(21) 2682-1379 Fale Conosco
[wpdreams_ajaxsearchlite]

ADUR Online #47: A pandemia empurrou os pobres para baixo e os ricos para cima

ADUR Online

28 de junho de 2021

Por Wellington Duarte

*Texto originalmente publicado no site Potiguar Notícias

 

O que é mais irritante nessa pandemia, é a constante tentativa dos meios de comunicação e dos especialistas de meia pataca, boa parte deles economistas leitores de manuais dos anos 60 do século passado ou de “leitores de olheira de livros”, de tentar dar um tom otimista à economia do país. Para quem tem o conhecimento básico da CIÊNCIA ECONÔMICA, as afirmações de que “estamos saindo da crise”, que “as coisas estão melhorando” ou que “em 2022 vai ser bem melhor”, são uma agressão a inteligência e ao bom senso.

O anúncio de que o Banco Central anunciou que as expectativas de crescimento do PIB para esse, é de um aumento de 4,8%, ao contrário de ser motivo para soltar foguetões, simplesmente revela nossa debilidade, já que no ano passado a queda foi de 4,5%. Qualquer beócio entenderá que, portanto, esse crescimento, é, por enquanto, um delírio. Mais concreto é a inflação dos últimos doze meses, que já bateu os 8,5%, de acordo com o IBGE, e isso tem impacto fortíssimo, principalmente nas camadas mais pobres da população.

Com apenas 15,1% da população vacinada, considerando “vacinados” os que tomaram as duas doses e os fariseus que vivem entoando que o “BraZil está melhorando”, caso dos articulistas da Globo News, consideram que apesar do fato de que os 350 mil braZileiros que buscaram emprego no primeiro trimestre desse ano, NENHUM teve sucesso, número tão significativo quanto estarrecedor.

Aliás o governo tem agido como uma praga de gafanhotos, destruindo tudo por onde passa e em todas as áreas. A substituição do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) pelas estatísticas do eSocial (Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas), que está em fase de transição, obscureceu as informações sobre a real situação do mercado de trabalho no país, justamente neste momento em que políticas públicas DEVERIAM estar sendo discutidas para minimizar o já catastrófico efeito da pandemia sobre os trabalhadores.

E por que essa mudança é danosa? Porque ela passa a depender de dados fornecidos pela empresa, que precisa estar registrada no eSocial e a maioria não fez isso ainda, além do fato de que as que aderiram informaram só as admissões e não os desligamentos, outras continuaram informando os dados ao finado CAGED e boa parte simplesmente não informou nada. Se é verdade que o eSocial, criado no governo Dilma em 2014, é mais amplo e pode fornecer cenários mais interessantes para a análise, a forma dessa transição é um desastre e revela a incompetência crônica de um governo que tem como característica a esculhambação.

Outro importante setor, o Banco Central, fez uma descoberta que pode se igualar a descoberta da roda, provavelmente, segundo arqueólogos, teria acontecido em algum lugar da Suméria em cerca de 3.500 anos antes de Cristo nascer. Segundo os especialistas do BC, tudo indica que a crise sanitária está associada ao declínio econômico, uma conclusão que talvez mude os destinos da Ciência Econômica daqui para frente.

Ao mesmo tempo os especialistas do BC detectaram que a relação entre a intensidade da pandemia e o nível de atividade econômica, está sendo menos intenso nesse ano e que, por isso, apresenta-se um cenário que tende a melhorar, embora o mesmo BC tenha admitido, ora vejam só, que a retomada da atividade econômica não esteja no ritmo imaginado pelos sábios pesquisadores.

Na realidade os cenários sociais são sombrios e os sinais dados pela economia são inquietantes, principalmente nos locais, como é o caso do RN, em que a estrutura econômica é pobre e atrasada, com pouco espaço para aplicação de políticas públicas que mexam nas cadeias produtivas que estão ligadas diretamente à esfera da produção, o motor da economia. Os otimistas de plantão são, em grande maioria economistas empregados em operadoras do mercado financeiro, articulistas ligados aos jornalões que defendem fervorosamente o neoliberalismo e por palermas metido a sábios, que pululam nas redes sociais, enaltecendo seu “achismo” e reverberando bobagens ridículas que, infelizmente, parece ter público cativo.

A economia não vai, no curto prazo, oferecer nada de positivo aos mais pobres e sim aos mais ricos, pois estes têm estofo patrimonial e proteção do governo, sob vários aspectos, e seus investimentos são de baixo risco. Levará algum tempo, talvez anos, dependendo de quem seja eleito em 2022, para o país recuperar a hecatombe social e a destruição maciça das instituições públicas, que vem sendo feita desde 2016 e aprofundadas por esse governo fascista.

Se há uma certeza histórica no capitalismo é a de que, em crise, os de cima sobem, e os debaixo descem.

 

*Wellington Duarte é professor do Departamento de Economia Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em economia regional, mestre em Ciências Sociais e doutor em Ciência Política.

*ADUR ONLINE é um espaço aberto aos docentes e pesquisadores da UFRRJ e de outras Universidades também. As opiniões expressas no texto não necessariamente representam a opinião da Diretoria da ADUR-RJ.


Mais Notícias Adur/Andes/Educação

ADUR participa do Consu e informa a categoria sobre negociação com o governo e sobre contraproposta do ANDES

Postado em 06/05/2024

No dia 30 de abril, a ADUR participou da Reunião do Conselho Universitário (Consu) da UFRRJ, representada pela diretora Elisa leia mais


Sindicatos e governo assinam acordo de reajuste dos benefícios dos servidores

Postado em 30/04/2024

Entidades sindicais do serviço público federal e o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) assinaram na quinta-feira (25/04) o acordo leia mais


ADUR participa da reunião do Setor das IFES em Brasília

Postado em 15/04/2024

No dia 10 de abril, quarta-feira, aconteceu em Brasília a Reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino do ANDES leia mais


Inauguração da Exposição em Memória dos 60 Anos do Golpe Militar na Baixada Fluminense

Postado em 27/03/2024

A Rede de Educação Popular da Baixada Fluminense, em parceria com o Fórum Grita Baixada, Sepe Nova Iguaçu, Centro Cultura leia mais


Entidades sindicais se reúnem com governo para discutir a reestruturação da carreira docente

Postado em 22/03/2024

Aconteceu no dia 15 de março a terceira reunião da Mesa Específica e Temporária dos docentes do magistério superior para leia mais


8M | Protagonismo feminino no sindicato

Postado em 08/03/2024

Hoje, celebramos o Dia Internacional das Mulheres, uma data emblemática que nos convida a refletir sobre as conquistas femininas ao leia mais


Viva Nina Simone!

Postado em 23/02/2024

👑 No mês de fevereiro celebramos o icônico legado de Nina Simone. A cantora nasceu em 1933, no estado da leia mais


Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência | Entrevista com a professora de física Viviane Morcelle

Postado em 11/02/2024

Hoje, 11 de fevereiro, é o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída pela Assembleia leia mais


Reunião conjunta do GTCarreira e GTPE

Postado em 23/11/2023

Acontecerá nesta terça-feira, dia 28 de novembro, às 10h, uma reunião conjunta entre o Grupo de Trabalho Carreira (GTCarreira) e leia mais


Eleições ADUR 2023 | Confira os locais e horários de votação

Postado em 06/11/2023

De acordo com a alteração do calendário eleitoral aprovada pelo Conselho de Representantes da ADUR, as eleições para Diretoria biênio leia mais


demais notícias