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05/06 – Dia do Meio Ambiente: comemorar o quê?

7 de junho de 2022

#ADUROnline

Por Lilian Couto Cordeiro Estolano e Ana Maria Dantas Soares

Dia 05 de junho é reconhecido mundialmente como uma data para reflexão sobre as questões ambientais. A referida data faz alusão a abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, ocorrida em 1972 e que deu origem, em dezembro do mesmo ano, ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Tal evento constituiu-se num marco que orientou sobremaneira a construção das políticas ambientais dos países e, sobretudo, a política ambiental brasileira.

Entre os desdobramentos da Conferência de Estocolmo está o relatório “Nosso Futuro Comum” que data de 1987  e cunhou o discutível, polêmico e frágil conceito de Desenvolvimento Sustentável:

“(…) é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.”

A comissão responsável pela elaboração do relatório faz recomendações importantes acerca da questão ambiental planetária e sinaliza a realização de outro evento organizado pela ONU, a saber, a Cúpula da Terra, conhecido também por Rio-92, por ter sido realizado na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1992. Tal evento tem entre seus principais desdobramentos a adoção da AGENDA 21 como programa de ações que deveriam conter a insustentabilidade do desenvolvimento econômico-industrial.

Passados 50 anos da primeira conferência e 30 anos da Conferência ocorrida em nosso país, o que temos visto passar por aqui é a boiada, literalmente:  a criação extensiva de gado, um dos símbolos fortes do agronegócio, responsável pela pressão sobre as fronteiras ainda preservadas em nosso país e que vem pressionando fortemente a demarcação das terras indígenas. Agronegócio esse muito bem  salvaguardado pela bancada ruralista, também conhecida por bancada do boi e que se veste de sustentável em seu discurso, mas que na verdade é sustentável apenas para os oligarcas perpetuarem-se no poder.

Todo o estatuto legislativo e programático construído às custas de muitos embates e posicionamentos firmes das comunidades e redes ambientalistas brasileiras, vem sendo soterrado metafórica e literalmente pelas catástrofes ambientais provocadas direta e indiretamente pela ação superexploratória do ambiente: casos como Brumadinho e Mariana, e os eventos climáticos extremos vividos na região Serrana Fluminense, na Bahia e, agora, em Pernambuco, sem falar na pandemia da Covid-19.

Soma-se a isso a política negacionista do governo federal que vem desmontando com requintes de crueldade as políticas instituídas e as instituições: não realização de concursos para a área ambiental, extinção de setores da Educação Ambiental no Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Educação, sucateamento e precarização do IBAMA e ICMBio.

Já é consenso que a crise ambiental profundamente marcada em nossa sociedade a transição temporal do século XX para o século XXI  constitui-se numa crise civilizatória e da racionalidade instrumental. Trata-se de uma crise do nosso tempo (Leff, 2003). A crise ambiental, para Leff (2003) está relacionada ao conhecimento e, por isto necessita urgentemente superar o desafio de vencer as barreiras do individualismo exacerbado em que a sociedade do consumo nos quer subordinar, trazendo a necessidade de ressignificar o conhecimento de forma solidária e horizontalizada.

Superar o bolsonarismo e sua política predatória torna-se urgente. O bolsonarismo aprofunda o Pensamento Abissal (SANTOS, 2007). O bolsonarismo é uma face do colonialismo que se pretende eternizar e insiste em ser constitutivo das relações sociais e econômicas excludentes. O bolsonarismo é o último suspiro do colonialismo.

 

Para saber mais:

LEFF, E. (Coord.). A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez. 2003.

SANTOS, B.S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estud. – CEBRAP,  São Paulo ,  n. 79, p. 71-94,  Nov.  2007

ADAMS, Berenice G. Desmonte geral das Políticas Ambientais no Brasil. Disponível em: https://ihu.unisinos.br/espiritualidade/78-noticias/618293-o-desmonte-geral-da-politica-ambiental-brasileira-e-seus-reflexos-artigo-de-berenice-gehlen-adams.

 

Lilian Couto Cordeiro Estolano é professora do Departamento de Teoria e Planejamento de Ensino/IE/UFRRJ e pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (GEPEADS/UFRRJ).

Ana Maria Dantas Soares é professora do Departamento de Teoria e Planejamento de Ensino/IE/UFRRJ e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (GEPEADS/UFRRJ).

 

*ADUR ONLINE é um espaço aberto aos docentes e pesquisadores da UFRRJ e de outras Universidades também. As opiniões expressas no texto não necessariamente representam a opinião da Diretoria da ADUR-RJ.


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