Nota da Diretoria da ADUR-RJ sobre a PEC de Guerra
- ADUR

- 8 de mai. de 2020
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Seropédica, 08 de maio de 2020.
Companheiro(a)s
Estamos diante de um momento dos mais difíceis em nossa história recente. Não guerreamos com armas e munição, mas por meio de isolamento social. E guerreamos por nos manter vivos e com saúde; guerreamos para evitar superlotação dos hospitais, guerreamos pelo coletivo, para evitar que os profissionais da saúde, nosso front nesta guerra, tenham que se defrontar todo o tempo com a indagação: “quem eu decido manter ou colocar no respirador?”. Diferente da guerra com armas e munições, esta guerra que estamos travando por nossa vida e nossa boa saúde não gera renda. Pelo contrário: as estimativas de queda do PIB global, pelo FMI, chegam a 3% e anunciam uma recuperação econômica lenta, que dependerá diretamente do escopo e intensidade das políticas fiscais (sobretudo) adotadas pelos países que estão travando essa guerra.
Neste momento, de guerra pela vida e por nossa saúde, temos que nos antever em uma situação que reflete a mesquinhez do capitalismo: prejuízo econômico-financeiro. Além dos profissionais de saúde, que estão no front, um outro grupo de profissionais está sendo pressionado e colapsado pela exigência de manter aulas online, muitas vezes sem preparo, sem infraestrutura e sem apoio. São os profissionais da educação. Profissionais que formam a sociedade, que educam, que constroem o conhecimento e o compartilham. Acostumados a lutar por seus direitos de carreira, a lutar por uma educação de qualidade, justa e inclusiva, na guerra que estamos travando, estão encurralados pelo dilema posto pela mesquinhez dos tempos: “Você precisa seguir lecionando para receber o seu salário e seus alunos não perderem o semestre”. Esquecem-se das imensas dificuldades que alunos e professores – e também os pais – enfrentam neste processo. Milhares de alunos da rede pública não possuem as mínimas condições para acompanhar a educação em casa.
E não bastasse esse dilema e os tempos de guerra, os profissionais da educação – servidores públicos, neste caso, estão entre aqueles que enfrentam mais dificuldades pelo corte nos investimentos em educação e a estrutura precária. E estão sendo ameaçados constantemente: primeiro, corte de salários; agora, congelamento de salários. Enfatizemos que aqui não se trata nem mesmo da simples suspensão de aumentos salariais. Trata-se da supressão de direitos estabelecidos nas carreiras, como reconhecimentos de titulação e progressões funcionais por mérito!
Por isso, incluir os profissionais da educação no texto da PEC do ‘orçamento de guerra’ junto a outros servidores que não terão seus salários congelados é um exercício de humanidade. É uma retratação pelos inúmeros ataques aos quais a educação pública tem sido submetida com maior intensidade desde 2016. É um clarão que se abre para esses tempos tão difíceis que estamos vivenciando, a grande vitória da última quarta-feira no senado alcançada por meio do diálogo entre as organizações dos trabalhadores e os senadores.
Diretoria da ADUR-RJ
Resistência e Luta na Pluralidade
(Biênio 2019-2021)



