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ADUR Online #41: Os 73 anos de holocausto palestino e a grande escolha: os progroms e o apartheid de Israel ou a libertação da Palestina

ADUR Online

17 de maio de 2021

Por Ualid Rabah

Acabamos de completar 73 anos da ocupação da Palestina por estrangeiros euro-judeus, que para esta terra chegaram a partir da década de 20 do século passada para ali construírem um estado de pureza racial, exclusivamente judeu, alegando direitos divinos, extraídos da mitologia velhotestamentária, conforme conceberam os líderes do sionismo, o nacionalismo dos euro-judeus.

Estes estrangeiros de fé judaica autoproclamaram-se estado às 16 horas do dia 14 de maio de 1948, uma sexta-feira, dia sagrado aos muçulmanos, a maioria da população palestina originária desta terra (mais de 80%, com os restantes, em proporções quase idênticas, palestinos professantes do cristianismo e do judaísmo), e início do sábado, o dia sagrado para os judeus.

E no dia 15, já o sábado, razão pela qual o denominamos shabat sangrento, é iniciada a despovoação massiva da palestina, definida como limpeza étnica, quando 774 cidades e povoados palestinos foram invadidos, 531 deles totalmente destruídos e despovoados. Foram 70 massacres, 15 mil mortos, muitos milhares de feridos e mutilados.

Ao fim, mais 60% da população palestina morta ou expulsa, do que resultam os atuais 6 milhões de refugiados palestinos, 8% da população refugiada mundial, mesmo os palestinos representando apenas 0,2% da população global. Se considerarmos apenas os 76% da Palestina tomada em 1948 pelos sionistas autoproclamados Israel, desta porção territorial os agressores euro-judeus expulsaram mais de 80% da população palestina.

A Jerusalém hoje chamada ocidental, tomada dos palestinos em 1948, foi completamente despovoada. No limite entre a parte ocidental e a oriental fica o bairro de Sheikh Jarrah, agora mundialmente conhecido devido aos eventos destes dias em Jerusalém, em que já há centenas de mortos e milhares de feridos, entre leves e graves, em Jerusalém, noutras partes da Palestina e em Gaza, território ao sul e margeado pelo mar mediterrâneo. E vamos contar isso para que todos entendam.

Tudo começou no início do mês sagrado de Ramadã, quando mais de 1 bilhão e meio de muçulmanos no mundo jejuam, na maior parte do dia, por um mês. Neste período, especialmente às sextas-feiras, os palestinos (e de todo o mundo) muçulmanos vão à esplanada das mesquitas, em Jerusalém, na cidade velha e oriental, dentro de sua parte murada, para as orações. Eis que as forças israelenses de ocupação bloquearam o chamado Portão de Damasco, que dá acesso à esplanada.

Tiveram início, então, as manifestações populares pacíficas. Depois de muita repressão, invasão da esplanada por colonos judeus extremistas, alguns, inclusive, armados, Israel reabriu o portão de damasco. E no dia 2 de maio, novamente violência israelense contra fiéis, desta vez vitimando os palestinos cristãos. Eles foram impedidos de acessar a Igreja do Santo Sepulcro, um dos locais mais sagrados para o cristianismo, local da sepultura de Jesus Cristo. Israel impediu a eles tomarem parte cerimônia do Fogo Sagrado, evento pascal do calendário dos cristãos ortodoxos.

E tudo ficou mais grave com a decisão do judiciário israelense de desalojar e tomar as casas de quatro famílias palestinas de Sheikh Jarrah. Por si só isso é absurdo, posto que, pelo Direito Internacional, é ilegal um judiciário ocupante decidir sobre a população e o território ocupado. E Jerusalém, de acordo com a ONU e do Direito Internacional, é território palestino ocupado.

Mas o que é Sheikh Jarrah no contexto da ocupação israelense da Palestina e do processo continuado de limpeza étnica?

Há, neste bairro, habitantes desde milhares de anos (Jerusalém tem 5 mil anos, já como cidade murada, fundada pelos cananeus, a base étnica de mais de 90% da população palestina, seja qual for a fé religiosa). Sua atual configuração tem ao menos mil anos. Os palestinos sempre residiram ali. O drama destas famílias é, porém, especial e mais recente e está ligando diretamente aos crimes de Israel. Elas foram expulsas de suas terras, casas, negócios e cultivares em 1948. Foram tornadas refugiadas e se alojaram em Sheikh Jarrah, onde adquiriram seus títulos de propriedade. São cerca de 20 famílias.

Agora aparecem alguns colonos judeus extremistas e dizem ter títulos de propriedade destes imóveis e pedem o despejo destas famílias. O drama de 1948 se repete identicamente e contra, novamente, famílias vitimadas pela limpeza étnica. E novamente para alojar em seus lugares estrangeiros beneficiários do processo planejado de despovoamento da população originária.

Outros palestinos moradores ao sul de Jerusalém enfrentam o mesmo processo, como os residentes do bairro de Silwan.

Então surgem as manifestações populares contra o despejo dessas famílias. Em meio às manifestações pacíficas surgem, primeiro, colonos judeus extremistas e atacam os manifestantes. Invadem mesquitas e igrejas, as depredam, as incendeiam. Isso ocorreu, por exemplo, em 8 de maio, última sexta-feira do mês sagrado de Ramadã.

Claro que isso teve apoio logístico das forças estatais israelense de ocupação, que reprimiram os manifestantes palestinos e não os judeus extremistas. Ao contrário, os protegeram.

Assim tivemos a atual escalada de violência e aparentemente nova etapa da limpeza étnica continuada da Palestina.

O que temos, analisando o quadro, é que Israel segue um processo metodicamente planejado de despalestinização de Jerusalém, processo que segue em toda a Palestina também. Além disso, Jerusalém, no plano israelense, precisa ser inteiramente judaizada, num processo de pureza “racial”, já que Israel se autodefiniu, oficialmente e por lei, como um estado unicamente judeu, puramente judeu e no qual a cidadania só pode ser plena para professantes do judaísmo.

É o Estado Nacional Judeu, uma repetição de outras experiências, como a nazista, ou a da África do Sul supremacista, já que o regime israelense é, também, de apartheid, conforme já indicam documentos da ONU e das principais OGNs de direitos humanos do mundo, e já sob investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI).

E neste mesmo processo está embutida a descristianizacão e desislamização da Palestina, mais evidente na Jerusalém sob severa judaização. Isso significa roubar a cidade sagrada e a Terra Santa de mais de 3 bilhões de cristãos e muçulmanos, ideia fixa de judeus fanáticos, com o apoio estatal do regime supremacista de Israel.

Em última análise, retirar Jerusalém de sua condição histórica de metrópole do monoteísmo e torná-la a capital de um falso “deus”, porque étnico, de um “povo”.

Por fim, o que o mundo vê hoje, com facilidade, dado as imagens translúcidas, são verdadeiros progroms. Era isso o que acontecia na Europa, décadas atrás, contra europeus de fé judaica, quando forças de estado, em vários países europeus, combinadas com civis, às vezes armados, atacavam cidadãos judeus, suas propriedades, os espancavam, os matavam. E isso acontecia muito antes da segunda guerra mundial, e mesmo antes da primeira.

Aliás, está foi a razão maior de euro-judeus construírem um nacionalismo próprio na Europa, buscando um estado para si que os protegesse da perseguição que sofriam de seus demais concidadãos europeus de outras fés religiosas.

É exatamente o que vemos hoje na Palestina, na macabra aliança entre forças do estado israelense que ocupa a Palestina e os colonos judeus extremistas que querem tomar os lugares dos palestinos.

Este horror não é novo na Palestina. Ele completou 73 anos e a partir do dia 15 entramos no 74º ano da tragédia palestina. A questão é: até quando o mundo calará frente aos crimes de guerra e de lesa humanidade de Israel na Palestina?

E mais: se triunfar o modelo israelense, seja de limpeza étnica de povo originário para criação, do nada, de novo estado para estrangeiros, seja de regime supremacista designado como de apartheid, como ficará a humanidade sob a hipótese de ele se tornar regra, inclusive admitida pelo Direito Internacional?

É diante deste desafio que nos encontramos e temos que escolher entre nosso fim enquanto civilização, defendendo Israel e seus crimes, ou darmos um salto civilizatório decisivo apoiando a libertação da Palestina.

 

Ualid Rabah é presidente da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil.

 

*ADUR ONLINE é um espaço aberto aos docentes  e pesquisadores da UFRRJ e de outras Universidades também. As opiniões expressas no texto não necessariamente representam a opinião da Diretoria da ADUR-RJ.

 

 

 


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