Novembro Negro – Adilbênia Machado
👩🏾🦱 Continuando as postagens temáticas sobre o mês da Consciência Negra, hoje a ADUR traz o relato da professora de Educação e Filosofia, no Instituto Multidisciplinar, Adilbênia Machado. A professora cursou a graduação na Universidade Estadual do Ceará e se frustrou ao perceber que o curso tratava da filosofia de uma perspectiva eurocêntrica. Foi assim que Adilbênia começou, há quase 20 anos, a pesquisar as filosofias africanas, afro-brasileiras e sertanejas.
💬 “Eu era aquela que era reconhecida, conhecida ou dita, pelos professores principalmente, como exótica, a beleza exótica, a que pesquisa algo exótico. Aquela que não pôde escrever uma monografia sobre filosofia africana em 2005 e 2006 porque ninguém pesquisava isso, segundo a minha Universidade […] Enquanto docente também busco sempre trabalhar perspectivas plurais fazendo sempre uma crítica: a gente vai estudar o cânone, entretanto é preciso refletir sobre aquilo que não está em nossos currículos e porque não está em nossos currículos, fundamentalmente o pensamento afro-referenciado”.
📖 Confira o relato completo da professora.
Sou a professora Adilbênia Machado, faço parte do Instituto Multidisciplinar, no Departamento de Educação e Sociedade. Sou professora de educação e filosofia, filosofia e educação. Sou graduada em filosofia, mestre e doutora em educação. Há quase 20 anos pesquiso as filosofias africanas mediadas pelas filosofias da ancestralidade, do encantamento, refletindo currículos e metodologias afro-referenciadas.
Compreendendo que a descolonização do conhecimento perpassa diversas áreas, a aplicação da lei 10.639 e 11.645, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena. Não é apenas falar sobre a história dos povos africanos, afro-brasileiros e indígenas, mas é trazer perspectivas outras do nosso pensar, do nosso modo de aprender, do nosso modo de ensinar. Portanto é a gente repensar as nossas metodologias, repensar os nossos currículos. Os nossos currículos têm que ser mais pautados na história brasileira, desde essa formação multicultural, plural, fundamentalmente tecida pelas culturas africanas, indígenas e europeias. Mas acho que a gente tem que potencializar mais as vozes afro indígenas nesse país.
Sou do sertão cearense, um dia eu acreditei que a filosofia, e aí hoje eu tenho dito que os nossos cursos de filosofia nas universidade neste país são cursos em filosofia ocidental, demarcadamente eurocêntrica. Não são cursos de filosofia desde uma perspectiva plural, que aborda diversas filosofias africanas, latino-americanas, orientais e etc. Mas um dia eu acreditei que a filosofia, o curso de filosofia iria me permitir conhecer as múltiplas vozes que teciam principalmente o meu sertão. As vozes afro indígenas sertanejas.
Ao chegar no curso e perceber um currículo eurocentrado, euro referenciado que me negava enquanto mulher, enquanto negra, enquanto sertaneja, enquanto periférica, comecei a questionar a não-existência de filosofias africanas e afro brasileiras no currículo e eu mesma comecei a pesquisar sobre essas filosofias. Então já são quase vinte anos pesquisando essas filosofias e só agora que a gente consegue ver um pouco de abertura de alguns cursos de filosofia em universidades federais e estaduais do Brasil para pensar filosofias africanas, afro brasileiras, afro referenciadas.
Então a minha experiência enquanto discente era essa busca. Eu era aquela que era reconhecida, conhecida ou tida, pelos professores principalmente, como exótica, a beleza exótica, a que pesquisa algo exótico. Aquela que não pôde escrever uma monografia sobre filosofia africana em 2005, 2006 porque ninguém pesquisava isso segundo a minha universidade, a Universidade Estadual do Ceará. Então fui para a área da educação, até tenho dito que no Brasil, para se filosofar é preciso sair dos cursos de filosofia e ir para os cursos de pós-graduação em educação. Enquanto docente também busco sempre trabalhar perspectivas plurais fazendo sempre uma crítica: a gente vai estudar o cânone, entretanto, é preciso refletir sobre aquilo que não está em nossos currículos e porque não está em nossos currículos, fundamentalmente o pensamento afro referenciado.
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