Por uma greve de todos
Docentes argumentam: para lutar contra a barbárie, é hora de uma greve de nação
As professoras e professores reunidos na sede do sindicato dos técnicos (SINTUR) para debater sobre greve foram unânimes: é de uma outra greve que estamos falando. Mais do que reivindicar pautas de interesse da categoria, o que precisa ser construído é uma greve de nação, uma greve de classe, uma greve geral. O professor Alexandre Mendes, ex-presidente da Adur-RJ, lembrou que o contexto de crescimento do autoritarismo e a evidenciação do estado de exceção consolidados com o golpe exigem a unidade dos trabalhadores. “É um golpe que suspendeu as instituições democráticas de 88 (Constituição Cidadã); o consenso que nos une é a luta contra a austeridade e contra a retirada de nossos direitos políticos”, afirmou.
O ANDES-SN já indicara a construção da Greve Geral e a luta pelo #ForaTemer no último CONAD. Uma greve exclusiva dos professores neste momento implicaria em dificultar ainda mais o diálogo com a população. “É o momento errado”, defendeu Alexandre.
O debate começou com uma provocação do professor Marcos Pasche, da Faculdade de Letras: se a política de desmonte é evidente e já está consolidada, o que ganhamos ao cruzar os braços? A pergunta remete a um argumento que ganhou força nos últimos dois anos de que a greve é um instrumento de luta ultrapassado e de que nada mais valeria. Para o professor Helcimar Palhano o trabalho de mudar essa mentalidade vai ser árduo.
O panfleto de chamada da assembleia que listava os golpes que virão estava pequeno para o tanto de ataque que se aproxima. Além da PEC 241, Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e PLP 257 listadas no papel, os presentes lembraram da Escola Sem Partido, da privatização de setores estratégicos, da consolidação e regulamentação do trabalho escravo. “Pauta não nos falta”, lembrou Marcelo Herbst, vice-presidente da Adur. “Construir a greve geral é uma questão de dignidade; se não lutarmos nós não seremos dignos de sermos chamados de trabalhadores”, concluiu defendendo que para isso (construir a greve) é preciso fazer reuniões nos departamentos e locais de trabalho.
Luciano Alonso, que foi diretor do Comando de Greve da UFRRJ em 2012, reafirmou que a perspectiva de enfrentamento aos ataques neoliberais é “classista e solidária“. “Trabalhar de forma horizontal com os outros movimentos sociais é necessário; a gente não quer uma luta exclusiva dos docentes, a gente está aqui em defesa da população”, concluiu.
A Assembleia decidiu pela criação de um comitê de construção da greve geral e deliberou por um próximo encontro para a semana seguinte, no dia 15, quinta-feira. A próxima assembleia da Adur irá definir um calendário de paralisações e discutir a construção da greve geral.
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