55 anos. Militares e policiais se aposentam em média com 45,7 anos.

 

* Com informações da RFI e Associated Press

 

 

 

Fonte: ANDES-SN, 11/9/13.

 


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