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ADUR Online #2: Quanto pior, pior

 14 de agosto de 2020

ADUR ONLINE*

Por: Luiz Martins de Melo – Professor do Instituto de Economia da UFRJ

 

O governo Bolsonaro tem um como propósito a destruição de todas as políticas de solidariedade econômica e social. Isso é o que o distingue de todos os Governos que o precederam.

Na política internacional, quebrou toda história de uma política autônoma que que sempre patrocinou a defesa dos interesses brasileiros nos fóruns internacionais. A atual política de submissão incondicional aos interesses americanos está destruindo toda o respeito internacional pelo Itamaraty, uma das instituições de excelência que construímos ao longo da nossa história.

O acirramento da tensão entre EUA e China, que Trump usa como estratégia de campanha, vai causar problemas com o nosso principal parceiro internacional. A recessão mundial está causando um colapso choque sem precedentes da demanda global e dos preços das commodities, saídas de capital, grandes interrupções na cadeia de suprimentos, uma queda generalizada no comércio global, muitos mercados emergentes e moedas das economias em desenvolvimento se enfraqueceram acentuadamente. Mesmo com essa queda no preço das commodities o agronegócio brasileiro pode aumentar suas exportações de soja para a China. Porém, até quando a China vai suportar as provocações infantis do governo brasileiro sem retaliar?

A política econômica interna segue a mesma trajetória. O “ajuste fiscal expansivo” formulado no documento do governo Temer e apresentado no documento “Uma ponte para o Futuro” forneceu as bases para o neoliberalismo radical e extemporâneo do ministro Guedes. A reforma trabalhista aprovada no governo anterior e não aumentou o emprego, nem a reforma da previdência aprovada por este governo fez a economia crescer. Pelo contrário, o Boletim Emprego em Pauta, DIEESE, de 15/07/2020 mostra que:

“18,5 milhões de brasileiros não trabalharam e não procuraram ocupação devido à pandemia;

19 milhões de pessoas foram afastadas do trabalho e 30 milhões tiveram alguma redução no rendimento do trabalho; 

As perdas de rendimento foram maiores entre os ocupados dos serviços, do comércio e da construção e entre os trabalhadores informais;

As perdas de rendimento foram expressivas também entre os ocupados em serviços essenciais na pandemia, como os entregadores e os trabalhadores da saúde e da limpeza;

O auxílio emergencial tem sido essencial para cobrir boa parte da perda de rendimento” (só foi aprovado no valor e prazo por iniciativa da Câmara dos deputados e do Congresso Nacional).

A economia brasileira já estava estagnada quando a pandemia chegou. A média do crescimento do PIB em 2017, 2018 e 2019 foi de medíocres 1,1%. Isso também mostra que as medidas neoliberais de Temer e Bolsonaro não recuperaram a economia da crise de 2015 e 2016. 

Prosseguindo com essas políticas não há dúvidas de que o Brasil vai afundar em 2020 e, possivelmente, também em 2021. Mas nada disso é relevante, porque a narrativa ideológica da direita autoritária e neoliberal transforma tudo, não mais em “fakenews”, mas em “fakefacts”. 

A estratégia econômica do Guedes não está sendo aplicada nos governos dos países desenvolvidos, mesmo aqueles mais próximos do ideário neoliberal, exceto os Estados Unidos. Embora no início da pandemia eles resistissem em considerá-la uma grave crise social e econômica, ao lidarem com os fatos rapidamente mudaram as suas prioridades. 

Essas políticas, de modo geral, passaram a ter três eixos. Primeiro, a saúde pública continua sendo a principal prioridade para proteger pessoas, empregos e atividade econômica as condições de vida devem ser mantidas conforme necessário e, em alguns casos, expandidas. Segundo, as políticas fiscais e monetárias de apoio precisarão continuar até que possamos garantir uma saída segura e durável da crise. A retirada prematura desse suporte pode inviabilizar a recuperação e gerar custos maiores. Terceiro, as políticas precisam se preparar para apoiar mudanças transformacionais, pois alguns setores podem diminuir permanentemente, enquanto outros – como os serviços digitais – se expandirão. 

As evidências concretas da situação da economia apontam a elaboração e aplicação de uma política econômica radicalmente diferente da proposta por Guedes. Os gastos e a dívida estão crescendo no Brasil em função do coronacrise. Isso está ocorrendo em quase todo mundo e em termos relativos, estamos na mesma posição. Assim, é possível hoje para muitos países gastar mais sem provocar crises macroeconômicas, inflação e fuga de capitais. A pauta, portanto, deve ser a de flexibilizar o teto de gastos para permitir o aumento dos gastos em política social e em investimentos públicos.

O financiamento desse aumento de gastos viria de duas maneiras. A primeira, pelo aumento da taxação dos mais ricos (dividendos, juros sobre capital próprio, heranças e corte de isenções fiscais). A segunda, em uma economia com forte ociosidade como a nossa, o gasto público impulsionará a demanda, o que fará com que aumente a arrecadação.

O IPCA-15 de julho de 0,3%, reforça o fato de que a economia está muito fraca. Se adicionarmos o contexto internacional da gigantesca liquidez global, agora que os BCs os Tesouros mais poderosos do mundo estão injetando trilhões de dólares na economia mundial, sem ter nem de longe enxugado a enxurrada de dinheiro lançada após a crise financeira global de 2008/09, dificilmente corremos o risco de inflação, ainda mais com a enorme capacidade ociosa presente na economia brasileira. 

É altamente improvável, que o setor privado lidere uma rápida recuperação da economia em 2021. O mais provável é que tenha que vir do setor público o investimento para a recuperação mais rápida. Se o governo, pretende retomar a agenda do “ ajuste fiscal expansivo”, revertendo as medidas de auxílio financeiro a empresas, família, prefeitos e governadores planejadas para este ano, sem colocar nada no seu lugar não haverá recuperação.

 O ajuste fiscal com a economia em recessão tende a piorar em vez de melhor a economia. Foi isso que aconteceu até a pandemia. Só que agora, com ela, vai ser pior.

 

*ADUR ONLINE é um espaço da base do Sindicato. As opiniões expressas no texto não necessariamente representam a opinião da Diretoria da ADUR-RJ.

 


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