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Semana do Orgulho LGBTQIA+ na ADUR - Jonas Alves

  • Foto do escritor: ADUR
    ADUR
  • 28 de jun. de 2022
  • 3 min de leitura

🏳️‍🌈 28 de junho é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data remonta o ano de 1969, em Nova York, quando a bar Stonewall Inn, voltado à comunidade LGBTQIA+, foi alvo da polícia. A população reagiu e manifestações contra a perseguição policial e a discriminação contra a população LGBTQIA+ mobilizaram milhares de pessoas nos cinco dias seguidos. Desde então, o Dia do Orgulho marca a luta da comunidade por reconhecimento, direitos, e respeito à diversidade e o combate à toda forma de discriminação. ✊🏼Neste sentido, a ADUR traz, ao longo desta semana, relatos de professores da UFRRJ sobre a experiência, na academia, enquanto pessoas LGBTQIA+. 🗣️💬 O primeiro relato é de Jonas Alves, docente do Departamento de Educação e Sociedade (DES) e Pró-reitora Adjunta de de Assuntos Estudantis da UFRRJ. Jonas é uma pessoa não-binária e avisa: "Somos muitos, muitas e muites. Somos diversificades e estamos em todos os lugares". O relato completo de Jonas:

“Quem me vê assim cantando não sabe nada de mim. Dentro de mim mora um anjo, que tem as unhas pintadas, tem a boca pintada, que tem as asas pintadas, que passa horas a fio no espelho do toucador”. Esse verso é da Sueli Costa e explicita o quão complexos e multifacetados nós somos. Me chamo Jonas Alves, sou docente da Rural do Campus de Nova Iguaçu e atualmente estou Pró-reitora de Assuntos Estudantis. Sou negra, oriunda da periferia de SP e me considero uma pessoa não binária.De forma mais sistemática, minha atuação no campo dos estudos de gênero começou em 2006, quando estas questões ainda engatinhavam nas universidades brasileiras. Eram poucos os pesquisadores e pesquisadoras, da mesma forma, que eram raros os docentes e as docentes que se dedicavam aos estudos e debates desta temática.De lá para cá muita coisa mudou. Terminei o meu doutorado em 2010, quando já era docente em uma universidade federal. Na Rural, entrei em 2012, numa época em que os ventos pró-diversidade e pró-direitos humanos sopravam fortes nos corredores da academia. Por conta disso, pude desenvolver pesquisas, projetos, orientar trabalhos e introduzir temas como violência de gênero, sexualidade na infância, LGBTIfobia, dentre outros assuntos nas minhas aulas. Reconheço que sou um dos poucos docentes abertamente, assumidamente, LGBT da Rural. Mas isso de forma alguma foi um entrave para desenvolver o meu trabalho ou para fazer alianças. Normalmente sou tratada de forma bastante carinhosa e respeitosa tanto por colegas de trabalho como por estudantes.Mas é claro que o preconceito e a discriminação existem. Mas como estamos na universidade, o patriarcado e o racismo garantem que tais violências sejam introjetadas com estratégias cada vez mais sofisticadas. A Rural não é um conto de fadas, eu sei disso. Da mesma forma que o Brasil também não é. Mas a essas pessoas que teimam em nos invisibilizar, em nos jogar de volta para dentro do armário, eu tenho um recado: eu sou feliz! Sinto orgulho do que sou, do que construí e do que tenho construído com os meus pares.As universidades precisam avançar muito nas temáticas dos direitos humanos. Estamos em um momento em que só mencionar o respeito à diversidade em artigos científicos, em palestras, e em campanhas eleitorais é muito pouco. Não existe o pink money? Pois bem, no campo acadêmico eu chamo de pink paper. Porque não adianta só dizer palavras bonitas em prol de gays, lésbicas, intersexos e travestis nos artigos, nos papers, nos eventos científicos, mas no dia a dia, na prática pedagógica e na política universitária serem omissos, ou pior, serem operados pela lógica binária e sexista.Somos muitos, muitas e muites. Somos diversificades e estamos em todos os lugares, inclusive na Pró-reitoria de Assuntos Estudantis. Queremos visibilidade, respeito e dignidade. Sabe por quê? Porque orgulho nós já temos.“Quem me vê assim cantando não sabe nada de mim. Dentro de mim mora um anjo que arrasta as suas medalhas e que batuca pandeiro, que me prendeu em seus braços, mas que é o meu prisioneiro. Acho que é colombina, acho que é bailarina, acho que é brasileiro”. Versos da Sueli Costa e assim termino esse meu relato.

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