Em roda de conversa, ADUR debate assédio nas universidades

20 de abril de 2023
Assessoria de Comunicação da ADUR-RJ
A ADUR promoveu nesta quarta-feira, 19, uma roda de conversa on-line para discutir a prática do assédio dentro do ambiente universitário. Participaram como palestrantes o assessor jurídico da entidade, Carlos Boechat; a Professora do Departamento de Psicologia da UFRRJ, Ana Cláudia de Azevedo Peixoto; a professora da UFRRJ e diretora da ADUR-RJ, Fabrícia Vellasquez e a psicóloga na Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (CASST), Bianca Janssens, para debaterem sobre o tema, esclarecer dúvidas e, a partir do evento, dar início a uma campanha da ADUR contra o assédio. Ao fim da mesa de discussões, foi distribuída uma cartilha sobre o assunto.
“Entendemos de imediato que o grande problema é a desinformação em todos os sentidos. O assediado não sabe que ele foi assediado. O assediador diz que não é assedioso. Curiosamente, parece que as pessoas se acostumaram com essa realidade, bastante comprometedora para a saúde de todos que acham que é algo natural”, disse Beatriz Wey, diretora da ADUR, logo na abertura do evento.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 18,6 milhões de mulheres brasileiras foram vítimas de assédio em 2022. Em comparação com as edições anteriores, todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado. A pesquisa mostrou que 46,7% das brasileiras sofreram assédio sexual em 2022, um crescimento de quase 9 pontos percentuais em relação a 2021. Outras formas de violência mais citadas foram as ofensas verbais (23,1%), perseguição (13,5%), ameaças de violências físicas (12,4%), ofensas sexuais (9%).
Assessor jurídico da ADUR, Carlos Boechat explicou como o assédio ocorre e quais são suas principais características, como o fato de ser uma “conduta de natureza manifestada fisicamente por palavras, gestos, proposta ou imposição para questões sexuais contra a sua vontade, causando constrangimento”. Segundo ele, “para a configuração do assédio moral, é necessário que a conduta seja reiterada e prolongada a intenção de desestabilizar emocionalmente a vítima”.
Ele explicou que, muitas vezes, a “questão do assédio sexual e moral é uma questão trabalhista, é uma questão que envolve a relação de trabalho”. Carlos Boechat apontou que existem caminhos para se fazer uma denúncia, principalmente dentro das universidades, embora existam problemas estruturais dentro da sociedade (e das leis) que atrapalham esse processo.
“Dentro da fragilidade desse sistema, tem a questão de não existir uma legislação específica para punir o servidor(a), o(a) auxiliar no ambiente de trabalho”, explicou.
Bianca Janssens, psicóloga na Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (CASST), falou sobre como ocorre o acolhimento de pessoas que foram assediadas dentro do ambiente de trabalho, sobretudo a partir da orientação psicológica. Em uma fala complementar, Fabrícia Vellasquez, 2ª secretária da ADUR, comentou que o ambiente universitário (e do trabalho), historicamente dominado por homens, dificulta o acesso de professores à saúde do trabalho. “Quer dizer, qual é a cultura da universidade? A gente não tem uma cultura historicamente construída na UFRRJ de relações equânimes; por exemplo entre homens e mulheres, ou entre brancos e pretos”, comentou.
Ela também cobrou que as ouvidorias e os espaços para denúncias tenham maior autonomia para punições e defendeu o papel dos sindicatos como espaço de debate. “Quando a gente traz na cartilha as causas do assédio moral, que eu acho que são importantes para a gente evidenciar, procuramos trazer questões que ocorrem na universidade. São bastante comuns ou perceptíveis no nosso cotidiano, por exemplo, o abuso de poder como uma das causas do assédio moral”, disse ela.
Professora do Departamento de Psicologia da UFRRJ, Ana Cláudia de Azevedo Peixoto explicou que, dentro da cultura do assédio, existem dois fenômenos interligados. “Um deles é o abuso de poder, e o outro, a questão da manipulação perversa relacionada aos cargos ocupados por gestores”. Segundo ela, dialogar sobre esses temas “é muito importante”, pois as instituições espelham o que está acontecendo em nossa sociedade, que é altamente violenta”.
Por fim, a professora Teresa Catramby, professora da UFRRJ aproveitou o espaço para fazer um relato pessoal sobre como ocorre a violência estrutural dentro do ambiente acadêmico. Ela relatou que se deparou com o seu sobrenome escrito de forma pejorativa em um documento público e oficial. Ela disse que esse processo ocorreu em diversas fases, primeiro, a partir da morte “da relação com o autor do documento”. Em seguida, “a morte da relação com o nome dos seus pais”. Finalmente, “a morte da paixão por minha formação e profissão”.
“Recebi inúmeras ligações de um superior com propostas indecorosas em termos de chantagem, como desistir da denúncia. Aconteceu também quando a mesma sindicância não seguiu os trâmites regulares e decidiu pelo arquivamento da denúncia, mesmo tendo evidências claras de um ato irregular”, disse a professora.
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