A tragédia no Santo Amaro e o fracasso da segurança pública

09 de junho 2025 Manifestamos profunda indignação e repúdio diante da trágica morte do jovem Herus Guimarães, ocorrida durante uma operação do BOPE na comunidade Santo Amaro, no bairro do Catete. A ação, que resultou ainda em outros cinco feridos, revela mais uma vez o padrão recorrente de intervenções policiais violentas em territórios populares, marcadas pela ausência de critérios mínimos de segurança e respeito à vida da população civil. É inaceitável que uma festa junina tenha se tornado palco de uma operação militar letal. A justificativa de uma "ação emergencial" não pode se sobrepor ao direito à vida e à dignidade dos moradores, especialmente quando não há garantias de transparência, legalidade e planejamento adequado por parte das forças policiais. Reiteramos que o Estado tem o dever de proteger seus cidadãos, e não de tratá-los como alvos permanentes de operações armadas. A morte de Herus é um retrato da política de segurança baseada no confronto, que falha em sua missão de garantir paz e segurança, e apenas reforça a lógica de exclusão e criminalização da pobreza. A impunidade desses episódios alimenta a continuidade de práticas repressivas, que vitimam principalmente jovens negros e periféricos. A ADUR exige a apuração rigorosa dos fatos e a responsabilização de todos os envolvidos na operação. Também nos solidarizamos com os familiares de Herus e com a comunidade de Santo Amaro, que mais uma vez sofre as consequências de um Estado que opta pela violência em vez do diálogo e da promoção de políticas públicas estruturantes.