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Idultos, generais e a democracia em vertigem

  • Foto do escritor: ADUR
    ADUR
  • 29 de abr. de 2022
  • 4 min de leitura

29 de abril de 2022 Imprensa da ADUR-RJ   Embora o povo passe fome, quem anda bem alimentada é a base bolsonarista, que após a desistência do juiz Sergio Moro (e o fracasso internacional de suas decisões no processo contra o ex-presidente Lula em instâncias da ONU), ganhou corpo e está embalada pelas recentes pesquisas de intenção de voto, que apontam que Jair Bolsonaro está cada vez mais próximo do candidato do PT. E como se sabe, se há algo que trumpistas e bolsonaristas têm em comum, é o tamanho do armário em que se escondem seus eleitores. Em pleno ano eleitoral, Bolsonaro dá os sinais de como será a sua campanha até outubro, quando acontece o pleito. Para manter sua base mobilizada, é certeza que ele apostará nos embates com os entes republicanos, em sua gestão ao longo da pandemia, em suas alianças sectárias (bancada da bala, do boi e da bíblia) com o centrão (costuradas com orçamento secreto), e principalmente em uma violenta profusão de fake news. No âmbito da Covid-19 que deixou mais de 600 mil mortos no Brasil, o país parece fazer uma confusão entre o papel histórico desempenhado pelo SUS e a gestão presidencial. Não há surpresa nisso, pois o bolsonarismo é um movimento que, desde o seu início, foi incapaz de separar o que é Estado e governo, ou SUS e Pazuello. Dependesse do presidente e suas declarações, brasileiros teriam índices de vacinação semelhantes aos dos europeus e, dadas as nossas condições socioeconômicas, mais algumas milhares de mortes. Foi o SUS, afinal, que tocou a maior campanha de vacinação pública da América Latina contra a vontade do presidente. A população brasileira tem os maiores índices de vacinação do mundo porque a saúde pública, hoje SUS, historicamente, luta há anos pela sua independência acadêmica, promovendo em meio a todas as dificuldades, um sistema sanitário que deu inveja aos primos ricos do norte e suas privatizações. Bolsonaro tentará associar este sucesso a sua imagem, e provavelmente já está conseguindo, mesmo entre as elites, e apesar dos quatro ministros que passaram pela pasta DURANTE a pandemia. O Brasil tem 80% da população com duas doses de vacina de braço, e os índices de aprovação presidencial atestam que muita gente acredita que o bolsonarismo é também responsável por isso. Jair Bolsonaro também está convencido de que sua gestão ao longo da Covid-19 foi um sucesso. No dia 22 deste mês, emitiu um decreto e declarou o fim da pandemia. A estratégia era claramente dizer ao seu eleitor que o coronavírus estava vencido, e ele, o Messias, no cercadinho da Alvorada, entre os seus, declarou que o Brasil havia vencido a Covid, e que se não fosse ele, hoje não teríamos uma economia. Essa é outra estratégia que o presidente abusará ao longo de sua campanha: a economia. O Brasil passa fome, a inflação bate na casa de dois dígitos, o desemprego é imenso e a informalidade, apavorante. Ainda assim, a cadeia de empregos do país é estruturada por pequenos e microempresários: eles respondem por 60% dos quase 100 milhões de empregos existentes. Jair Bolsonaro, ao tratar de economia, só prioriza setores do mercado financeiro e banqueiros (segmento social que parece mais próximo à sua candidatura) e deixa de lado pequenos e microempresários que perderam tudo ao longo da pandemia. O uso da máquina pública como catalisador de votos será amplamente utilizado pelo presidente. Ele já prometeu reajuste aos servidores que compõem o seu eleitorado; expandiu o valor do Auxílio Brasil; cancelou as reformas de Paulo Guedes (para o ano de 2022); venceu o embate com o STF sobre o orçamento secreto, que vigora firme; trocou de partido apenas por causa de tempo de televisão; e segue com uma política de dólar alto, beneficiando o agronegócio e a financeirização do mercado. Não obstante, e talvez no uso mais arbitrário da máquina pública e fundamental em sua estratégia, aparelhou as Forças Armadas do país em seu governo. Ao fazer isso, ele não apenas embriaga os militares com o poder que emana de Brasília, mas também os sequestra para dentro de suas ambições mais autoritárias, como vimos nos atos de sete de setembro de 2021. Há, no bolsonarismo chamado “raiz”, um profundo desprezo pelas instituições republicanas e pela democracia. É para este eleitorado que o presidente acenou quando deu o indulto ao condenado Daniel Silveira, um deputado conhecido pelo seu histórico de ataque à memória de Marielle Franco e da democracia bem como ao sistema eleitoral, e à República de um modo geral. O Exército brasileiro, embora não seja de sua competência, falou sobre o episódio, enaltecendo, na figura do general Augusto Heleno, a decisão do presidente. Manuel Domingos Neto escreveu, sobre o assunto, que “quem ofende as Corporações militares brasileiras são seus comandantes que, dilapidando recursos públicos, descuidam da defesa nacional, perdidos entre papéis incompatíveis. Duzentos anos após a Independência, os comandantes ainda não resolveram o que pretendem ser na vida, se militares, políticos, policiais ou administradores públicos. Sugestão aos generais: recolham-se, aguardem as determinações do comandante supremo que será definido nas urnas. Enquanto isso, reflitam sobre o seu fracasso em dotar o país de autonomia básica em armas e equipamentos para encarar o estrangeiro que não desiste de levar nossas riquezas e se beneficiar com nosso suor”. A ADURJ repudia os recentes atos do presidente brasileiro, denunciando o uso da máquina pública e das instituições de Estado por Jair Bolsonaro em pleno ano eleitoral. Diante de um Congresso inapto e inerte com os abusos do presidente brasileiro, resta a sociedade civil se organizar e ficar alerta! Temos que denunciar e seguir na construção de um movimento popular e progressista para derrotarmos Bolsonaro e o bolsonarismo nas ruas e nas urnas. Por isso, convocamos a população para participar do 1° de maio, na praia do Flamengo (aterro). Vamos todos em defesa da democracia, do emprego e da vida!!!    

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