REFORMA UNIVERSITÁRIA DO GOVERNO LULA: RETORNO
DO PROTAGONISMO DO BANCO MUNDIAL E DAS LUTAS ANTINEOLIBERAIS

 

 

Prof. Roberto Leher (UFRJ/CLACSO-LPP-UERJ)

 

            O governo Lula da Silva recolocou em movimento a engrenagem de uma reforma universitária que, se exitosa, estraçalhará a concepção de universidade da Constituição Federal de 1988 e o futuro dessas instituições. A partir de um tripé constituído pelo Banco Mundial, pelo próprio governo de Lula da Silva e por uma ONG francesa, ORUS, dirigida por Edgar Morin, está sendo erigido um falso consenso que poderá redefinir profundamente a universidade brasileira e quiçá de diversos países latino-americanos, representando a vitória de um projeto asperamente combatido por sindicatos, estudantes, reitores, entidades científicas, fóruns de educadores e partidos, no curso da última década: a conexão com o mercado e, mais amplamente, a conversão da educação em um mercado. E, não menos relevante, será mais uma oportunidade perdida de reforma verdadeira dessas instituições que, ao longo de sua breve, mas intensa história, ainda não viveram um processo democrático de reforma, a partir de seus protagonistas, para afirmá-la como instituição pública, gratuita, autônoma, universal, locus de socialização e de produção de conhecimento novo. 

   Com efeito, após duas décadas de resistências às reformas do Banco Mundial, a realização de seu programa educacional seria uma amarga e profunda derrota para a universidade pública. Os (neo) crédulos poderiam objetar que o Banco aceitaria uma nova agenda menos deletéria para a universidade, pois a organização criada em Bretton Woods, conforme certa leitura sui generis de sua história recente, tem demonstrado maior preocupação social. Ademais, a assessoria do ORUS, entidade dirigida inclusive pelo ministro da educação brasileiro, e a própria natureza do governo Lula, cujo partido tem  estreita ligação com as lutas educacionais, poderiam criar um novo marco, superando, assim, os históricos propósitos neocoloniais do Banco.

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