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Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha - Adilbênia Machado

  • Foto do escritor: ADUR
    ADUR
  • 29 de jul. de 2022
  • 2 min de leitura

Eu sou a professora Adilbênia Freire Machado, acabei de chegar na Rural, no Instituto Multidisciplinar, sou graduada em Filosofia, tenho mestrado e doutorado em Educação e pesquiso, desde a graduação, as filosofias africanas. Sou uma mulher negra de pele clara, nordestina, cearense. Nasci no interior, na zona rural, então, estudar, para mim, era a possibilidade que eu tinha de conhecer outros mundos, de viajar por meio dos livros. Eu me apaixonei pela filosofia ao ouvir uma frase mais ou menos assim: "quando você muda muito de opinião é sinal que você pensa". Mas entrei em um processo de adoecimento quando cheguei na graduação. Lá, a história contada é uma história única, a história do pensamento ocidental, onde grande parte das vozes falantes são homens brancos que dizem que os povos africanos, os povos negros, são incapazes de produzir filosofia, de racionalizar e, portanto, de filosofar. E as mulheres também, porque "somos seres da emoção". Então, vivi por muito tempo um processo de adoecimento, onde eu não me via enquanto mulher negra, enquanto sertaneja, enquanto alguém que morava na periferia. Aquela filosofia que, a princípio, era amor à sabedoria, ao conhecimento, hoje eu costumo dizer que ela é um tanto quanto tóxica. Porque é uma sabedoria que exclui outros saberes, é hierárquica e excludente. Já na graduação, eu decidi pesquisar as filosofias africanas, comecei a estudar um pouco sobre filosofia latino-americana, tendo em vista que somos pessoas latino-americanas, e aí começou o meu processo de cura. As filosofias africanas me  encantam, são filosofias que estão muito implicadas nas nossas resistências, nas nossas escrevivências, como nos ensina Conceição Evaristo, que não tem uma formação em acadêmica em filosofia, mas que eu tenho entendido que é uma das grandes filósofas contemporâneas que nós temos. Então as filosofias africanas são filosofias que se pensam desde uma pluralidade, uma diversidade, pensando a cultura como a linha da grande teia que tece a nossa existência. Então não foi fácil, há muitos episódios de assédios. Enquanto mulher, eu perdi muitas oportunidades por dizer não e isso acaba nos entristecendo bastante. Mas eu tenho dito que não é fácil, mas não é impossível. Então eu acho que a gente tem que saber muito o que a gente quer, ter convicção disso, encantar-se pelo nosso estar no mundo, e assim ter a nossa profissão, as nossas pesquisas como movimento de fortalecimento desse nosso estar no mundo para que a gente possa suportar, driblar e, enfim, ultrapassar as muitas barreiras. Essa data é muito importante, dia 25 de julho! Que a gente tenha força para resistir sempre! Axé!

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