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Nota de Repúdio da Diretoria da ADUR-RJ ao pronunciamento do Presidente da República no dia 24 de março

  • Foto do escritor: ADUR
    ADUR
  • 25 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

Seropedica, 25 de março de 2020.

Companheiro(a)s  

No dia 24 de março o Presidente da República realizou um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão minimizando a importância das medidas de saúde tomadas em virtude da Covid-19, bem como a gravidade da pandemia. Contrariando as orientações dos especialistas, as determinações das demais autoridades públicas e mundiais, e o entendimento de seu próprio Ministério da Saúde, recomendou que a população que não se preocupasse excessivamente com a doença. Defendeu o ‘fim do confinamento’, interpretando-o como medida exagerada e desnecessária. A Diretoria da ADUR-RJ deplora os termos do pronunciamento, entendendo-a como uma afronta ao conhecimento até então acumulado sobre a pandemia.

O momento é de extrema gravidade. A crise sanitária se espalha pelo mundo. Vários países e suas lideranças buscam as estratégias de defesa e adotam medidas extraordinárias na busca pela contenção da disseminação do vírus. A Espanha, por exemplo, anunciou a estatização dos hospitais privados enquanto durar a pandemia. Não é o caso do Brasil, em que o governo implementa uma política de desmonte de serviços púbicos, com cortes inclusive nas áreas de produção científica, que podem significar a possibilidade de soluções técnicas para o problema; em que o Presidente vem a público questionar as recomendações para que a população procure ao máximo permanecer em suas casas, buscando evitar a explosão do número de casos da doença e o consequente colapso dos sistemas de saúde público e privado do país. Em que, valendo-se desta gravíssima conjuntura, atenta contra a liberdade de informação e a transparência administrativa, suspendendo os prazos da Lei de Acesso à Informação através da MP de n°928.

O Presidente parece radicalizar seu discurso na busca pela manutenção do pouco apoio político que lhe restou, apenas entre seus próprios seguidores. Para isto, ignora o drama vivenciado por outras nações, desafia os conselhos de especialistas, procura combater medidas preventivas adotadas pelos Estados e Municípios e, sobretudo, minimiza a relevância das inúmeras mortes que certamente ocorrerão, caso essas medidas não sejam rigorosamente adotadas. Suas declarações são repletas de teorias conspiratórias que procuram recriar a imagem utilizada na eleição: a de um elemento não pertencente ao sistema político, que junto com seu Ministro da Justiça, combate os privilégios de políticos e empresas corruptos. Revelando traços de paranoia e cada vez mais solitário, o Presidente parece acreditar que a pandemia é, na verdade, um complô desse sistema, formado pela mídia, por comunistas chineses e ateus, para derrubá-lo.

Com sua minimização pragmática da importância das vidas humanas, o Presidente se confirma menos como um “outsider” do sistema político e mais como um alienado dos princípios civilizatórios que deveriam reger a humanidade. Este comportamento insano já está custando muito caro ao nosso país. Numa crise em que o tempo de reação das autoridades públicas é determinante para preservação de milhares de vidas, as autoridades federais entram em confrontos inaceitáveis com lideranças estaduais e municipais. Isto impede que o Brasil consiga planejar uma estratégia nacional centralizada de combate ao vírus.

É urgente que este estado beligerante termine. Para isso, a opção do afastamento do Presidente não pode ser descartada. Todos os movimentos progressistas do país; partidos, coletivos, sindicatos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil devem se mobilizar para que as medidas corretas sejam tomadas. A tergiversação em nenhum momento custou tão caro como agora. Estamos falando de vidas. Bolsonaro não tem mais condições de ocupar a Presidência da República de nosso país.

Em defesa do SUS!!
Transparência Já!!
Ditadura nunca mais!!
Em defesa da educação pública e gratuita;
Pela recomposição do orçamento da Ciência e Tecnologia Públicas e da CAPES e CNPQ;
Para barrar os sucessivos ataques aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários das trabalhadoras e trabalhadores;
Pela revogação da EC 95.

Diretoria da ADUR-RJ

Resistência e Luta na Pluralidade

(Biênio 2019-2020)

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