Bons ventos chegam pela Colômbiaia
24 de junho 2022
Imprensa da ADUR-RJ
Gustavo Petro tornou-se no último domingo (19) o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia. Ex-guerrilheiro, ele prometeu reformas econômicas e sociais para combater a pobreza, a desigualdade e a exclusão social, problemas que assolam a população colombiana há anos, mas que se agravaram com a COVID-19 no último ano, e as reformas liberais da última década. Estimativas sugerem que cerca de 42% dos colombianos estão na pobreza. E o fato é: para quem acompanhou a política na América Latina nos últimos cinco anos, a eleição de Gustavo Petro era pedra cantada.
Em 2019, a economia colombiana começou a apresentar os primeiros sinais de crise, e manifestações tomaram as ruas. O peso colombiano bateu recordes de desvalorização. Pela primeira vez em anos, a capacidade de pagamento e emissão da dívida do país foi questionada. O governo de direita de Iván Duque, aos frangalhos politicamente, conseguiu um breve acordo com os manifestantes. Entretanto, a crise econômica aumentou, e ele sugeriu uma reforma tributária e um temporário aumento de impostos. Foi o estopim. Em 2021, o país voltou às ruas, desta vez revoltado com a política reformista do governo. Atos que levaram milhares de pessoas a protestar resultaram na morte de dezenas, com uma centena de presos e uma ferida aberta na política do país.
Quem soube aproveitar este cenário foi o líder de esquerda Gustavo Petro. Em seu discurso no dia da vitória, ele declarou que “a mudança que propomos hoje é derrubar esse regime de corrupção, tirar o ladrão e o assassino do poder”, uma frase dura que poderia resumir os sentimentos da população colombiana. Mas o mérito de Petros não foi apenas catalisar a rejeição ao projeto neoliberal de seu concorrente. Com uma proposta de governo bastante voltada para ações internas na Colômbia, ele pretende garantir uma aposentadoria mínima para os mais pobres, transferir fundos de pensões particulares para o fundo do governo e usar esse montante para financiar projetos e políticas públicas.
Além disso, ao seu lado estava a advogada, ativista ambiental e pelos Direitos Humanos Francia Márquez, eleita a primeira pessoa negra a ocupar a vice-presidência da Colômbia. É importante frisar sua representatividade para afrodescendentes que compõem a maior parte (60%) dos que vivem abaixo da linha da pobreza, principalmente no sentido de um alento para que sejam reduzidos os altos índices de criminalidade no país. Mas Francia Márquez é também dona de um prêmio Goldman (em 2018, por sua luta contra a exploração mineral), e uma das mais importantes referências na América Latina na luta pela preservação do meio ambiente e dos direitos dos trabalhadores. E como toda ambientalista latina, ela também foi alvo de pistoleiros e traficantes: em 2019, sobreviveu a um ataque com granadas e tiros de fuzil.
Quem acompanhou a política colombiana nos últimos dois anos, sabe que o nome de Francia Márquez move multidões. Ao figurar ao lado de Gustavo Petro no palanque da vitória, ela representou não apenas o retorno do campo progressista à América latina, região que mais foi afetada pela COVID-19 e suas consequências econômicas e sociais, como também a chegada de uma nova esquerda, com novas reivindicações sociais e aspirações. Em seu discurso, ela disse que pela primeira vez em 214 anos a Colômbia havia conseguido um “governo do povo, um governo popular”. Em seguida, ela afirmou que lutaria “pelos direitos da comunidade LGBTQ+ e da nossa mãe terra”. “Juntos vamos erradicar o racismo estrutural”, declarou, antes de passar a palavra para o presidente recém eleito. Petros, por sua vez, falou da importância de um governo progressista alinhado com uma América Latina unificada.
Esse, inclusive, foi o tom das parabenizações de diversos líderes latinos ao novo chefe de Estado colombiano. O presidente da Bolívia, Luis Arce disse que “a integração latino-americana se fortalece”; o mexicano Andrés Manuel López Obrador celebrou: “o triunfo de Gustavo Petro é histórico, os conservadores da Colômbia sempre foram duros”; o chefe de Estado argentino, Alberto Fernández, também disse estar “cheio de alegria” ao saber da vitória de Petro, “seu triunfo valida a democracia e assegura o caminho para uma América Latina integrada neste tempo que nos exige a máxima solidariedade entre povos irmãos”; o presidente do Chile, Gabriel Boric, publicou em suas redes: “alegria para América Latina, trabalhemos juntos pela unidade do nosso continente”.
O equatoriano Guillermo Lasso também telefonou para Petro, assim como a presidente de Honduras, Xiomara Castro, o líder cubano, Miguel Díaz-Canel, e até mesmo o presidente Nicolás Maduro, que em meio aos confrontos nos últimos anos com tropas colombianas na fronteira venezuelana, declarou que “novos tempos se avizinham para este país irmão”. Até mesmo o ex-presidente Lula da Silva felicitou a dupla de governantes e disse “desejo sucesso a Petro em seu governo. A sua vitória fortalece a democracia e as forças progressistas na América Latina”. Apenas um líder não ligou para Gustavo Petros ou Francia Marquez naquele dia.
O momento da eleição colombiana é tão importante que o governo brasileiro, de Jair Bolsonaro e seus filhos, quando manifestou-se sobre o assunto, foi para fazer um alerta: “Gustavo Petros é ex-guerrilheiro da esquerda”, como quem avisa: “é isso o que vocês querem para o Brasil?”. Quatro anos na presidência, duas trocas no Itamaraty, e ele ainda não entendeu que a bolha só existe dentro do cercadinho. O mundo é maior que isso, Jair!
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