Nota da diretoria da ADUR-RJ sobre a demissão de Abraham Weintraub
- ADUR

- 20 de jun. de 2020
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No dia 19 de junho de 2020, recebemos a notícia da demissão de Abraham Weintraub do cargo de Ministro da Educação. A demissão, ocorrida quatorze meses após a posse, muito tardiamente oferece algum alento (ainda que provavelmente temporário) a nós: despedimo-nos de mais um ministro do desgoverno de Bolsonaro.
Nesse curta gestão, que nos pareceu uma eternidade, o Sr. Abraham Weintraub, completamente desqualificado para a função, praticou inúmeros ataques à educação brasileira. Em lugar de implementar políticas públicas sérias para a solução das urgentes demandas educacionais de nosso país, o ex-ministro se dedicou a promover uma cruzada ideológica obscurantista contra as universidades públicas e contra valores humanistas aparentemente consolidados em nossa sociedade. Tratou de difamar as instituições de ensino superior que nosso povo orgulhosamente construiu. Caluniou, de forma gravíssima e constante, o espaço de produção de conhecimento científico, que deveria defender e gerir com responsabilidade.
A falácia da “opção” de investir na Educação Básica e não no Ensino Superior, ficou absolutamente manifesta e transparente. Além de atacar constantemente a universidade pública, gratuita e de qualidade, tampouco a educação básica ficou livre de sua influência nefasta. O cenário deletério de desmonte da educação pública em todos os seus níveis ficou exposto: as polêmicas relativas ao ENEM, as Reformas do Ensino Médio e Base Nacional Comum Curricular; além dos inúmeros ataques tanto às políticas de financiamento público da universidade, quanto de democratização de acesso e permanência no ensino superior.
Já no fim, lançou mais uma tentativa de golpe contra as prerrogativas de autonomia das Universidades, com a inaceitável Medida Provisória que lhe dava poderes irrestritos na nomeação de Reitores, prontamente rechaçada pelo Congresso Nacional. Mesmo assim, no momento derradeiro de saída, ainda nos deixou o presente da revogação da política afirmativa de cotas para o ensino de pós-graduação.
Sua saída é uma vitória da Educação Brasileira - ainda que temporária. Justamente por isso, é preciso que permaneçamos mobilizados. Em que pese a desqualificação ímpar do ex-ministro, nada nos faz acreditar que sua pauta ideológica extremista fosse apenas uma idiossincrasia peculiar. Pelo contrário, é certamente uma política de governo, dirigida contra o universo do pensamento, do qual as Universidades são grandes instrumentos.
Permaneceremos alertas e na resistência: não podemos aceitar que a saída do ex-ministro represente apenas sua substituição por um similar, apenas menos primitivo gramaticalmente.
A luta contra o obscurantismo, político, social, cultural, não pode ter trégua.
Seropédica, 20 de junho de 2020.
Diretoria da ADUR-RJ Resitência e Luta na Pluralidade (Biênio 2019-2021)


