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#AdiaEnem

  • Foto do escritor: ADUR
    ADUR
  • 14 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Completamente indiferente ao momento em que vivemos, o Ministério da Educação mantém o cronograma de realização das provas do Enem para os dias 1 e 8 de novembro. O governo ignora o fato de que as atividades presenciais nas escolas do país estão paralisadas, apenas com atividades virtuais e que milhares de jovens sequer tem acesso às ferramentas para acompanhar as atividades, como computador e internet.

O ministro Abraham Weintraub enxerga o Enem como uma competição igualitária e já afirmou que todos os estudantes estão sendo prejudicados igualmente. No entanto, no Brasil, 80% dos alunos do ensino médio que fazem o Enem são das redes públicas estaduais, que não têm o mesmo acesso que estudantes de redes privadas aos materiais educativos, equipamentos e internet para terem aulas por plataformas online.

Em resposta ao questionamento de senadores sobre as desigualdades existentes entre os estudantes, Weintraub afirmou que “o Enem não foi feito para corrigir injustiças”. O ministro ignora o fato de que 1 em cada 4 brasileiros não têm acesso à internet, o que representa cerca de 46 milhões de pessoas, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em abril de 2020. Nas áreas urbanas do país, o índice de pessoas sem acesso a internet é de 20,6%, enquanto nas zonas rurais chega a 53,5%, segundo o IBGE.

Neste momento de crise, o mais justo é adiar a prova do Enem. No resto do mundo, este tem sido o procedimento por causa da pandemia de COVID-19. Uma recente pesquisa feita pelo Instituto Unibanco mostrou que em 18 países onde o vestibular tem uma dinâmica similar ao do ENEM, apenas dois não tomaram medidas de adaptação.

Importante ressaltar que adiamento não significa cancelamento, mas o MEC encara isso com se estudantes de todo o Brasil quisessem cancelar o Enem apenas por diversão - enquanto o mundo inteiro enfrenta uma crise de proporções ainda incalculáveis.

Manter um prova da proporção do Enem diante da crise na saúde, política e economia atual é uma atitude cruel especialmente com os mais vulneráveis socioeconomicamente. Como se preparar para uma prova quando a maior preocupação das famílias brasileiras é se manter saudável ou até mesmo colocar comida na mesa?

A ADUR-RJ se posicionou sobre o assunto na qual afirma que “é injusto e cruel a manutenção do cronograma da avaliação”. A nota denuncia, ainda, o discurso político do atual governo e afirma: “Em sua crueza, revela demais a essência do projeto, explicita o que muitos prefeririam que permanecesse velado, mesmo para si próprios”. A nota está disponível neste link.

O Tribunal de Contas da União (TCU) já emitiu um parecer técnico recomendando o adiamento do Enem e agora o INEP precisa se manifestar sobre o cronograma. Tempos de crise exigem medidas extraordinárias. Adiar o Enem é o mínimo que o governo pode fazer para tentar minimizar as consequências da crise no cotidiano de estudantes de todo o país.

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