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Preço da carne pode levar a explosão de casos de anemia em crianças, aponta reportagem da Revista Fórum

16 de setembro de 2021

 

Reportagem originalmente publicada no site da Revista Fórum em

 

Inflação e caos econômico e social têm desdobramentos na saúde. Antes da pandemia, um terço da população dessa faixa etária já apresentava o problema no sangue e a expectativa é que isso piore, e muito

 

 

Imagem: reprodução Revista Fórum.

 

 

A anemia é uma condição em que a quantidade de hemoglobina (uma proteína presente nos glóbulos vermelhos do sangue) fica abaixo do normal, prejudicando a distribuição de oxigênio pelo corpo, já que essa é a principal função deste componente. Já no caso da anemia ferropriva, sobretudo nas crianças, essa alteração na composição do sangue é provocada pela ingestão insuficiente de ferro, disponível principalmente nas carnes bovina, de peixe e de frango.

Sem dados consolidados até o momento, um indicador da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o consumo de carne (bovina, suína, de peixes e de aves) será o menor no Brasil dos últimos 25 anos. O pico de consumo desses alimentos no país ocorreu em 2013, quando o brasileiro consumia em média 96,7 quilos por ano. Atualmente o consumo é de 29,3 quilos por pessoa.

A inflação registrada somente em relação às carnes frescas, no período de julho de 2020 a junho de 2021, foi de 38%, segundo o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Alguns cortes, como o contrafilé, muito popular em churrascos ou em forma de bife, para fritar, que custavam em média R$ 32 o quilo no início da pandemia, atualmente são encontrados por até R$ 52, um aumento de 62%. Até os cortes considerados de qualidade mais baixa atingiram valores exorbitantes.

A drástica redução do consumo de carnes que vem ocorrendo no Brasil, provocada por razões econômicas, visto que o produto sofreu um enorme aumento de preço, acendeu o sinal vermelho para um potencial agravamento e crescimento de casos de anemia ferropriva em crianças de 0 a 5 anos. Os dados, mesmo antes da explosão inflacionária, já eram alarmantes no país, como mostra um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar): uma em cada três crianças nessa faixa etária está anêmica.

Para Milane de Souza Leite, nutricionista especializada em Nutrição Clínica pela UFF, mestre e doutora em Química Biológica pela UFRJ, e que é professora de Bioquímica na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o quadro registrado décadas atrás está próximo de voltar a acontecer por conta da grave crise econômica, que tirou as carnes da mesa dos brasileiros.

“Na pandemia, que trouxe não só a crise econômica, que se agravou, mas também uma diminuição do alcance dos programas sociais de redistribuição de renda que atendem famílias com crianças, no caso crianças de 0 a 5 anos, nós já observávamos esse problema no Brasil. Antes dos governos que intensificaram esses programas de distribuição de renda, uma taxa de até 50% de desnutrição nessa faixa etária era registrada”, lembrou.

A acadêmica explica que existem outras fontes de ferro que podem ser inseridas na alimentação de crianças e adultos, a partir de vegetais, mas o consumo do mineral dessas outras fontes não é tão eficiente para o corpo como na ingestão de carne.

“Apesar de existirem outras fontes de ferro que não sejam a carne bovina, de peixes, de frango, essas outras fontes, de origem vegetal, são menos biodisponíveis, ou seja, sua absorção pelo organismo não se dá da mesma forma que no caso do ferro contido nas carnes”, explicou.

A anemia em crianças pequenas é comum em países com graves problemas econômicos e sociais, já que a alimentação destinada às pessoas, de um modo geral, não contempla todos os nutrientes necessários para a manutenção de uma boa saúde.

“Isso não ocorre só aqui, mas também em vários países, como mostram indicadores da OMS (Organização Mundial da Saúde). E crianças nessa faixa etária são as mais susceptíveis à anemia ferropriva, um tipo de anemia que se caracteriza pela baixa ingestão de ferro na alimentação. O problema ocasiona déficit no desenvolvimento psicomotor e na função cognitiva, maior suscetibilidade às infecções e redução da força muscular, comprometendo a qualidade de vida na fase adulta”, esclareceu a nutricionista.

A anemia ferropriva pode trazer problemas para as mães que estão em fase de aleitamento, já que a nutrição de ferro dos bebês é provida por essa via. Milane afirma que as crianças em fase de amamentação, mesmo com as mães apresentando baixos níveis de ferro no sangue, conseguem extrair a quantidade de nutrientes necessária a elas pelo líquido humano, mas que isso acarreta prejuízos à saúde da genitora.

“É importante frisar que durante o período do aleitamento é a mãe quem fornece ferro pelo leite à criança, mas é fácil presumir que nesta pandemia e num contexto de crise econômica grave, as mães também passaram a ingerir muito menos carnes e, por consequência, ferro. A criança consegue estabelecer a nutrição necessária de ferro mamando, mesmo que isso tenha um custo para a saúde da mãe”, falou.

A professora da UFRRJ traçou um cenário nada animador para um futuro próximo, caso a insegurança alimentar permaneça no país, juntamente com a privação de carnes que ocorre nas refeições dos brasileiros. A morte por desnutrição, tão presente num passado não tão distante, pode voltar com força total.

“O que ocorre é: antes de a criança morrer de anemia ferropriva, ela vai morrer por desnutrição crônica e grave, por falência múltipla. A anemia ferropriva é um ponto de uma questão maior dentro do que a gente chama de insegurança alimentar, fome crônica. Esse é um cenário, por exemplo, que nós já observamos em algumas aldeias indígenas e eu penso que nós devemos lembrar de outros momentos na história do país em que as crianças morriam, sim, de desnutrição, e isso pode voltar a acontecer”, encerrou indignada.


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