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DIEESE: relevância histórica e papel de organização para o movimento sindical brasileiro 

8 de outubro de 2021

Reportagem da Semana 

Por Larissa Guedes

 

Imagem: reprodução site ABCdoABC.

 

Para manter a luta em defesa dos direitos trabalhistas organizada e atualizada, foi criado, em 1955, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Historicamente, a entidade é mantida pelo movimento sindical brasileiro e atua na produção e no desenvolvimento de pesquisas, estudos e levantamentos que possam auxiliar na construção de políticas públicas que atendam as demandas de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

 

Dentre as principais pesquisas realizadas pelo DIEESE regularmente estão: Índice do Custo de Vida da cidade de São Paulo (ICV), feita desde 1959, que verifica todos os meses a variação de preços em bens de consumo; a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), também realizada desde 1959 e engloba todas as capitais brasileiras e o Distrito Federal; a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), feita desde 1985 para acompanhar a movimentação do mercado de trabalho e o Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais (SAIS-DIEESE), feito desde a década de 1980 e que, de acordo com o site da instituição, levanta e sistematiza informações sobre salário, pisos salariais, negociações coletivas e greves. 

 

Além das pesquisas, o DIEESE tem um papel fundamental na assessoria de associações sindicais em fóruns e eventos nacionais e internacionais, bem como em  processos de negociação coletiva, análises e planejamentos. A relevância do DIEESE ainda se estende para a área de formação educacional de dirigentes sindicais: o DIEESE oferece cursos dos mais diversos campos de estudo das ciências sociais e econômicas, através da chamada “Escola DIEESE de Ciências do Trabalho”.

 

Para o professor universitário, sociólogo e ex-diretor técnico do DIEESE, Clemente Ganz Lúcio, o trabalho realizado pelo Departamento tem uma importância histórica para o movimento sindical não apenas na produção de conhecimento com qualidade técnica e competência científica, mas também na interpretação das questões que estão postas no debate público a partir da perspectiva e interesses dos trabalhadores.

 

“O papel do DIEESE é justamente produzir conhecimento que qualifica a atuação do movimento sindical, permite ao movimento a elaboração propositiva frente aos vários temas, portanto, um conhecimento que ajuda na elaboração de um posicionamento propositivo, com propostas alternativas, projetos para cada uma das questões que estão sendo colocadas no debate. E de outro lado, permite, por meio do DIEESE, uma participação no debate público com a tarefa que o DIEESE cumpre de se fazer presente no debate público junto à mídia, nos debates nas instituições, no Congresso Nacional, nos espaços legislativos, na interlocução com o setor empresarial e com os governantes”, apontou ele. 

 

Em entrevista à Imprensa ADUR-RJ, Clemente Ganz Lúcio contou que entrou no DIEESE em 1984. Em 1990, ele passou a fazer parte da direção técnica, atuando como coordenador dos escritórios regionais, como coordenador de educação e posteriormente como diretor técnico geral da instituição, cargo que ocupou até fevereiro de 2020. Atualmente, ele atua no Fórum das Centrais Sindicais. 

 

“São mais de 35 anos de trajetória profissional no DIEESE no qual eu me concentrei nas questões do mundo do trabalho, que afetam a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras e, principalmente na atuação do DIEESE, na produção de conhecimento que visava e visa sempre subsidiar a ação do movimento sindical na proteção, representação e organização das lutas que o movimento sindical trava. Isso me fez investir em pensar a perspectiva do desenvolvimento econômico e social a partir do mundo do trabalho, orientando para a questão do emprego, da renda, da proteção social, laboral, previdenciária e também da proteção sindical”, relatou.

 

O economista e assessor sindical, Cláudio Toledo, começou a atuar no DIEESE em 1986, após ter finalizado seu mestrado em economia política na Unicamp e ter trabalhado um período junto ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra.

 

Também em entrevista à ADUR-RJ, Toledo contou que, no DIEESE, aprendeu muito sobre a formação e qualificação de dirigentes sindicais, entendendo formas de desenvolver melhor o trabalho junto a eles e também para a formação de ativistas sindicais. O economista definiu que “no DIEESE, você sabe de que lado você está: do lado dos trabalhadores”. 

 

Toledo afirmou que mesmo após sair do DIEESE, continuou atuando com dirigentes sindicais exercendo a mesma metodologia de trabalho que aprendera no DIEESE. “O DIEESE marcou totalmente a minha vida e vai marcar até o final, não tenho a menor dúvida disso”, declarou ele. 

 

Para o economista, o trabalho da instituição envolve além da parte técnica e economicista, a parte da educação sindical, uma vez que há sempre um trabalho de qualificação dos dirigentes sindicais para a renovação de quadros sindicais.

 

“(…) Muita gente enxerga o DIEESE como uma entidade que dá assessoria econômica nas mesas de negociações, analisa os setores, faz análise de conjuntura… Mas o mais importante é que o DIEESE faz isso o tempo todo dialeticamente construindo as saídas, conversando com os dirigentes sindicais, conversando com os ativistas. Eu não saberia onde está o movimento sindical brasileiro se não fosse o DIEESE”, pontuou Toledo. 

 

Atuação do DIEESE na pandemia em defesa da classe trabalhadora

 


O DIEESE revelou que o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em 14 cidades e diminuiu em outras duas entre abril e maio de 2021, período registrado como o mais grave da pandemia da COVID-19 no Brasil. Imagem: reprodução Agência Brasil (EBC).

 

Diante da crise política, econômica e social provocada pela pandemia de COVID-19, o DIEESE foi atingido pelas restrições do isolamento social e do trabalho remoto, mas continuou atuando tecnicamente junto ao movimento sindical, exercendo um trabalho de produção de informações e análises, o desenvolvimento de capacitação, ideias novas e táticas de negociação. 

 

Em seu site oficial, a entidade afirma que “aumentou a produção de estudos e investiu na participação e promoção de eventos on-line, com a intenção de ajudar o movimento sindical a entender a conjuntura e a buscar soluções que beneficiem a todos”. 

 

O DIEESE saiu em defesa dos trabalhadores e revelou, em audiência realizada na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados em maio de 2021 que, durante a pandemia, “70% dos trabalhadores afirmavam estar trabalhando mais do que a jornada contratada” e que “a tensão, inclusive, em manter o nível de rendimento diante dessas novas exigências, causa uma série de doenças”. 

 

Recentemente, o DIEESE divulgou dois estudos bastante completos que alertam para situação das famílias brasileiras: um deles sobre o salário mínimo, apontando que no mês de setembro deveria ter sido no valor de R$ 5.657,66; e a outra, sobre o aumento progressivo e constante no preço das cestas básicas.

 

O professor Clemente Lúcio explicou que com a crise sanitária e todas as suas consequências nas vidas dos trabalhadores e trabalhadoras, o movimento sindical faz um grande esforço de enfrentamento a partir de uma atuação que defenda e proteja os direitos trabalhistas, o emprego e a renda. 

 

“Foi a partir desse esforço do movimento sindical que a minha saída do DIEESE coincidiu também com o convite para atuar junto com as Centrais Sindicais dando continuidade ao trabalho que já fazia como diretor técnico do DIEESE (…)mas agora dedicado para um trabalho de articulação específica das Centrais Sindicais no enfrentamento da crise sanitária (…) estabelecendo ações e atuação unitária em alguns campos de representação nos espaços institucionais do Congresso Nacional e na interlocução com o setor empresarial. Mas também de intervenção e atuação junto aos movimentos sociais, movimento popular”, disse.

 

Para continuar atuando e fortalecendo as lutas pelos direitos de trabalhadores e trabalhadoras, o DIEESE depende de apoio financeiro, e por isso, a entidade lançou uma campanha nacional para captar recursos para o Fundo de Desenvolvimento Institucional. 

 

Cláudio Toledo considera o DIEESE a maior estrutura pertencente ao movimento sindical brasileiro organizado e, portanto, reafirma a importância da contribuição efetiva dos sindicatos organizados para o fortalecimento do DIEESE. 

 

“O DIEESE fortalecido não só vai estar capacitado para ampliar cada vez mais os estudos, mas também para ajudar que o movimento sindical e as centrais sindicais consigam chegar aos trabalhadores que não estão organizados em suas categorias. Não tem como tocar esse trabalho sem ter uma estrutura mínima. E hoje, tem entidades que estão deixando de lado a importância do DIEESE, uma instituição reconhecida no Brasil e internacionalmente. Uma entidade sindical, ao auxiliar o DIEESE, está recebendo um carimbo de qualidade, não só do resto do movimento sindical, mas de toda a sociedade brasileira”, definiu o economista. 

 

Diante deste cenário, Clemente Ganz Lúcio avalia que o desafio do movimento sindical neste momento é ampliar a base de representação para efetivamente representar todo o conjunto da classe trabalhadora nas suas mais diferentes formas de inserção ocupacional, de contrato de trabalho ou atividade laboral. A partir desse movimento, o docente acredita ser possível construir uma capacidade organizativa de alternativas que gerem proteção social, laboral e previdenciária a todos os trabalhadores.

“É uma tarefa enorme do movimento sindical e para isso, o DIEESE contribui produzindo conhecimento e dando elementos para essa elaboração. E o movimento sindical, evidente, faz sua atuação institucional, especialmente no âmbito do Poder Executivo, do Poder Legislativo e também traz pressão para as organizações empresariais para que elas reconheçam os vínculos, as relações laborais e estabeleçam de maneira ampla as proteções que são direitos sociais e direitos laborais que precisam ser materializados”, concluiu ele.


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