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Coronavírus no Brasil: avanço do número de infectados e mortos, manifestações contra o isolamento e instabilidades no governo Bolsonaro com a saída de Mandetta e Moro

  • Foto do escritor: ADUR
    ADUR
  • 29 de abr. de 2020
  • 4 min de leitura

A semana no país foi marcada por grandes tensões políticas no governo Bolsonaro em meio à pandemia do novo coronavírus. Diante de um cenário em que a Covid-19 já atingiu mais de 2,5 milhões de pessoas e matou quase 200 mil no mundo todo, o Brasil segue sendo um dos países com a gestão mais caótica no gerenciamento da crise. Com 474 mortes no dia 28 de abril, o país bateu recorde de mortes em um mesmo dia.O total de mortes já supera o da China, com 5071 óbitos devido à Covid-19.O número de infectados é de 73.511 casos confirmados. Os dados são das secretarias estaduais de Saúde na manhã do dia 29 de abril. O governo do Brasil se equipara ao de países como Bielorússia, Turcomenistão e Nicarágua, cujos líderes governamentais ignoram a crise sanitária e contrariam as medidas de isolamento social recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, apesar da pandemia de Covid-19 não estar controlada. Além disso, há o acirramento da crise interna entre Planalto, Congresso e Supremo. No dia 19 de abril, o presidente Jair Bolsonaro participou de uma manifestação, em Brasília, que defendia o fim do isolamento social, e outras bandeiras como intervenção militar, fechamento do Congresso, do STF e um novo AI-5, o ato institucional mais violento e repressivo da ditadura militar brasileira. O presidente incitou os manifestantes com palavras de ordem e apoio. “Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil”, gritou o presidente à multidão. A Procuradoria-Geral da República solicitou ao STF a abertura de um inquérito de investigação sobre as manifestações violarem a Lei de Segurança Nacional (LSN). O STF autorizou a investigação dos protestos e caso sejam encontrados indícios de que Bolsonaro ajudou a organizar as manifestações, ele pode se tornar alvo do inquérito. Enquanto isso, a Covid-19 continua impactando a economia brasileira e no dia 22 de abril, o Governo Federal pagou o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso a mais 5 milhões de pessoas. A segunda parcela dos R$ 600 começou a ser paga no dia seguinte (23).   Fim do conflito Bolsonaro x Mandetta O então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Bolsonaro estavam travando conflitos públicos durante semanas devido ao desalinhamento de discurso entre ambos. Enquanto Mandetta defendia o isolamento horizontal, o presidente continuava negando os impactos do que ele chama de e propondo o isolamento vertical como solução. A crise dentro do Ministério da Saúde tornou-se insustentável após Mandetta perder o apoio por parte do núcleo militar do Governo Federal e Bolsonaro demitiu Mandetta no dia 16 de abril. O novo ministro da Saúde escolhido por Bolsonaro foi o oncologista Nelson Teich, de histórico profissional apenas na saúde privada. O autodefinido “novato na política” teve sua primeira reunião com os governadores na no dia 21 de abril. O novo ministro evitou comentar a questão do isolamento vertical. No entanto, Teich já defendeu o isolamento social em artigos e pelo que mostrou até agora, tem um discurso técnico alinhado à defesa da integração entre os ministérios para mapear soluções e a colaboração dos estados e municípios nas medidas de combate ao coronavírus. No início da semana, Teich fez um pronunciamento afirmando que o Ministério da saúde aumentará para 46 milhões a quantidade de testes de Covid-19 a serem aplicados na população. De acordo com o novo ministro, o objetivo é permitir um entendimento melhor do que está acontecendo na sociedade para tomar as decisões de forma segura e organizada.   Demissão de Moro e exoneração do diretor-geral da PF Na manhã do dia 24 de abril, o então Ministro do Justiça, ex-juiz federal Sérgio Moro, anunciou seu pedido de demissão do cargo. A declaração veio depois que o presidente Jair Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Segundo Moro, com essa ação, o presidente estaria interferindo politicamente na PF sem apresentar nenhuma causa plausível. Além disso, o agora ex-ministro Moro relatou uma conversa com Bolsonaro no dia 23 de abril, a respeito da demissão do diretor Valeixo. O presidente teria deixado claro que sua intenção era, de fato, interferir politicamente no órgão. Na coletiva de imprensa desta manhã, Sérgio Moro disse que: “Houve insistência nessa troca. Falei que seria interferência política, e ele disse que seria mesmo”. Vale lembrar que a PF apresentava suspeita do envolvimento dos filhos do presidente, Carlos e Eduardo Bolsonaro, no comando de uma rede de fake news, disseminadas nas redes sociais, contra o Supremo Tribunal Federal. O decreto assinado pelo próprio presidente afirmava que a demissão do diretor  da PF ocorria “a pedido” de Moro. No entanto, o ex-ministro disse que foi pego de surpresa e que não houve pedido algum. No pronunciamento, que durou cerca de 40 minutos, Moro também disse que não assinou nenhuma demissão e que não esperava que ela fosse feita na sexta. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro fez uma coletiva, na qual havia prometido “restabelecer a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo e do Sr Sérgio Moro”. O nome anunciado para ocupar o cargo de ministro da justiça foi o de André Mendonça, um profissional de carreira da Advocacia-Geral da União há 20 anos que, nas palavras o presidente, é “terrivelmente evangélico”. Já para a chefia da Polícia Federal, foi indicado o delegado federal e amigo da família Bolsonaro, Alexandre Ramagem Rodrigues. No entanto, o ministro do STF, Alexandre Moraes aceitou ação apresentada pelo PDT, que aponta a nomeação de Ramagem como interferência política de Jair Bolsonaro na PF e suspendeu a nomeação.

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